Memorial
Nesta escola todas as questões são decididas por votação, não havendo qualquer diferenciação hierárquica imposta entre alunos e professores. Todos possuem voto de mesmo valor e são responsáveis pela definição de regras, deveres e quaisquer assuntos de interesse da comunidade escolar.
Os estudantes não se dividem por série, idade, sexo ou origem social: formam, em vez disso, grupos de afinidades e estabelecem vínculos de acordo com seus próprios interesses. O professor, educador ou, simplesmente, o adulto, atua como um orientador, ajudando a criança a desenvolver seus projetos e apontando novos caminhos. Busca com isso alimentar o interesse do aluno e orientá-lo no sentido de descobrir seu próprio método de estudo e trabalho.
Soluções sustentáveis foram pensadas contemplando não apenas a fase de projeto, mas também de construção, utilização e reciclagem da edificação. A implantação respeita o relevo e a situação da vegetação existente, utilizando o desnível natural para a arquibancada do auditório e a clareira existente para a locação da edificação. O paisagismo é caracterizado por cheios e vazios naturais – massa verde e clareira pré-existente – que definem as áreas de vegetação densa, média e áreas livres transitáveis.
A solução da estrutura em aço (módulos de 7,5 x 7,5 m) fez com que a obra fosse realizada com rapidez e menos desperdício, resultando em um menor impacto ambiental. A estrutura pode ser totalmente reciclada e reutilizada, bem como os brises de alumínio.
O fechamento do edifício foi feito com paredes duplas de madeira recheadas com material isolante. As esquadrias são de PVC, com vidro duplo. O PVC também foi utilizado em toda a parte elétrica e hidráulica, esta última contando com dois reservatórios: um para água potável e outro para água recolhida da chuva. Nos banheiros foram utilizados vasos sanitários com caixa acoplada, que possuem dispositivos de vazão controlada.
A forma racional do quadrado e o ângulo reto que caracterizam o edifício relacionam-se dialeticamente com a organicidade da natureza. De fora, se vê um grande volume metálico que coexiste harmoniosamente com seu entorno. De dentro, a textura da madeira nos revestimentos internos reforça a integração entre o espaço construído e o natural, que é trazido para o interior física e visualmente. O edifício integra os espaços interno e externo, por explorar visuais e eixos de circulação que levam os usuários à natureza e a traz para o interior, num jogo contínuo de relações com o espaço.
A biblioteca foi situada no pavimento central da escola, acessado pelo nível da rua. É composta por oito módulos que se movem sobre rodas e podem ser agrupados de acordo com as atividades que deverão acontecer no ambiente. Simbolicamente, o aspecto móvel e dinâmico da biblioteca deve remeter à presença constante dos livros nas mais diversas atividades e formas de pensar. Um ambiente que pode ser adentrado pelas crianças e explorado como espaço único, particular, ou integrar atividades paralelas indo até o usuário. A criação da biblioteca em módulos que podem ser agrupados ou pulverizados pelo espaço possibilita que este seja usado com versatilidade e cria, ao mesmo tempo, microambientes de estudo que respondem às necessidades de maior intimidade e privacidade tanto de indivíduos quanto de pequenos grupos.
No pavimento superior encontra-se o espaço lúdico, voltado ao pensamento artístico e criativo. O dinamismo do espaço pode ser interrompido com a criação de nichos de trabalho delimitados por painéis móveis, que protegem o espaço acústica e visualmente. O átrio permite a ventilação natural pelo efeito chaminé.
ficha de projeto
Nome do projeto
Escola do Bosque – Democracia e Sustentabilidade
Autora
Maria Augusta Baptista
Estudante Parceiro
Gabriel Gallarza (Arquitetura e Urbanismo)
Instituição de Ensino
Universidade Federal do Paraná / UFPR
Cidade
Curitiba PR
Professor Orientador
Aloísio Leoni Schmid
Professor Co-orientador
Clodualdo Pinheiro Junior