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drops ISSN 2175-6716

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Paulo Ormindo de Azevedo, arquiteto baiano, homenageia dois intelectuais importantes do seus Estado – João Carlos Teixeira Gomes, o Joca, e Luis Henrique Dias Tavares – recentemente falecidos.

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AZEVEDO, Paulo Ormindo de. Joca, Luis Henrique e a cultura baiana. A morte de dois veteranos na luta pela democracia. Drops, São Paulo, ano 20, n. 153.09, Vitruvius, jun. 2020 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/20.153/7797>.


João Carlos Teixeira Gomes (Salvador, 9 de março de 1936 – Salvador, 18 de junho de 2020) e Luis Henrique Dias Tavares (Nazaré, 25 de janeiro de 1926 — Salvador, 22 de junho de 2020)
Fotos divulgação


Em menos de uma semana a Bahia perdeu dois de seus mais importantes intelectuais: Joca e Luis Henrique. João Carlos Teixeira Gomes, o Joca, era poeta, ficcionista, ensaísta, jornalista e professor, um dos mais atuantes membros da Geração Mapa, que já havia sofrido as perdas de Glauber Rocha e Calazans Neto. Luis Henrique Dias Tavares era um grande historiador, contista, jornalista, cronista e professor. Seu livro História da Bahia já está na 11a edição. O que tinham em comuns essas duas figuras excepcionais, além de serem escritores, jornalista e professores universitários?

O fato de terem lutado pelo reestabelecimento da democracia no país durante os anos de chumbo. Além de exaustivas audiências que os dois foram submetidos, Luis Henrique esteve preso durante dois meses pelo fado de sendo Diretor do Departamento de Ensino Superior e Cultura da Secretário de Educação não querer censurar quadros da II Bienal da Bahia. O Secretario, Luiz Navarro de Brito, só não foi preso porque o governador Luiz Viana Filho pediu a interferência do amigo Castelo Branco. Joca não se acovardou e manteve, como redator chefe e editoralista do Jornal da Bahia, dura batalha, durante anos, com Antônio Carlos Maglhães, o que lhe valeu o apelido de Pena de Aço. Seu livro Memórias das trevas é um clássico da resistência democrática.

Muitos artistas baianos foram presos, como Juarez Paraíso, Renato da Silveira e Sérgio Passarinho. Outros foram perseguidos, como Chico Liberato, ou tiveram que se exilar, como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tudo isso com base no AI-5, que fechou o Congresso e extinguiu o habeas corpus e que Carlos Bolsonaro e Paulo Guedes pedem para ser reeditado.

Não estamos vivendo uma ditadura, mas a cultura voltou a ser discriminada. A nova diretora da Fundação Casa de Ruy Barbosa, que guarda o acervo dos principais escritores brasileiros, demitiu a diretora executiva da casa, com 26 anos de experiência, e cinco chefes de pesquisa, que eram as “almas” da instituição. O Iphan está sendo dirigida por uma técnica em turismo. A Biblioteca Nacional e a Cinemateca estão sem recursos para preservar seus acervos e com os funcionários com salários atrasados. Depois de ser rebaixa do status de ministério para uma secretaria subalterna do Turismo, a Secretaria de Cultura já está com seu sétimo titular, em um ano e meio de governo. Com a pandemia, os artistas, que não podem se apresentar em público, mas fazem lives gratuitos, estão passando enormes dificuldades.

Isto ocorre não só no plano federal. Os museus e o arquivo do Estado estão à míngua e não custaria nada às nossas autoridades, que gastam fortunas com propaganda, publicar uma nota de pesar pela morte de dois dos mais importantes representantes da cultura baiana.

nota

NE – Publicação original: AZEVEDO Paulo Ormindo de. Joca, Luis Henrique e a cultura baiana. A Tarde, Salvador, 28 jun. 2020.

sobre o autor

Paulo Ormindo de Azevedo é arquiteto, com doutorado em restauração de monumentos e locais pela Universidade de Roma, “La Sapienza”, e professor titular da Universidade Federal da Bahia, Brasil. É autor de projetos, livros e artigos sobre arquitetura e urbanismo.

 

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153.09 homenagem
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