Memorial descritivo
O pavilhão a ser preservado, por sua posição central e valor histórico, fornece todas as diretrizes e condições de implantação do complexo arquitetônico do Centro Judiciário de Curitiba, seja através de sua geometria ou das linhas visuais a partir do entorno próximo. A partir destas linhas, que se convertem em grandes eixos, o projeto se desenvolve como resposta direta aos limites físicos do território, determinações da legislação, orientações e demandas programáticas propostas no edital.
Partido Arquitetônico
O projeto desenha uma esplanada definida pelas linhas paralelas longitudinais do pavilhão. Esta decisão de projeto se destina a produzir um percurso integrador de todo o conjunto, bem como promover a permeabilidade urbana conectando as vias principais (Av. Anita Garibaldi e Rua dos funcionários) em nível na cota 925.00, com especial atenção ‘a acessibilidade. Ao longo deste percurso a esplanada assume configurações diversas: Junto a Av. Anita Garibaldi faz parte da Praça das Bandeiras para imediatamente intersectar-se ao pavilhão e converter-se em seu saguão. Deixando o pavilhão irá converter-se em esplanada / ponte sobre o rio Juvevê, em seguida se transforma no saguão do novo conjunto de edifícios e, por fim, em praça de entrada junto ‘a Rua dos Funcionários. Esta constituirá assim o grande espaço de acesso público a todos os espaços do Centro Judiciário. O eixo da esplanada também abre uma terceira visual ao pavilhão além das duas propostas pelo edital.
Todas as novas construções se implantam exclusivamente na Área 4, procurando a melhor articulação entre os edifícios e setores, reservando as áreas 1, 2 e 3 para generosos espaços públicos e áreas verdes e objetivando impacto ambiental mínimo dentro da realidade do empreendimento. Uma floresta de ‘Araucárias” é a proposta paisagística para a fronteira sul do sítio. Um acesso pedestrial no ponto de maior fluxo pela rua Chichorro Jr. e rua dos Passionistas foi projetado, observada a preservação da nascente próxima a este ponto.
Os novos edifícios se definem como um conjunto de blocos verticais e horizontais independentes e articulados conforme as funções. Em paralelo ao pavilhão existente desenha-se um edifício de 4 pavimentos com o mesmo gabarito destinado a abrigar os juizados. Este bloco goza de total independência de funcionamento e acessos. No sentido de garantir independência e promover qualidade ambiental, este edifício é acompanhado por um jardim em toda a sua extensão, passando de jardim externo na sua origem, a jardim interno quando se integra aos outros blocos novos.
O conjunto se completa com o desenho de 3 blocos verticais de 12 andares, reservando os 7 pavimentos superiores ‘as varas, e os 5 inferiores aos setores que necessitam acesso mais imediato a partir das cotas térreas (921.00 e 925.00) Os 3 edifícios setorizam as varas em 3 grupos:
– família, infância e juventude;
– cíveis;
– criminais.
Os pavimentos inferiores abrigam:
- Cota 921.00: Tribunal do Júri, cujos plenários se destacam da volumetria geral sem obstruir as linhas de visuais do pavilhão. Também neste nível Auditoria Militar , setores administrativos. Este pavimento pode ser acessado externamente apenas pelo pessoal interno do Centro Judiciário, podendo o público acessá-lo internamente pelo saguão ‘as áreas do tribunal do júri.
- Cota 925.00: Pavimento de acesso e recepção onde se localiza o saguão principal do conjunto de edifícios novos. Ainda neste pavimento: Central de Mandados e Defensoria Pública.
- Cota 929.00: Ministério Público, Ofícios, OAB.
- Cota 933.00: Exclusiva do Ministério Público.
- Cota 937.00: Turma Recursal dos Juizados Especiais e Restaurante (Sala de Lanche). Este pavimento reserva uma generosa área de terraço.
O Pavilhão, uma vez restaurado ‘as suas características originais, está destinado a receber nobres setores do programa arquitetônico, fundamentalmente o Museu, Direção do Complexo, Corregedoria e Centro Médico. Ainda no pavilhão um café e livraria.
Circulação
A arquitetura dos pavimentos típicos se define a partir da necessidade de prover circulações horizontais e verticais privativas e públicas. Desta maneira um conjunto de elevadores e escadas de segurança servem as regiões periféricas dos andares servindo as salas dos juizes e salas de audiência. As circulações públicas servem o vazio central com outro conjunto de elevadores e escadas, tanto de segurança como abertas. O vazio central interno tem a altura integral dos edifícios e a circulação pública percorre todo o seu perímetro.
Estrutura
A estrutura dos edifícios foi projetada como um sistema de pilares, vigas e lajes em concreto armado e concreto moldado “in loco”. A modulação básica da estrutura é de 10m X 10m. As lajes são nervuradas e protendidas para permitir bom espaço para instalações entre forro e laje. Sobre o pavimento 937.00 há uma viga de transição destinada a proporcionar os grandes vãos necessários ao saguão nos níveis inferiores e aos balanços nas extremidades dos edifícios. A estrutura da cobertura do vazio central está projetada em vigas tipo ‘Vagão” em aço com cobertura translúcida.
Construção
Os edifícios foram projetados segundo os melhores conceitos de conforto ambiental, propondo espaços de trabalho e convivência providos de iluminação e ventilação naturais, e ar condicionado quando requerido. O projeto desenha estruturas de concreto em vãos econômicos e dimensionados para proporcionar espaços abertos e flexíveis.Todos os edifícios possuem aberturas generosas e proporcionam vistas panorâmicas da cidade de Curitiba.
O conjunto prevê 3 subsolos para estacionamentos com vagas hierarquizadas e privativas. Nos subsolos também se localiza o arquivo geral de varas e setores de segurança.
O projeto prevê caixilhos de alumínio anodizado, vidros laminados, brises e elementos de proteção solar em alumínio, telas de aço, além de um grande elenco de materiais de acabamento de padrão elevado.
Instalações
As instalações prediais foram dispostas de forma a serem sempre facilmente acessadas e mantidas, prevendo um conjunto de shafts horizontais e verticais.
Eco Eficiência e Conforto Ambiental
O projeto define iluminação e ventilação natural para o saguão/vazio central e climatização artificial dos espaços de trabalho através do uso de ar condicionado no verão e possibilidade de aproveitar o clima natural no inverno e nas épocas de transição e noturnas.
Pele hermética de vidro seletivo com transmissão baixa de calor para aumentar a eficiência energética do ar condicionado.
Possibilidade de abrir as janelas para aproveitar a ventilação favorecida pela orientação nas épocas mais temperadas do ano e/ ou do dia.
As superfícies diminuídas nas elevações laterais (oeste e leste) evitam indesejáveis ganhos de calor matinal e vespertino no verão e inverno.
Brises-soleis para proteção integral da fachada norte podem estar vinculados à geração de energia elétrica por painéis fotovoltaicos. Brises verticais refletivos para quebrar a radiação direita da manhã e tarde, e para direcionar luz difusa natural.
Águas
Coleta, filtragem, tratamento UV (luz ultravioleta) e armazenamento de águas pluviais e condensadas (do Ar Condicionado). Uso de água pluvial e condensada como água cinza para irrigação automática dos jardins e vasos sanitários. As águas pluviais serão coletadas em todas as coberturas e áreas impermeabilizadas. Ao redor da edificação escoamento natural das águas pluviais.
Geração de energias renováveis
A fachada norte dos edifícios está ‘a disposição para os efeitos cinergéticos de sombreamento e geração de energia elétrica e/ou água quente com um só elemento arquitetônico, que são os elementos de sombreamento.
O projeto concebe o do Novo Centro Judiciário de Curitiba como um Complexo Arquitetônico de grande impacto visual e simbolismo no que se refere a uma instituição identificada com a justiça e a ética. Em todos os elementos, desde o partido arquitetônico até os pormenores construtivos mais elementares, o projeto se serve dos melhores conceitos de criatividade, funcionalidade, solução plástica, economia, construtividade e contribuições tecnológicas, fundamentais para a definição de uma arquitetura ao mesmo tempo moderna e atemporal.
ficha técnica
Autores
Arquiteto Jorge Königsberger
Arquiteto Gianfranco Vannucchi
Arquiteto Mario Biselli
Arquiteto Artur Katchborian