Categoria Arquitetura - Projeto
Memorial | Instituto Abelardo da Hora
O projeto nasce do encontro entre o lugar e a obra do Mestre Abelardo da Hora.
Localizado no bairro da Boa Vista, atualmente degradado em relação ao que já foi no passado, o terreno encontra-se em uma situação bastante instigadora, uma esquina, encontro da arborizada rua Bispo Cardo Ayres, com a rua Bernardo Guimarães.
A esquina é o que primeiro se vê ao se percorrer a rua em direção ao terreno, sendo assim, buscamos valorizar essa situação na implantação da edificação.
Procurando também relacionar o uso de materiais do projeto aos empregados na obra de Abelardo (com freqüência o concreto e o metal), usamos apenas dois materiais, além do vidro: O concreto e um metal, no caso o cobre. Assim, os materiais que constroem o Instituto, são uma alusão aos mesmos que servem como matéria prima ao Artista.
O programa foi então, dividido em blocos:
- o bloco das exposições, com espaços para exposições permanentes e temporárias;- o bloco do auditório e café;- o bloco das salas, englobando biblioteca, midiateca, atelier e administração;- o foyer e o terraço, interligando os outros blocos.
Quem percorre a Bispo Cardoso Ayres em direção ao Instituto se depara com um grande bloco em cobre que abriga as exposições temporárias, e que ao mesmo tempo induz o visitante ao acesso. Esse bloco, em balanço em relação ao fechamento, uma linha diagonal de vidro, é completamente cego para rua, afim de proteger o edifício do sol poente. A distorção no vértice desse prisma de cobre, marca bem a esquina e o acesso.
Abaixo dele, um espelho d’água faz a transição entre a rua Bispo Cardo Ayres e o espaço interno de exposições permanentes, de forma que ao lado da entrada, no exterior, o espelho d’água torna-se maior, e repousa sobre as águas, uma grande escultura do Mestre.
Percorrendo essa diagonal estabelecida através da esquina, o visitante chega até o foyer do instituto. Um volume em pé-direito duplo, com fechamento em vidro, que interliga os blocos de exposição e do auditório. A permeabilidade visual do vidro estabelece uma ligação entre o jardim localizado na rua Bernardo Guimarães e o jardim interno da edificação. No foyer, destacam-se a escada de acesso ao auditório, que segue a mesma linha diagonal da esquina, e a esquerda a loja, e a direita o café, que permite uma pausa para lanches enquanto se observa o jardim de esculturas.
A escada de acesso ao auditório entra espacialmente no café, dando dinamicidade ao conjunto. Ao subir a escada, chega-se ao hall do auditório, que também pode ser atingido desde o espaço de exposições, através de uma passarela que atravessa o foyer. O auditório poderá abrigar palestras, projeções, apresentações, dentre outros, num espaço para aproximadamente 105 pessoas.
Desde o foyer, entrando no espaço de exposições permanentes, o visitante se depara com a obra do Mestre Abelardo da Hora, num espaço que estabelece uma ligação com a rua, através do espelho d’água e do vidro, e que se abre para o jardim de esculturas interno. Essa ligação com o jardim, permite o uso desse espaço para a realização de eventos. O local também pode ser atingido desde o subsolo, pavimento que abriga além de garagem para 32 carros, toda a parte de manutenção e serviço.
Voltando ao espaço de exposições permanentes, o visitante pode através de elevador ou escada, atingir no pavimento superior o espaço para exposições temporárias. Um grande vão com aproximadamente 300m2 de área, que corresponde ao volume em cobre, e que permite abrigar exposições variadas. Esse espaço é totalmente fechado para a rua, mas se abre para o jardim interno, através de um terraço, permitindo a visualização de todo o conjunto.
O Jardim tem um papel fundamental no Instituto. Além de abrigar esculturas do Artista, estabelece uma conexão entre todas as partes da edificação, gerando uma interação maior entre os espaços e os visitantes.
Finalmente, ao fundo do jardim, está o bloco que abriga desde serviços, no subsolo, a biblioteca e midiateca no térreo, a atelier no primeiro pavimento e administração no segundo, de onde se observa toda a movimentação do instituto. O desenho da fachada desse bloco, permite a utilização de um espaço para projeções, quando necessário, ou para a instalação de um painel do Mestre.
O projeto busca através de uma linguagem contemporânea e dinâmica destacar a obra de um grande artista, que no auge dos seus 80 anos, continua atual.
O Instituto é não só um merecido reconhecimento à obra do Mestre Abelardo da Hora, mas também uma importantíssima oportunidade para o bairro da Boa Vista, para a cidade do Recife e para Pernambuco.