Introdução: a armadilha das inovações formais e da tecnologia
Um edifício transformador que seja uma referencia cultural e tecnológica, pode-se confundir com um exercício formal gratuito.
Não são necessariamente os usos de novos materiais que definem uma arquitetura nova.
As singularidades estão no emprego apropriado de técnicas bem conhecidas, na clareza da interface entre o construído e o não construído, e principalmente na consciência de que se está construindo a cidade.
“A Arquitetura como conseqüência de uma estratégia de raciocínio sobre um território.”
A paisagem da cidade
Leitura: a paisagem, como resultado da superposição de ações de diversos interesses na historia, resulta numa curiosa característica nesta região de Curitiba: um vale natural de escala extraordinária, um pulmão verde no centro de uma área urbana em franco desenvolvimento.
Descartamos: a ocupação em competitividade com as tipologias arquitetônicas existentes do entorno.
Optamos: por afirmar e mesmo ampliar o potencial da paisagem existente evidenciando o vale como um valor patrimonial para a nova construção e principalmente um marco para a própria cidade.
Optamos por evitar o isolamento do prédio no lote em favor de uma continuidade urbana construída sobre a nova rua projetada.
“Nova frente urbana qualificadora de nova estrutura pública com a presença inequívoca da Instituição, na escala e no compromisso com a cidade.”
Arquitetura como estratégia de um território
Leitura; entendemos que a herança modernista da Arquitetura toma distância do passado e se isola em reflexões individualistas para reafirmar sua própria transformação, filosofia que o pós-modernismo “abastardou” numa herança que hoje aponta para a decadência.
Descartamos: uma Arquitetura como “objeto de design” que usa o território apenas como suporte, estabelecendo bem ou mal, relações circunstanciais e sempre residuais.
Optamos: por uma “nova geografia”. Uma construção que para ser lida necessitara de vários pontos de vista. Optamos por uma Arquitetura definida pela estratégia de ocupação do território onde a intervenção potencializará biunivocamente, tanto o território de sua localização como a própria construção.
“Uma arquitetura em continuidade com a estrutura publica urbana, materializando com clareza e literalidade a interface com a cidade.”
Acessibilidade/ legibilidade
Leitura: o potencial de comunicação periférica desta gleba com a cidade oferece uma condição excepcional para dar um salto à urbanidade.
Descartamos: concentrar num só ponto o acesso ao complexo, e induzindo a uma Arquitetura de volumetria isolada, e que acentua a dicotomia e ruptura clássica entre os espaços viários urbanos e seus edifícios.
Optamos: por um aproveitamento máximo do contato periférico com a malha estrutural da cidade.
Consideramos assim a construção como um conector urbano ou como um nó circulatório que fortalece e dá sentido ao lugar.
“As intervenções edilícias a reciclagem do patrimônio histórico, a praça, o parque, ou seja, é a reposição e recuperação da memória do lugar.”
A Estratégia da etapabilidade e o crescimento
O critério construtivo adotado permitirá fazer investimentos em etapas a serem determinadas pelo Plano Estratégico de Obra.
O edifício transversal - hall de entradas, arquivos e subsolo técnico, será erguido na primeira fase, sobre o qual os edifícios das Varas, no sentido do Parque, irão se expandindo em módulos adequados às demanda.
Ao final, a nova área se interligará naturalmente à primeira etapa como um prédio único.
Importante destacar que independente das fases de crescimento, o Campus sempre terá uma imagem acabada (sem o risco de um edifício visualmente incompleto).
As garagens crescerão criteriosamente mantendo o mesmo esquema de acessos.
As obras da ampliação, pela sua lógica, nunca produzirão interferências nas áreas de trabalho já existentes - a localização do canteiro estará sempre afastado dos prédios com acesso independente sobre a rua dos Funcionários.
Descritivo funcional
O edifício projetado foi concebido internamente como um eficiente diagrama de atividades e fluxos circulatórios de grande legibilidade.
Um bloco linear, que acompanha a rua a ser implantada, formaliza o Hall principal concebido como um bulevar que concentra os acesos principais de pedestres, de todas as distintas áreas do complexo.
Uma área com a condicionada para gerar a máxima convivência e interação.
Coincidentemente a este bloco e no nível superior se concentram todas os arquivos gerais do conjunto incluindo uma circulação exclusiva para os administrativos que a sua vez se conecta com todos os blocos.
Ainda no seu subsolo se concentram linearmente todos os equipamentos mecânicos de infra-estrutura para as distintas edificações do conjunto.
No extremo deste bloco e em comunicação direta com a praça e o prédio histórico estão localizados os auditórios e o conjunto de salas para eventos.
Em forma de pente, se conectam três blocos a este edifício agrupando as Varas de acordo com as estruturas funcionais compatíveis: criminal, cível e família, utilizando uma mesma tipologia edilícia, que aceite as distintas especificidades de cada Vara.
Todas as circulações estão separadas:
- público em geral,
- administrativos,
- juizes (vinculo vertical) e
- réus,
definindo assim os distintos vínculos com clareza e condições de segurança.
Sistemas estruturais
Toda a construção proposta esta rigorosamente modulada numa quadricula de 10,00 x 10,00, desta maneira toda a construção poderá ser construída com estruturas pré-fabricada de concreto ou metálica e com lajes alveolares pretendidas de aprox 25 cm de espessura, com capacidade de sobrecarga até 800 k por metro quadrado.
Esta modulação proposta, esta estabelecida desde o subsolo até as superestruturas no intuito de estabelecer uma estratégia de montagem altamente eficiente.
Dependendo do Plano Estratégico de Obra e da definição das etapas e a equação custo-benefício a ser estabelecida, estas estruturas poderão ser usinadas fora do local ou poderão ser construídas no próprio canteiro de obra.
As paredes internas serão todas no sistema dry-wall, e as paredes externas serão em peças pré-fabricadas com acabamento externo e isolamentos térmicos integrados na peça que será usinada em fábrica.
Com exceção do hall principal e nos auditórios, onde se exigem vãos de 20 metros, estes serão cobertos com estruturas metálica apoiada nas fileiras de pilares do modulo geral.
ficha técnica
Escritório responsável
Vigliecca & Associados
Equipe de Projeto
Arq. Héctor E. Vigliecca Gani
Arq. Luciene Quel
Arq. Ruben Carlos Otero Márquez
Arq. Carlos Arcos
Arq. Ronald Werner Fiedler
Andres Gobba
Álvaro Mendes
Matias Carballal
Maurício López Franco
Colaboradores
Agustina Tierno
Blanca Bozzano
Gonzalo Redín
Juan Pablo Dijdmejian
Juliana Malcuori
Martín Cajade
Paula Borges
Silvana Gordano
Eng. Paulo Eduardo de Arruda Serra
Arq. Neli Yumi Shimizu
Arq. Thaisa Folgosi Fróes
Luci Tomoko Maie