Memorial
A área do projeto está localizada dentro da Unidade Territorial Básica (UTB) 55, que abriga os perímetros de Vila Teixeira, Parque Itália, Parque Industrial e São Bernardo, do Município de Campinas. Esta região está ligada ao centro histórico de Campinas por sua proximidade física (a FEPASA, que junto com a Vila Industrial demarca um suposto limite da região central, está a aproximadamente 1km da área do projeto), mas, por estar ligada às saídas da cidade (as rodovias Anhangüera e a Santos Dummont), apresenta também uma relação com outros centros fisicamente distantes.
A proposta se baseia em um novo tipo de ocupação para os vazios urbanos em áreas centrais — não como solução para problemas causados pelo uso e ocupação indevida do solo urbano, mas como um programa capaz de atender às necessidades tanto da cidade quanto do sistema de relações que ultrapassa os limites urbanos estabelecidos. Fazendo uso de técnicas de produção agrícola sem terra, como a hidroponia e a plantação em substratos variados, pode-se levar a produção para dentro de envelopes arquitetônicos e colocá-los em lugares estratégicos, seja em regiões portuárias, áreas de escoamento ou ainda próximos aos lugares de consumo, encurtando distâncias e diminuindo o número de intermediários. Apesar de estar situado na cidade de Campinas, o projeto, ou melhor, seu programa, poderia estar localizado em qualquer lugar, tomando diferentes formas e estabelecendo outras conexões de acordo com a leitura do espaço no qual estaria inserido.
Além da produção agrícola em ambientes controlados, o programa consta de centro de pesquisa e ensino de novas técnicas de produção, áreas de lazer, comércio e mercadão, criando relações e eventos inusitados a partir de programas outrora não compatíveis.
No mesmo sentido, tem-se também uma dinâmica interna de funcionamento baseada na permacultura, que é o conceito de circulação e reaproveitamento de matéria e energia. Assim, águas pluviais são captadas e utilizadas nas produções hidropônicas como parte da solução nutritiva, sendo em seguida utilizadas para regar as hortas comunitárias nas proximidades do projeto. Estas hortas utilizariam subprodutos orgânicos compostados no térreo do edifício e também recursos fornecidos dentro da lei para hortas comunitárias pela Prefeitura Municipal de Campinas.
Toda produção agrícola dentro do edifício é baseada em algum tipo de produção sem solo. As vantagens dessa técnica não se resumem às questões de localização e ganho de espaço, mas baseiam-se também na redução do uso de agrotóxicos, no uso racional dos mananciais de água, na não-agressão ao meio ambiente, na produção fora de época, na possibilidade de utilização de energia solar e eólica, e também na reutilização de subprodutos orgânicos produzidos tanto na cidade como no próprio local de cultivo.
A dinâmica interna do programa, baseada na circulação de energia (geração interna de energia), materiais (orgânicos e recicláveis) e outros elementos (água, solução nutritiva hidropônica), é reforçada pela utilização do PVC.
O PVC é utilizado como canal de cultivo nas bancadas de produção hidropônica, nas canaletas dos cavaletes hidropônicos, nas telas de sombreamento e proteção contra vento, nos tubos de gotejamento das produções em substrato, nos tubos de produção vertical controlada, nos brises de proteção contra iluminação solar direta e contra chuva, no piso da quadra de basquete, no forro, piso, portas e esquadrias dos módulos do programa interno, no plástico das estufas, nas mangueiras das hortas, nos tubos e nas conexões para esgoto sanitário, nos fios e cabos elétricos e nas tubulações hidráulicas.
ficha de projeto
Nome do Projeto
Agricultura em Vazios Urbanos Centrais
Autor
Thiago Cintra Pilegi
Instituição de Ensino
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Cidade
Campinas SP
Professor Orientador
Marco do Valle
Co-orientador
Leandro Medrano e Antonio Bliska Jr