Memorial
A partir de nossas análises, foram identificados alguns eixos temáticos que cruzam e configuram a atividade da área central da cidade de Taubaté, ainda não reconhecidos nitidamente pela coletividade. Existe um eixo religioso centenário, que cruza a cidade e compreende a maior parte da Taubaté histórica; existe também um latente eixo cultural e de identidade que atravessa o centro da nossa área e que transpõe o eixo religioso. Este trabalho propõe o estabelecimento de um novo eixo, de integração e convívio. Toda esta malha temática parece convergir no antigo Largo do Rosário, tema inicial de nossa proposta de reabilitação e expressão do nosso maior esforço, que é caracterizar e identificar apropriadamente tais eixos da alma urbana de Taubaté. Dessa forma, a intervenção poderá ser condizente com as necessidades da área em questão.
Surge das necessidades ambientais atuais da arquitetura o objetivo central do nosso trabalho: propor a transformação de espaços distintos (público/ privado) por meio da inter-relação espacial de usos. Acredita-se que, com a integração urbana e social, a cidade recupere sua vida cultural e social.
A proposta contempla o reconhecimento e respeito ao patrimônio histórico arquitetônico e urbano; a melhoria da paisagem urbana, com a instalação de fiação subterrânea; o atendimento das necessidades diferentes de moradias, baseando-se na influencia mercadológica que atinge a área central; a melhoria do sistema viário e de circulação; e a integração e preservação do meio ambiente.
A junção desses fatores e o ambiente local deram forma ao projeto. Com a implantação, analisamos que a legislação não permite as mudanças na estrutura do desenho urbano. Além do uso espacial da área central ser diferente daquele da época de seu surgimento, a questão da especulação imobiliária também o distorce, provocando a descaracterização funcional. Problemas como esses nos permitiram inovar com a proposta do Sistema Habitacional de Integração Coletiva, que funde as necessidades do ser humano dentro da individualidade e da coletividade e transforma o projeto em uma miríade de novas propostas para o meio urbano, seja na escala da legislação, seja na da paisagem.
Em Taubaté a amplitude térmica não varia muito ao longo do dia, devido ao clima quente e úmido, mas há grande variação da insolação direta. A partir do estudo do clima, o edifício tem como partido aberturas suficientemente grandes para permitir a ventilação nas horas do dia em que a temperatura externa está mais baixa que a interna. Estas mesmas aberturas que seguem por todo o prédio paralelo ao leste-oeste são protegidas por brises-soleil, evitando a radiação solar direta sem agir como grande obstáculo aos ventos, diminuindo a inércia do calor interno armazenado durante o dia através da ventilação cruzada, que foi mantida pelo corredor livre em todas as tipologias. As telhas foram substituídas por jardins, prevendo uma inércia climática média.
O edifício foi suspenso a 6m de altura, dificultando a concentração de CO² nas ruas e nas calçadas, além de permitir que a ventilação flua sem barreiras no nível da rua. A área do edifício fica livre: isso permite um outro desenho paisagístico e outros caminhos para o pedestre, além de promover a interação e a mescla entre os espaços público e privado.
ficha de projeto
Nome do Projeto
Habitação coletiva em área central
Autores
Flavia P. Gonçalves da Costa, Ricardo da Costa Lima, Luciana Mieko Kawauche, João Gabriel Almeida Lobato, Celso Camargo Jr, Marina Pini Cação Ribeiro
Cidade
Taubaté SP
Instituição de Ensino
Universidade de Taubaté / UNITAU
Professor Orientador
Maria Dolores Alves Cocco
Co-orientador
Túlio Cezar Nareis Silva