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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Nacional Centro Judiciário de Curitiba. Projetos, São Paulo, ano 06, n. 065.04, Vitruvius, maio 2006 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/06.065/2648>.


Um complexo que simbolize os ideais de justiça e acolhimento para toda a população, ao mesmo tempo em que promova o caráter de sobriedade do poder judiciário, representando um monumento à liberdade e à criação do espírito humano. Uma porta de acesso e contato entre o poder institucionalizado e o cidadão, um vão que produz um espaço de sombra, sob o qual se estabelece a justiça.

Território – O sítio e a cidade

O complexo judiciário de Curitiba será construído sobre um raro vazio urbano de porte dentro do contexto urbanizado da cidade de Curitiba. O presídio do Ahú, situado na convergência entre bairros como o Ahú, o Juvevê e o Cabral, na porção norte da cidade de Curitiba, é hoje uma das referências arquitetônicas para a região em que está localizado, apesar de se constituir num elemento indesejado pela comunidade.

Os espaços cercados e confinados da prisão recortam o tecido urbano com muros que criam limites para os espaços públicos e privados. Essa condição impede que haja permeabilidade do sistema viário ou livre circulação de pessoas numa área considerável do bairro, criando um vazio ocupacional institucionalizado.

A região é caracterizada pelo uso predominantemente residencial, com características de ZR4 e SE ainda não estruturadas.

Com a implantação do empreendimento espera-se que o local se torne um pólo para os bairros do entrono e ocorra, conseqüentemente, um adensamento na ocupação do tecido urbano fronteiriço ao sítio.

Estratégia de ocupação

O terreno apresenta algumas características urbanas, topográficas e hidrográficas que o partido procurou aproveitar e respeitar.

A porção do sítio com maior potencial construtivo é cortada pela tubulação do Rio Juvevê. Esse condicionante fez com que se escolhesse o lado mais espaçoso desse território para abrigar os edifícios do complexo, paralelamente à Rua dos Funcionários. A idéia de concentrar os edifícios se contrapõe à tipologia de construções dispersas do entorno, acentuando a monumentalidade do conjunto edificado. Ao mesmo tempo, essa adensamento localizado nessa porção permite liberar áreas verdes e praças que protegem as nascentes e a área de várzea do Rio Juvevê.

Outra estratégia, dessa vez ligada á topografia, foi estabelecer uma passagem de pedestres entre as ruas Anita Garibaldi e dos Funcionários através da ligação entre a cota 926 que se alinha nas duas testadas principais do atual terreno. Esse espaço configura uma praça linear que reúne todos os acessos de pedestres. Nesse edifício, uma ação de subtração volumétrica libera uma circunferência de 50m ao redor de uma nascente a ser preservada. Isso promove a criação de um espaço-bosque na chegada principal do complexo.

A liberdade de acesso dos usuários aos ambientes abertos do complexo funciona como metáfora da própria justiça, servindo a todos sem distinção. O espaço de acesso deve, por isso, refletir esse caráter.

Além da visual obrigatória, estabelecida pelo IPPUC a partir da praça em frente ao pavilhão do presídio, foram posicionados elementos importantes do projeto como marcos verticais – a praça das bandeiras e a capela ecumênica – de modo a marcar as perspectivas das ruas secundárias que acessam o complexo, referenciando a nova ocupação e acentuando a perspectiva do conjunto. Ao mesmo tempo se realiza, para o usuário que chega caminhando, a transição entre escalas, do entorno para o complexo judiciário.

Conjunto de edificações

O complexo será constituído de três maciços volumétricos distintos.

O primeiro, que abrigará as varas do poder judiciário e sua infra-estrutura de apoio, está dividido em duas camadas: o embasamento, que concentra os estacionamentos e as áreas de arquivos gerais; as torres, que abrigam as varas cíveis, criminais, da família, da infância, o tribunal do júri e os juizados especiais.

Em segundo lugar, o bloco linear que estabelece a ligação entre as cotas 926 metros das ruas Anita Garibaldi e dos Funcionários. Ao mesmo tempo em que esse edifício abriga um estacionamento em seu interior, articulando a ligação entre todos os blocos, funciona também como uma praça linear em sua cobertura.

Por último, o antigo pavilhão a ser preservado funcionará como centro administrativo do complexo, contando com: centro médico, museu-biblioteca, livraria e restaurante. Além disso, no seu térreo funcionarão os ofícios distribuidores, contadores, partidores, avaliadores e depositários públicos.

Conjunto dos edifícios de escritórios das varas e tribunais

O conjunto de edifícios dos escritórios das varas é composto de quatro prédios. Cada edificação abriga um setor funcional distinto do complexo.

No primeiro edifício funcionam os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Nesse local é grande o fluxo de público e também a necessidade de área de triagem, por isso foi reservado um espaço maior para seu pavimento térreo.

As Varas Cíveis ocupam a segunda edificação, constituindo o maior prédio do complexo em termos de área. A tipologia adotada propõe a existência de um pátio central nesse edifício, garantindo assim a iluminação natural de seus ambientes internos.

O terceiro edifício abriga as Varas Criminais. Em seu térreo foi posicionada a Central de Mandatos, ocupando posição central no conjunto arquitetônico.

O último edifício concentra as funções ligadas às varas de Família, Infância e Juventude.

O Tribunal do Júri e a Auditoria Militar estão concentrados no vazio existente entre os edifícios das varas Cíveis e Criminais. Aqui se estabelece o principal espaço do conjunto, atuando também como saguão de distribuição de usuários. No primeiro subsolo desse espaço se localiza o plenário principal do Tribunal do Júri.

No térreo sob o grande vão livre fica a entrada para o plenário principal do Tribunal do Júri. Aí também funciona o cadastramento e distribuição de cartões de identificação para o controle de acesso de pedestres.

Os pavimentos tipo dos escritórios das varas foram pensados como plantas livres. Isso permite ocupações flexíveis que atendem bem ao atual programa de necessidades e a futuras alterações ou redimensionamentos. Cada piso dispõe de duas áreas de apoio, infra-estrutura e circulação vertical. Esses núcleos posicionados nas extremidades de cada edifício permitem a distinção de espaços destinados a público, funcionários e magistrados.

A integração e o controle de acesso dos espaços verticais acontecem no térreo da edificação. A mesma separação de fluxos de acesso verificada em cada pavimento tipo é permitida a partir do nível térreo. Uma das extremidades do edifício atende preferencialmente ao público, a outra tem prioridade para funcionários. Alguns dos elevadores estão posicionados de modo a permitir atendimento preferencial a réus que se dirigem às salas de audiência.

Central de utilidades e instalações

Na cobertura dos edifícios foi reservado um espaço sobre cada núcleo para Central de Utilidades que aglutina a central de água gelada do sistema de ar condicionado, as casas de máquinas de elevadores, casas de bombas do sistema de condicionamento de ar e reservatórios superiores de água.

Cada pavimento conta com duas áreas para abrigar os fancoils do sistema de ar condicionado, uma sala para o rack do sistema de cabeamento e automação predial, além de shafts para passagem e organização das tubulações hidrosanitárias e armários de quadros de energia.

No quarto pavimento de subsolo do foi prevista uma área que se destina à subestação e aos grupos geradores de energia. Aí existe uma outra central de utilidades multiuso, na qual pode ser instalado um sistema de tratamento de águas servidas. Além disso, no subsolo de cada área de núcleo de circulação vertical há espaços que abrigam casas de bombas, cisternas e uma possível área para captação de água da chuva e tratamento do esgoto cinza.

Acessos, controles e circulação de veículos e pedestres

A idéia de espaço adotada, visando à permeabilidade e à apropriação dos espaços pelo cidadão, propõe que o acesso de pedestres seja possível por vários pontos do complexo.

O controle de acesso dos usuários deve ser efetuado no térreo do conjunto de edifícios, junto ao grande saguão ou no térreo do pavilhão do antigo presídio.

O acesso de veículos funcionará preferencialmente através da rua projetada, sendo permitido em caráter especial a entrada e saída de veículos também pela portaria das ruas Chichorro Júnior e dos Passionistas. O controle nos dois casos será efetuado nas guaritas.

Sistema estrutural

Os edifícios de escritórios das varas foram pensados em estrutura de concreto armado com lajes maciças de 20 cm de espessura, que serão protendidas quando no caso dos espaços com plantas livres. Para maximizar a performance estrutural foi utilizada uma relação favorável entre balanços e vãos das vigas principais que suportam essas lajes. Assim os valores dos momentos positivos são igualados aos negativos, tornando-se deste modo mínimos e reduzindo conseqüentemente o consumo de material.

O bloco de estacionamentos transversal aos edifícios de escritórios também segue a mesma lógica estrutural da utilização de balanços para aliviar os momentos dos vão centrais.

O sistema estrutural mais audacioso é o de sustentação do grande pórtico que abriga os Tribunais do Júri. Para esse caso, um conjunto de 11 vigas vierendel, dispostas paralelamente em cada pavimento, vence um vão de trinta metros, permitindo assim liberar todo o espaço do saguão no térreo.

Conforto Ambiental

Algumas atitudes de projeto foram tomadas para que o conforto nos ambientes internos de trabalho fosse máximo, mesmo em condições extremas do clima externo.

O agrupamento das edificações em blocos próximos entre si permite que cada edifício sombreie o interstício existente entre dois blocos. No verão, essa medida permite um microclima de temperaturas mais amenas nesses espaços. Além disso, essa justaposição permite que se reduza a iluminação da abóbada celeste (reconhecidamente excessiva quando se opta por pele de vidro) e, conseqüentemente, o uso de vidros totalmente transparentes, evitando o uso contraditório de vidros refletivos quando na realidade o que se deseja é a visibilidade entre os espaços internos e externos. Para que o excesso de insolação não atinja as fachadas noroeste, propõe-se o uso de uma estrutura que suporta tela de malha de aço como elemento sombreador externo à pele da fachada envidraçada.

As empenas laterais foram dotadas de pequenas aberturas em forma de losango de dimensões 125x62,5cm para que a incidência de raios solares vindos de leste e oeste fosse totalmente filtrada.

Paisagismo

A manutenção de fartas áreas verdes vai de encontro à necessidade de descansos periódicos quando se vive diariamente no ambiente de trabalho dos escritórios.

Por isso, além das praças e do bosque de chegada, propõe-se a criação de jardins sobre algumas lajes de cobertura dos edifícios. As espécies arbóreas adotadas nesse caso, por permitirem o plantio com pouca profundidade de terra, são o prunus e o mulungu do litoral.

                           ***

Este projeto se coloca como uma ação de transformação do caráter dos espaços. Uma mudança de um espaço prisional de vigilância para um ambiente de trabalho de escritórios. Uma mudança de espaços confinados, cercados e vigiados de um presídio para um novo conjunto acessível à população da cidade.

Para que a sociedade se sinta segura não é necessário que ela se sinta vigiada, muito pelo contrário. Assim, a integração do sítio do Centro Judiciário de Curitiba ao espaço dessa cidade pode funcionar como uma mudança de paradigma para o futuro que desejamos para nós mesmos.

O cidadão não quer se sentir trancafiado em sua própria casa.

ficha técnica

Autor
Arquiteto Emerson José Vidigal

Colaboradores
Arquiteto José Gonzalez Aizprúa
Arquiteta Wendy Ferreto

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Equipe premiada
Curitiba PR Brasil

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065.04 Concurso
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original: português

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Comissão organizadora
Curitiba PR Brasil

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065

065.01 Profissional

Escola berçário em Creixell, Tarragona

065.02 Concurso

Concurso Nacional de Idéias para a construção do Primeiro Centro Urbano de Cultura, Arte, Ciência e Esporte de Fortaleza – CUCA

065.03 Profissional

Casa Fujy

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