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drops ISSN 2175-6716

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Fredy Massad comenta a obra dos arquitetos Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal, vencedores do Prêmio Pritzker de 2021.

español
Fredy Massad comenta el trabajo de los arquitectos Anne Lacaton y Jean-Philippe Vassal, ganadores del Premio Pritzker 2021.

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MASSAD, Fredy. Lacaton & Vassal: estrategias para o real. Pritzker Prize 2021. Drops, São Paulo, ano 21, n. 162.03, Vitruvius, mar. 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/21.162/8041>.



Anne Lacaton (1955) e Jean-Philippe Vassal (1954) são los arquitetos agraciados com o Prêmio Pritzker este ano. Um reconhecimento a uma trajetória iniciada em 1987 e que tem se distinguido por uma atitude constantemente sóbria e coerente, que jamais se distanciou de suas preocupações fundamentais: a busca de formas adequadas de reação e resposta às urgências sociais e às questões ecológicas. Valores que embora hoje ressoem quase que unanimemente no discurso arquitetônico (às vezes, banalmente em boca de recém convertidos e novatos na busca de relevância mediática), foram desde o princípio essenciais para a definição ética e estética do trabalho de Lacaton & Vassal, que muito cedo compreenderam que o conceito de “sustentabilidade” se funda em alcançar um verdadeiro equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental.

Continuadores do legado da modernidade, “através de suas ideias, sua abordagem da profissão e os edifícios que delas resultaram tem demostrado que é possível levar a cabo um compromisso com uma arquitetura reparadora, que seja simultaneamente tecnológica, inovadora e ecologicamente sensível, sem incorrer na nostalgia”.

Formados na Escola Nacional Superior de Arquitetura e Paisagem de Bordeaux, cada um de seus projetos parte de um processo de observação e análise destinado a identificar valor na realidade e no já existente para, a partir disso, definir uma precisa estratégia de intervenção, como no caso da Praça Léon Aucoc (1996), onde mínimas ações – como trocar o cascalho ou tratar as árvores – aportaram no lugar um novo potencial; ou do edifício FRAC, onde a construção de um novo edifício junto a outro preexistente conseguiu outorgar a este último uma presença que até então não havia alcançado, ressignificando-o.

Seus projetos são concebidos com a ausência de apriorismos e de qualquer autoritarismo. Geraram espaços igualitários, respeitosos, totalmente antagônicos à ditadura monumentalista que dominou e domina a arquitetura de nosso tempo. O preceito que os leva a preferir transformar ao invés de demolir se expressa claramente como manifesto na magnificamente executada reabilitação da Torre Bois-le-Pêtre em Paris, projeto de Raymond Lopez e construída em 1961, onde uma estratégia de gestos precisos baseados em um uso sensível e inteligente de elementos pré-fabricados e um meticuloso planejamento técnico permitiu que seus habitantes ganhassem substancialmente em espaço e qualidade de vida. O processo ficou registrado no documentário HLM Habitations Légèrement Modifiés, de Guillaume Meigneux, onde se vê como alguns dos residentes do prédio (em sua maioria, idosos) puderam permanecer em seus lares durante as obras. Um detalhe que não é irrelevante, mas que destaca o cuidado com o que estes arquitetos se preocuparam com o individuo na hora de exercer seu trabalho. As fotografias de Philippe Ruault também dão testemunho de seu respeito pelas realidades cotidianas, uma raridade entre os arquitetos, mais propensos à artificialização e sofisticação de “usos, emoções e sentimentos”, elementos dos quais eles tentam imbuir seus espaços.

A Casa Latapie (1993), a Escola de Arquitetura de Nantes (2009), o Centro de Ciência Humana (2007), o Acervo Regional de Arte Contemporânea (2013) o Palácio de Tóquio (2014) são exemplos dessa via de rigor sensível e de pragmatismo aberta por eles.

Se o Pritzker é considerado o maior prêmio arquitetônico, Lacaton & Vassal são indubitavelmente merecedores dele: há muito são um dos melhores representantes da arquitetura europeia. Sem necessidade de recorrer a alardes de assepsia puritana, nem a falsos lirismos ou intelectualismos, constroem um imaginário humanista que se sustenta na liberdade e na crença honesta em uma arquitetura democrática. Hoje, seus princípios e atitudes constitui os fundamentos mais evidentemente necessários para o fazer arquitetônico atual; não obstante, seu posicionamento permaneceu muito tempo à margem, respeitado, mas considerado uma espécie de individualidade particular. Mas, sempre calculista, o jurado do Pritzker aguardou o momento mais adequado para conceder esse reconhecimento para, através dos laureados, enaltecer-se a si mesmo.

nota

NA – Publicação original: MASSAD, Fredy. La arquitectura igualitaria de los franceses Acaton & Vassal, premio Pritzker. ABC Cultura, Barcelona, 17 mar. 2021 <https://bit.ly/3c4yxcX>.

sobre o autor

Fredy Massad é arquiteto pela Faculdade de Arquitetura, Desenho e Planejamento Urbano da Universidade de Buenos Aires, Argentina. Professor ad honorem da Cátedra Solsona-Ledesma-Salama da Universidade de Buenos Aires desde 2009 e professor adjunto em BIArch (Barcelona Institute of Architecture). Fundou o ¿btbW/Architecture em 1996, ao lado de Alicia Guerrero Yeste, centrando seu trabalho comum na investigação e crítica da arquitetura contemporânea.

Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal
Foto Laurent Chalet [Pritzker Prize]

 

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162.03 prêmio
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