“Quando ouço falar em cultura, saco logo meu revólver”
Joseph Goebbels, ministro hitlerista
A Universidade pública, a educação e a cultura continuam na mira do obscurantismo.
A famigerada CPI da Assembleia estadual instalada para apurar “supostas irregularidades nas universidades estaduais paulistas” concluiu-se sem apresentar nada que justificasse a sua instalação.
Em Brasília, a grotesca figura do ministro “da educação” conseguiu surpreender até os seus admiradores ao declarar que as universidades federais “têm extensas plantações de maconha” e “seus laboratórios químicos produzem drogas sintéticas”.
A associação que reúne os reitores das federais ameaça um processo judicial para obrigá-lo a provar a acusação ou retratar-se publicamente.
Quanto à CPI, ela serviu para mostrar que os controles internos com o dinheiro público já são rigorosos, mas também para confirmar, como reconheceu o Reitor da USP, Vahan Agopyan, que as universidades precisam melhorar sua comunicação com os deputados e com a sociedade em geral.
Mas esse alento não muda o fato de que o teto salarial dos professores das estaduais, que são responsáveis por mais de 40% da produção científica do país, continua mais de 12 mil reais abaixo do teto federal.
Como as escolas privadas não tem teto, já se verifica uma preocupante fuga de cérebros e talentos para escolas como FGV, Insper e outras.
O caricato, mas ativo, personagem que responde pelo ministério conseguiu ainda chamar de “égua sarnenta” a mãe de um internauta e deixar claro seu desgosto com a proclamação da República.
Parece que também nisso está afinado com o chefe da famiglia que confessou que preferiria ter o fake “príncipe” de Orleans e Bragança como vice-presidente, ao mesmo tempo em que lançava seu personal partido, com um logotipo composto por cartuchos de armas de fogo.
Na Alemanha nazista popularizou-se a frase “quando ouço falar de cultura saco logo meu revólver”.
Serve perfeitamente de subtítulo a este capítulo degradante da história de um país que é lindo por sua natureza, generoso por seu povo e ferozmente predatório por suas elites.
sobre o autor
Carlos A. Ferreira Martins é professor titular do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos.