Catálogo da 29ª bienal de São Paulo
Catálogo da 29ª bienal de São Paulo
Há sempre um copo de mar para um homem navegar
Agnaldo Farias and Moacir dos Anjos (Orgs.)
Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo; 1ª edição, 2010
edition: português
paperback
456 p
18 x 24 x 3,5 cm
1600 g
illustrated
fullcolor
photos
drawings
ISBN
978-85-85298-32-6
(artes plásticas, exposições)
about the book
29ª Bienal de São Paulo
25 setembro - 12 dezembro 2010
A 29ª Bienal de São Paulo está ancorada na ideia de que é impossível separar a arte da política. Essa impossibilidade se expressa no fato de que a arte, por meios que lhes são próprios, é capaz de interromper as coordenadas sensoriais com que entendemos e habitamos o mundo, inserindo nele temas e atitudes que ali não cabiam e tornando-o, assim, diferente e mais largo.
A eleição desse princípio organizador do projeto curatorial se justifica por duas principais razões. Em primeiro lugar, por viver-se em um mundo de conflitos diversos, onde paradigmas de sociabilidade são o tempo inteiro questionados, e no qual a arte se afirma como meio privilegiado de apreensão e simultânea reinvenção da realidade. Em segundo lugar, por ter sido tão extenso esse movimento de aproximação entre arte e política nas duas últimas décadas, se faz necessário, novamente, destacar a singularidade da primeira em relação à segunda, por vezes confundidas ao ponto da indistinção.
É nesse sentido que o título dado à exposição, “Há sempre um copo de mar para um homem navegar"-verso do poeta Jorge de Lima tomado emprestado de sua obra maior,Invenção de Orfeu(1952) –, sintetiza o que se busca com a próxima edição da Bienal de São Paulo: afirmar que a dimensão utópica da arte está contida nela mesma, e não no que está fora ou além dela. É nesse “copo de mar” – ou nesse infinito próximo que os artistas teimam em produzir – que, de fato, está a potência de seguir adiante, a despeito de tudo o mais; a potência de seguir adiante, como diz o poeta, “mesmo sem naus e sem rumos / mesmo sem vagas e areias”.
Por ser um espaço de reverberação desse compromisso em muitas de suas formas, a mostra vai pôr seus visitantes em contato com maneiras de pensar e habitar o mundo para além dos consensos que o organizam e que o tornam ainda lugar pequeno, onde nem tudo ou todos cabem. Vai pôr seus visitantes em contato com a política da arte.
A 29ª Bienal de São Paulo pretende ser, assim, simultaneamente, uma celebração do fazer artístico e uma afirmação de sua responsabilidade perante a vida; momento de desconcerto dos sentidos e, ao mesmo tempo, de geração de conhecimento que não se encontra em nenhuma outra parte. Pretende, por tudo isso, envolver o público na experiência sensível que a trama das obras expostas promove, e também na capacidade destas de refletir criticamente o mundo em que estão inscritas. Enfim, oferecer exemplos de como a arte tece, entranhada nela mesma, uma política.
about the author
Agnaldo Farias
Graduado na FAU Braz Cubas, mestrado em História pela UNICAMP e doutorado em Aquitetura e Urbanismo pela USP. Atualmente é Professor Doutor do Depto de História da Arquitetura na FAU USP, além crítico e curador de Arte.
Moacir dos Anjos
Graduado em Economia pela UFPE. Mestrado em Economia pela Unicamp, e Doutorado pela University College London. É pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco. Atualmente curador e crítico de Arte.