Memorial
Um albergue da juventude em uma área de renovação urbana de Porto Alegre, antiga área portuária com grande potencial cultural. Esse foi o panorama com o qual nos defrontamos ao realizar esse projeto.
A área de intervenção é muito bem localizada e de fácil acesso, junto à rodoviária e ao centro da cidade; dá a vista para um parque e para o rio Guaíba.
Assim, pensamos o espaço do albergue como um edifício compacto, pois a compactação é uma solução facilitadora do controle e dos acessos de pessoas e serviços, além de ser uma solução atraente para locais de grande variação térmica. Esse foi um partido inicial utilizado para se criar um maior isolamento e controle da temperatura interna — este último alcançado por meio de uma menor superfície de contato externa, o que gera trocas menores de temperatura.
Embora contássemos com um grande terreno, essa necessidade acabou por definir um edifício em andares. Além de resguardar as áreas privativas, a opção por meios níveis serviu para que se desenvolvesse um edifício de altura e dimensões compatíveis com a principal função de um albergue: promover, por meio do espaço, o maior entrosamento possível entre os hóspedes.
O edifício é composto por dois blocos implantados paralelamente um ao outro, que encerram as principais dependências, e um átrio, onde se encontram o restaurante e a circulação vertical. Os blocos comportam as principais dependências do albergue, comuns e privativas, de acordo com a seguinte divisão: bloco com orientação norte (recepção, cozinha, restaurante e quartos) e bloco com orientação sul (convivência, sala de estar, sala de jogos, administração, lavanderia, vestiários).
Quanto à orientação, as maiores fachadas voltam-se para norte e sul, posicionando o edifício de modo a evitar ao máximo a poluição sonora advinda da rodovia-dique. Além disso, os quartos encontram-se majoritariamente na fachada norte, captando o calor no inverno (por meio de sistemas de estufas) e protegendo-se deste no verão (por meio de grandes brises horizontais). Os brises verticais na fachada sul servem de paredes refletoras da luz advinda da orientação leste, aquecendo os quartos no inverno e protegendo-os, ao mesmo tempo, dos ventos oriundos do sudoeste. Os quartos dos funcionários encontram-se na fachada oeste sobre o refeitório, em balanço. Deste modo, funcionam como um grande brise, protegendo o local onde ficam as mesas para que as pessoas possam comer ao abrigo do sol direto
O espelho d’água objetiva resguardar a parte administrativa e de serviços do albergue, deixando-a, ao mesmo tempo, em contato com o público. Além disso, permanece quase o dia todo aquecido no verão, arrefecendo os estudantes e o ar, que entra em contato para realizar posteriormente o efeito chaminé. A água contida nesse local advém parcialmente das chuvas captadas pelo telhado (que, por suas águas inclinadas, já é a própria calha), e tem como função também irrigar a vegetação local e servir de reserva para a descarga de bacias sanitárias.
Esse albergue foi concebido visando a atingir os mais altos padrões de conforto no que diz respeito à iluminação, ventilação e acústica. Além de soluções distintas no âmbito do projeto, pensou-se também em inová-lo no âmbito da construção propriamente dita, por meio de materiais originais ou mesmo de materiais tradicionais aplicados de formas não usuais. Deste modo, o PVC foi amplamente utilizado — devido à sua versatilidade, durabilidade, resistência e leveza — nas soluções de piso para a área de convivência, em todos os tubos e conexões, nas esquadrias, nos forros dos quartos e nas áreas molhadas.
ficha de projeto
Nome do Projeto
Albergue da Juventude – Edifício Bioclimático em Porto Alegre
Autores
Bruno Polastre, Cássio Vinicius Pereira, Lenita Pimentel, Renata Sandoli
Instituição de Ensino
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo / FAUUSP
Cidade
São Paulo SP
Professor Orientador
José Fernando Cremonesi