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PORTAL VITRUVIUS. 7° Prêmio Jovens Arquitetos 2005. Projetos, São Paulo, ano 05, n. 057.02, Vitruvius, set. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.057/2529>.


Categoria Arquitetura - Projeto

Vila Maria Zélia

Jorge Street foi "o proprietário idealizador da Vila Maria Zélia” ¹, batizada em homenagem a sua filha que morreu precocemente. Sabe-se que em 1912 o industrial fez um grande empréstimo junto a bancos ingleses para iniciar uma fábrica de algodão e iniciou imediatamente a construção. A vila foi inaugurada em 1916 para abrigar os dois mil e cem funcionários que trabalhavam na Companhia Nacional de Tecidos de Juta.

As edificações desta vila foram, em sua maioria, erigidas segundo o projeto do arquiteto francês Paulo Pedarrieux, formada por apenas cinco ruas, quatro travessas, 180 casas e pouco mais de 300 habitantes, a vila que “...era considerada o modelo de boa habitação operária: casas unifamiliares e "higiênicas", controle patronal e ampla gama de equipamentos coletivos, como igreja, biblioteca, teatro, creche, jardim da infância, grupo escolar, consultório médico e dentário, associação recreativa e beneficente, além de comércio, todos comandados pelo industrial."² Graças a esses diferenciais, a vila foi tombada pelo CONDEPHAAT em 18 de dezembro de 1992, porém a maioria das habitações foi descaracterizada e os edifícios de maior porte, que pertencem ao INSS, estão abandonados.

Localização

O binômio fábrica e vilas operárias foi muito bem aceito em São Paulo e se desenvolveu nos bairros periféricos ao centro, principalmente em terrenos planos e baratos ao longo das ferrovias. A Vila Maria Zélia não foge do padrão e foi construída no bairro do Belém, às margens do rio Tietê.

O conjunto urbano

A Vila Maria Zélia pode ser considerada uma cidade dentro da cidade de São Paulo, pois sua dinâmica sempre foi independente do bairro do Belém, considerando elementos que variam desde sua concepção, inspirado nas vilas operárias inglesas, passando por suas relações sociais como o "duplo mecanismo de extração da mais valia” ³ e sua auto suficiência até seu traçado urbano de malha ortogonal, isolado do resto da cidade.

O conjunto edificado era formado em sua maioria pelas residências, sempre térreas, setorizadas segundo suas dimensões e por edifícios maiores como as escolas, creches, armazéns e igreja. Apesar da variação de dimensões gabarito de altura e usos, o conjunto era bastante homogêneo e conciso.

Street vendeu a fábrica e a vila para a família Scarpa que posteriormente passou para a Goodyear que demoliu parte da vila para ampliar suas instalações. No último quartel do século passado, a vila continuou a ser mutilada pelos proprietários das casas para "modernizá-las".

Objeto de intervenção

O Grupo Escolar Maria Zélia é um conjunto muito particular, pois é formado por dois edifícios gêmeos espelhados entre si, sendo que a Escola de Meninos apresenta um grau de conservação ruim e a Escola de Meninas está em ruínas.

Programa proposto

A proposta pretende transformar os edifícios no centro da memória operária.

Escola de Meninos: ateliês / oficinas de requalificação profissional; sede da associação dos moradores da vila; café; espaço memória - ambiente reservado a uma exposição permanente sobre a Vila Maria Zélia; biblioteca; mapoteca específica sobre o operariado; salas multiuso; administração; sanitários.

Escola de Meninas: salas de exposição; auditório; restaurante; loja; áreas técnicas e de serviço; sanitários.

O projeto de intervenção

Partido Arquitetônico

Após concluirmos pesquisas históricas, documentais e levantarmos as patologias do edifício pudemos propor soluções de projeto arquitetônico para a recuperação do conjunto adequando-o ao novo programa.

Reafirmamos que objetivo principal de qualquer intervenção num bem histórico é a preservação da memória, para tal adotamos uma postura muito clara perante os edifícios. Nossa intervenção buscou suporte nas palavras de teóricos como Camilo Boito e Césare Brandi e nas diversas cartas patrimoniais. A reversibilidade e distingüibilidade de materiais foram os princípios basilares adotado para este projeto.

O prédio da Escola de Meninos apresenta um grau de conservação ruim, porém, apesar do abandono, permite a leitura de muitos elementos originais, como portas, janelas, escadas, pisos, telhas, entre outros. Uma prospecção pictórica revelou a presença de pinturas ornamentais nas paredes internas.

Diante das características deste edifício propusemos uma intervenção de restauro mais conservadora, sem abrir mão da hierarquia de valores defendida por Alois Riegl, ou seja, recuperando todas as características originais da volumetria original e algum remanejamento interno para aceitar o novo uso.

Portanto, o projeto prevê a reconstituição da construção inicial, salvo por algumas adaptações necessárias ao bom funcionamento de seu novo programa.

Já o grau de conservação do prédio da Escola de Meninas pode ser classificado como péssimo; condição esta que permitiu uma proposta de intervenção aparentemente mais radical, no entanto, ao analisarmos a proposta em detalhes é possível notar que esta pretende manter a memória coletiva.

O princípio desta intervenção é ser a mais discreta possível para não competir com as ruínas, portanto o volume proposto tem a mesma altura do prédio e não toca o solo. As novas coberturas são escondidas pela platibanda original e são separadas das paredes existentes por lâminas de vidro, as novas vigas metálicas serão introduzidas nos nichos dos antigos barrotes e os pilares metálicos existentes na área externa sustentarão a nova cobertura de vidro.

Assim pretendemos mostrar nosso respeito pela estrutura existente e chamar atenção às ruínas que são um monumento ao descaso paulistano.

¹ BLAY, Eva Alterman - Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São Paulo²BONDUKI, Nabil - Origens da habitação social no Brasil³ idem cit. ¹

ficha técnica

Projeto
Proposta para restauração do Grupo Escolar da Vila Maria Zélia e conversão no Centro da Memória Operária. – Projeto integrante da monografia apresentada como exigência de conclusão do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Patrimônio Arquitetônico: Preservação e Restauro da Universidade Cruzeiro do Sul

Localização
Rua Adilson Farias Claro s/n° Belém – São Paulo - SP

Área
4100m²

Autores
Adriana de Aguiar Medeiros e Bruno Bonesso Vitorino

source
Equipe premiada
São Paulo SP Brasil

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057.02 Prêmio
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original: português

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IAB-SP
São Paulo SP Brasil

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