Quando se fala de história da cidade, história do urbanismo e história da cidade e do território, emergem questões de como os saberes são transmitidos, de como os conhecimentos são adquiridos e, também de como trabalhar, do ponto de vista não evolutivo, elementos que compõem essa materialidade na longa duração, a partir de saltos de escalas. Quando se fala de projeto da cidade e do território, emergem temas de contexto, de memória e de como a contribuição histórica pode ser operada de forma crítica, em um constante jogo de escalas.
Desse modo, o objetivo deste ensaio é refletir sobre a relação entre esses âmbitos de estudos comuns nas pós-graduações das escolas de arquitetura e urbanismo, à luz das discussões sobre urbanismo (história e projeto) em dois departamentos do Instituto Universitario di Architettura di Venezia: no Dipartimento di Storia dell´Architettura, baseado na produção recente de três livros de Donatella Calabi, e no Dipartimento di Urbanistica, a partir de um excursus no debate entre plano e projeto na Itália do pós-guerra (1).
As indagações que permeiam esta reflexão fundamentam-se em uma experiência que, de um lado, abarca o doutoramento (2001-2002) e pós-doutoramento (2007) deste pesquisador, passando pela assistência à docência no Departamento de História, e de outro, no desenvolvimento de planos urbanísticos junto à equipe do doutorado em urbanismo e do Studio 09, coordenados por Bernardo Secchi e Paola Viganò (2).
Questões de âmbito disciplinar: um percurso nas obras Storia dell´urbanistica europea (Paravia, 2000), La città del primo Rinascimento (Laterza, 2001) e Storia della città. L’età moderna (Marsiglio, 2001), de Donatella Calabi
O índice desses três livros de Donatella Calabi é formado por um elenco de elementos concretos de setores fortemente reconhecíveis nas cidades: ruas, casas, praças, edifícios públicos, palácios dos senhores, equipamentos urbanos, que formam um mosaico, como que remontando, do ponto de vista figurativo, às pranchas de Jean-Nicolás-Louis Durand (1760–1835). Esse princípio fragmentário é ampliado por alguns outros capítulos que expandem e contextualizam, de forma mais articulada, as transformações dos elementos individualizados. Ao invés de levar-nos a um raciocínio “evolutivo”, em termos de composição física da cidade, a autora nos faz pensar em uma outra maneira de remontar os tempos, por meio de articulações de partes e superposição de extratos que não modificam a sintaxe tradicional, mas iluminam um percurso no qual opera a economia dentro do espaço da cidade.
Cada elemento assume uma escala de observação que aciona um arco temporal específico, que por sua vez engendra categorias interpretativas particularizadas que, por analogia ou diferença, evidenciam a articulação dos fenômenos de transformação da construção do urbano, restituindo um panorama rico de como se transforma a paisagem urbana.
Manfredo Tafuri (1935-1994), dois anos antes de sua morte, na introdução do livro La piazza, la chiesa, il parco (3), que é uma coletânea das teses do primeiro e segundo ciclos do Departamento de História (DSA), explicita claramente o método que embasaria as novas pesquisas no âmbito veneziano: a relação entre filologia e análise historiográfica a partir de objetos pontuais – fragmentos –, em um arco temporal que se dilata do século 14 ao 19.
O eixo que articula todos os escritos desse volume é a complexa relação entre ideia, texto e contexto, a partir de elementos pontualizados, e a busca do método adequado, para cada um, na sua longa história. Na mesma introdução, Tafuri faz indagações importantes de como as pesquisas foram abordadas: “quale filologia per questo particolare tema? Come sottoporre a critica le fonti, una volta riconosciuta la loro storicità? Come fare parlare monumenti e carte di archivio per restituire uno scenario significante, non isolato nei suoi confini?”
O escopo é o da superação da dificuldade inevitável da fragmentação dada por cada caso singular, através de uma prática de pesquisa de confronto que parte da “microhistória” para a “história comparativa”, e que tem no livro Ricerca del Rinascimento (4) sua formulação mais acabada.
Mas apesar de Donatella ser, dentre os pesquisadores venezianos, quem mais potencializa o convite tafuriano para multiplicar os confrontos e análises comparativas (5), ao reconhecer historicamente um domínio bastante vasto na investigação sobre instrumentos, na progressiva construção da natureza histórica da cidade (6), delineia um percurso paralelo, em que a história urbana coloca-se não apenas como uma extensão da história da arquitetura. Essas contradições estão articuladas no texto Storia dell´architettura e storia della città: un matrimonio difficile (7), da própria autora.
Vale ressaltar, entretanto, que o primeiro livro aqui em análise trata, como enuncia o próprio título, da história do urbanismo europeu, e os outros dois, de história da cidade. Ao confrontarmos então os dois volumes de história da cidade, do renascimento à idade moderna supracitados, com o índice seguindo a mesma estrutura, fica evidente que a autora entende a história da cidade do ponto de vista da história geral, como um campo de estudo, mas não como uma disciplina. Os episódios, acima tratados, transformam-se em motes/ocasiões para repensar a própria forma da cidade elencada no índice. As categorias fundamentais que permeiam tais páginas, são as de continuidade e descontinuidade, momentos de ruptura, no qual são registradas as transformações do espaço físico, dos hábitos, das tradições, dos interesses fundiários, etc., em períodos de longo arco cronológico. Vale pensar, assim, na importância que a autora dá ao papel que episódios como grandes terremotos, incêndios, guerras, mudanças de regime político, tiveram para repensar a transformação das cidades.
Desse ponto de vista, falar de “evolução” da cidade (expressão que teve uma grande fortuna na historiografia) mostra-se pouco útil, uma vez que essas categorias são, senão negligenciadas, postas em um segundo plano. Se isso é verdade, as consequências no plano conceitual são as de que a história da cidade e a história da arquitetura e do urbanismo são duas esferas de estudo muito diferentes entre si.
O livro de história do urbanismo, por outro lado, detém-se o mais possível no processo de institucionalização da disciplina através da análise de cursos de ensinamentos específicos, da formação profissional, ou contemporaneamente, da leitura de personagens importantes na historiografia dos grandes planos. Isto é, a obra frisa mais os cruzamentos entre a história das ideias, a história dos planos e a história da institucionalização de alguns processos.
De fato, no volume em questão, a autora trata da história de uma disciplina com regras próprias, técnicas e normativas bastante particulares que, de certa maneira, podem ser pensadas somente a partir da segunda metade do ‘800. Com isso, destrói anacronismos como aquele de falar de história do urbanismo antigo, medieval, etc., comumente tratados em livros de referência, de Ildefonso Cerdà a Camillo Sitte, de Brinckman a Lavedan, autores que sempre colocaram o início de suas narrações relativas às transformações da cidade contemporânea em um tempo muito elástico. Essa “filologia viscosa”, como acena Tafuri, nos induziu à denominação de urbanismo antigo, medieval ou contemporâneo como a mesma coisa, como uma narração que fizesse parte de um intervalo cronológico longo.
O pressuposto do livro de Donatella, quando o confrontarmos com os demais, é o de que esses clássicos, ao falarem de história do urbanismo, tratam-na como história da civilização humana. Tal escolha cria bastante confusão pois tende a colocar um quadro parcial como quadro universal, fazendo um certo anacronismo ao confundir as técnicas e os instrumentos particulares que, de quando em quando, são utilizados nos diversos períodos. Essas técnicas de pesquisa particulares são, por exemplo, as técnicas da representação, que em um período ou em outro são radicalmente diferentes. Dessa forma, uma confusão terminológica pode corresponder a uma confusão conceitual, muito recorrente nos trabalhos acadêmicos até o presente momento.
A ideia motora da obra é então a de que o urbanismo teve pressupostos bastante reconhecíveis a partir de um período histórico, com suas técnicas, seus protagonistas e suas ideias, e que deveria prospectar o conceito de ciência política do século 19 com um aparato institucional, regras e estruturas próprias. E, assim, a formulação da autora rejeita terminologias correntes em estudos clássicos como aquela de pré-urbanismo, de Françoise Choay (1925–).
O livro parte portanto da hipótese de que foram projetadas transformações das cidades, feitas intervenções na morfologia do espaço físico na idade antiga, medieval e moderna, mas que as técnicas para projetar essas transformações foram radicalmente diferentes daquelas da idade contemporânea. Sobre isso, a autora diz também que se deve ser bastante rigoroso, pois o urbanismo é uma disciplina que se vale de regras particulares para transformações da cidade e do território, a partir de uma certa data.
A autora não aceita rupturas canônicas estabelecidas pela historiografia geral, como por exemplo, a de que a idade moderna começa com a descoberta da América, em 1492. Para ela, pode-se antecipar bastante o início dessa história, partindo da hipótese de que as transformações físicas urbanas, em certos países mais que em outros, podem ter ocorrido muito antes do que se imagina, individualizando uma ruptura com a cidade medieval muito antes de 1492, pois há evidências de que desde os primeiros anos do ‘400 tem-se um período de reproposição de instrumentos e técnicas.
A ideia de um “longo renascimento” proposto no livro, embasou-se nas discussões em torno do congresso de 1983 intitulado “Venezia nell’età del doge Andrea Gritti”, em que um grupo de estudiosos do departamento de história e convidados externos concentraram-se em um tema comum, analisado nas declinações internas e através de cruzamentos polarizados entorno de fenômenos polivalentes:
“Assim, os estudos de Calabi e Morachiello sobre o coração comercial de Rialto e sobre as bases teóricas das técnicas; de Concina sobre a história das ciências, sobre o Arsenale e sobre a defesa territorial da Sereníssima; de Foscari sobre as relações entre o debate religioso, vida civil e expressão artística e sobre o papel da imagem na Veneza do ‘400 e ‘500, fazem parte de um único quadro de referência, que se re-fragmenta e se recompõe continuamente ao longo das análises” (8)
Dessa forma, se estabelece um diálogo direto com os estudiosos da denominada Scuola Romana e do Centro Internazionale di studi di architettura ‘Andrea Palladio’, na rediscussão de estudos clássicos como aqueles de Rudolf Wittkower (9) e Jakob Burckhardt (10).
A partir dessas considerações, explicitam-se hiatos nada pequenos entre história da arquitetura e história da cidade e suas respectivas técnicas, que apontam para um aspecto importante que diferencia o historiador da arquitetura e do urbanismo dos demais: o debruçar-se sobre o espaço físico ou a morfologia urbana e territorial, isto é, a leitura da materialidade da cidade e do território (11), que é um âmbito muito próximo de nós arquitetos.
Por outro lado, ao partir do fragmento elencado no índice, a autora atualiza questões relevantes relativas a modelos, difusões e declinações. É a partir do fragmento em profundidade que o exemplo emerge, não mais privilegiando Paris e Londres como as cidades chaves para entender o nascimento do Urbanismo, como propusera Benévolo (12), mas cidades em que as transformações foram, a partir da técnica, mais bem consubstanciadas.
Ao analisar a produção intelectual de Donatella Calabi, e por consequência a do seu departamento, vem à tona, em um primeiro momento, uma fase dedicada à história do urbanismo, e uma segunda, à história da cidade (13). Nas palavras da autora, a diferença da relação entre breve e longo período torna-se fundamental para explicitar as diferenças entre uma história da arquitetura e a história da cidade afirmando os domínios distintos14.
No tocante a sua constituição, mas também em conexão com a definição do que deveria ser história urbana, dois pontos assumem particular relevo: o primeiro, a premência de estudos comparativos, que dizem respeito às tradições interpretativas, opções de recortes, ângulos, escalas de observação por parte do historiador; o segundo, uma abordagem acurada de pesquisa histórica, que implica não só na utilização de instrumentos diversos, mas em uma rigorosa pesquisa de arquivo, de fontes materiais, do seu cruzamento, com o objetivo de conhecimento desses sujeitos, mas não como projeto das transformações (15). Na leitura da lógica das variantes projetuais e de hipóteses de reconstruções, vem à tona toda tradição dos grandes estudos de morfologia protagonizados pelos mestres da escola muratoriana (16) e, também, a capacidade da autora de enfrentar-se diretamente com os fatos, não com uma cega paixão pelos documentos, mas com uma obsessiva paixão por documentar-se, na melhor tradição tafuriana dos arquitetos–historiadores (17), não mais projetistas.
Da Renovatio Urbis à Cidade Dispersa: um excursus no debate entre Plano e Projeto na Itália do pós-guerra
Para efeito de síntese, pode-se individualizar duas grandes formas de ver a relação entre arquitetura nova e cidade preexistente, na Itália do pós-Segunda Guerra. Em outras palavras, da relação entre arquitetura e contexto, que pode ser lida segundo angulações diversas e que explicita os diversos modos de como os arquitetos assumiram o contexto histórico como material de projeto: de um lado, uma posição que tende a uma continuità culturale com a cidade preexistente e sua história, posição que procura sublinhar ligações do projeto com a identidade urbana, com a memória dos lugares, com a imagem da cidade, real e/ou ideal, com uma interpretação figurativa da cidade; de outro lado, uma posição que tende para uma continuidade morfológica com a cidade preexistente e a sua estratificação histórica e que procura, ao contrário, sublinhar as ligações do projeto com as preexistências físicas, com o sítio geográfico, com as características topográficas, com os traços antigos, com os assentamentos físico-morfológicos dos lugares. Em síntese, com a forma e estrutura da cidade, como uma interpretação morfológica dela mesma.
No primeiro caso, a relação instituída com o contexto é uma relação de certo modo idealizada, abstrata, fortemente subjetiva, frequentemente literária, que encontra estímulo em uma imagem mental de um lugar solicitada no imaginário coletivo ou, mais simplesmente, na figura do próprio arquiteto-artista. Nesse caso, o nexo entre análise e projeto, e assim o procedimento projetual e da formação do projeto, é do tipo metafórico, de translação mais ou menos consciente de imagens e de formas extraídas da tradição de um lugar.
No segundo caso, a relação instituída com o contexto é, em certa medida, mais concreta e tende a uma objetividade, ainda que relativa. Funda-se sobre dados analítico-descritivos, típicos da geografia ou da arqueologia mais que da história. O nexo entre análise e projeto é mais estreitamente correlato; trabalha-se sobre um sistema de relações físicas e espaciais; tem-se, assim, consequentemente, um procedimento projetual do tipo integrativo, tendendo a integrar estreitamente a nova intervenção com as formas edilícias e com as coordenadas espaciais circunstantes.
A diferença entre os dois procedimentos mostra-se evidente: no primeiro opera-se por translação dos signos e significados da história (filtrados através da sua imagem) ao projeto; no segundo, opera-se por escavação e descoberta de signos e significados da experiência de estratificação histórica de um lugar urbano específico (filtrada através da leitura, das estratificações físico-topográficas e dos seus “estratos” mais profundos e permanentes).
O tema subjacente colocado é aquele da relação entre projeto arquitetônico ou urbanístico e a cidade preexistente ou, em outras palavras, da relação entre arquitetura nova e contexto. Nesse sentido, a afirmação da morfologia aparece no seio da disciplina Urbanismo como componente fundamental na transformação do território, aqui revisto com o intuito de revelar a postura crítica e criativa do urbanista num exercício de renovação contínua.
Nessa linha, é reconhecida a importância da elaboração teórica e experimentação prática de Ernesto Rogers e de outros, que apesar das inegáveis diferenças de interpretação, trabalharam, não casualmente, próximos ao projeto cultural da revista Casabella-continuità, sob direção do próprio Rogers nos anos 1950. Dentre esses personagens merecem destaque Ignazio Gardella, de sua mesma geração, e Aldo Rossi, mais jovem e ligado a ambos.
Giuseppe Samonà, outro personagem de relevo da época, defende uma unità architettura-urbanistica, que não é para ser lida como fusão das duas disciplinas nem como vontade de construir um campo disciplinar intermediário e híbrido, mas como vontade de responder à busca de uma identidade urbana do espaço com o lugar, ou seja, da “dimensione umana dell'aggregato da costruire” com a “dimensione geografica dell'area relativa” (18), já que a projetação arquitetônica e projetação urbanística concorrem ambas à introspecção e à definição morfológica dos lugares (urbanos).
O acento essencial é colocado no conceito de morfologia urbana, ou seja, o estudo das formas construídas ou ainda, mais precisamente, “l'indagine sulle relazioni e gli elementi strutturali che compongono lo spazio insediativo, cioè sulla sua essenza formale, come insieme coerente e conchiuso, come sistema” (19). Esse luogo-spazio, que se propõe como unidade elementar componente da cidade é, para Samonà, um sistema dotado de uma absoluta “finitezza” (a finitio albertiana?), e trata-se de uma unidade formal que frequentemente relaciona-se com um pedaço da arquitetura: “è un luogo intero della città, un complesso architettato che ha raggiunto una sua compiutezza formale definitiva (20).
Escreve Samonà:
“In germe la città antica viene esaminata dagli architetti nelle sue strutture edilizie, analizzate e classificate morfologicamente, senza preoccupazioni di riferimenti alla concretezza delle situazioni reali che animano le ossature dell'antico tessuto urbano. Ma che cosa è dunque questa unità urbana? E' un'unità figurativa? E' un'unità omogenea di elementi organizzati secondo un insieme tale da costituire ordine ed equilibrio fra le parti che la compongono? Non è così [...]. L'unità è un fatto complesso della città storica, e cioè un'unità-processo che ha un suo inizio, un suo punto di mezzo di grande splendore, e una sua decadenza. Quanto più coerenti sono queste parti pietrificate del processo, tanto più alto è il livello culturale, politico, artlstico della città storica e la sua unità spirituale e figurativa” (21)
Ludovico Quaroni, diferentemente de Rogers e Samonà, muitas vezes fala explicitamente de um possível nível intermediário entre arquitetura e urbanismo, girando ao redor dos temas do “disegno urbano” e do “piano-quadro”, que se propõem como capazes de substituir a insatisfação do “plano particolareggiato” e do “planivolumetrico”, mediando entre alguns componentes de programa do desenvolvimento típico do urbanismo e componentes compositivos espaciais típicos da arquitetura.
A investigação de Quaroni aponta, sobretudo, para a superação de uma práxis, que existe geralmente na planificação particularizada incapaz de criar uma profícua comunicação entre planificação do desenvolvimento, ideia complexa do projeto na escala urbana, e realização arquitetônica de partes isoladas.
Ao ensinamento desses mestres anteriormente elencados acrescenta-se Saverio Muratori e as discussões que iriam florescer no seio do IUAV, já nos anos 1960. O interesse por uma nova abordagem do aporte da arquitetura ao tema do controle/projeto da forma urbana então emerge, e um nome importante dentro desse contexto é, sem dúvida, o de Aldo Rossi e seu livro intitulado L'architettura della città (22). Na obra, através dos estudos de seus “fatos urbanos”, Rossi chega a uma hipótese de “projetação da cidade”, fundada sobre um processo analógico, instituído entre a estrutura urbana histórica e a construção da cidade nova:
“eu creio que o modo mais sério de operar sobre a cidade, ou para melhor entendê-la – que não é muito diferente –, é aquele de colocar uma mediação entre a cidade real e a cidade análoga. E que esta última, se coloque como a autêntica projetação da cidade [...]. Em outros termos, é uma forma de servir-se de uma série de elementos diversos, entre eles ligados ao contexto urbano e territorial, como ponto central da nova cidade” (23)
Mas se a discussão entre Plano e Projeto, arquitetura e urbanismo, sustentou os primeiros anos do debate disciplinar nos anos 1970, a noção de renovatio urbis que emerge a partir da pesquisa histórica de Manfredo Tafuri sobre as reformas do Doge Gritti na Veneza do Renascimento, começa a fazer parte da cena projetual embasando um discurso que vai avançar nas décadas subsequentes. Disso derivou uma verdadeira e própria teoria da projetação, que vê o projeto de arquitetura como “modificação crítica do território” (24). Assim, o projeto, ao dispor-se com clareza absoluta, torna-se instrumento de transformação das relações existentes no sítio; procura o confronto com as permanências, para modificar as regras de pertencimento.
A ideia de modificação está, aqui, estreitamente conectada a uma outra noção, da qual é necessário explicitar imediatamente o sentido: aquela de lugar. A modificação enfrenta justamente as relações que se instauram entre arquitetura e lugar. Citando Gregotti:
“Modificação, pertencimento, contexto, identidade, especificidade e lugar, são um grupo de vocábulos que parecem pressupor uma preexistente realidade a ser conservada transformando-a, tramando-lhe a memória com traços a ela pouco a pouco enraizada à base de traços precedentes; uma realidade que aparece na forma física de uma geografia a qual o culto cognitivo e a sua interpretação fornecem o material fundante do projeto” (25)
Assim, essa “teoria da modificação” de Vittorio Gregotti trata de:
“trabalhar sobre diferenças significativas [...] procurar a solução do caso específico, re-encontrando nas leis da construção do lugar os principais materiais a serem confrontados com o avanço disciplinar, e somente através dos mesmos propor os fragmentos das hipóteses [...]. Dessa forma, o contexto sempre se constitui em material indireto para verificação de uma arquitetura do lugar” (26)
Nos artigos dos anos 1980, agrupados no livro Un progetto per l’urbanistica (27), Bernardo Secchi delimita um campo de investigação para o urbanismo a partir de algumas questões, sem negligenciar a forma física da cidade, entendida como síntese de processos sócioeconômicos capazes de levar a repensar o papel do urbanismo na sociedade contemporânea.
Suas reflexões situam-se na linha da reconstrução da identidade e da autonomia do urbanismo como disciplina que mantém vínculos estreitos com a arquitetura, mas que em alguns pontos dela se distingue. No texto em que Secchi polemiza o propósito da relação entre plano e projeto a favor da autonomia do urbanismo, Benevolo sustenta que:
“o ‘urbanismo’, na sua especificidade, é somente o conjunto de técnicas capaz de colocar cada projeto de arquitetura no tempo e no lugar preciso; deve criar condições preliminares para a arquitetura e não antecipar arbitrariamente seus resultados. Os instrumentos urbanísticos, por sua vez, são formalizações parciais pertencentes a uma sequência que, no seu conjunto, apresenta-se como um fato arquitetônico na sua totalidade e se justifica por tornar eficaz a fase de realização final” (28)
Para Benevolo, a inclusão de determinados projetos no plano não passava de um modo de satisfazer a especulação imobiliária. Partindo do fato de que as condições eram outras, a resposta de Secchi rejeitava a ideia do plano como o ponto de partida de uma série de instrumentos hierarquicamente subordinados, mas o entendia como “um projeto concreto capaz de se constituir em programa para uma nova investigação […] sobre as relações de diversas ordens de espaços e construções”, na qual à administração caberia “definir os tempos e os modos de uma ativação legítima dos interesses, questão muito mais complexa que o respeito somente às regras do jogo” (29).
O que Secchi exprime, e que sem dúvida é o escopo do seu livro Primeira lição de urbanismo (30), é falar de um urbanismo como testemunho de um vasto conjunto de práticas, que são aquelas da contínua e consciente modificação do estado do território e da cidade. Mas também para o autor, falar de urbanismo hoje significa ocupar-se de algumas coisas: como elaborar projetos pontuais a serem inseridos dentro de uma visão de longo período que são passíveis de serem controlados continuamente com cenários.
Logo, o jardim, mas também o fragmento e as outras figuras em um contínuo deslize aparecem como aquilo que tem consistência material e visível e que constitui um depósito físico dos processos econômicos e sociais, a herança de um momento histórico que dura no tempo. A forma comporta-se como uma espécie de arquivo das políticas e das práticas que podem ser reinterpretadas, com a prerrogativa de poder ser observada de maneira direta compondo uma ampla e eclética seleção de “materiais” a serem manipulados.
A condição de “fragmento” que cada elemento assume na cidade contemporânea, e que vem explicitada no índice dos livros de Donatella Calabi, tem a possibilidade de ser reconhecida na sua identidade individual, de um possível isolamento do contexto do qual, porém, torna-se difícil, se não impossível, reconstruir a unidade, e do qual somente a parte é capaz de conter as regras gerais.
Temos formulada, dessa forma, “a hipótese de uma teoria da projetação arquitetônica onde os elementos são prefixados, formalmente definidos, mas onde o significado que desencadeia o processo da operação é o sentido autêntico, imprevisto, original, da investigação”, já que “cada um pode se encontrar diante de elementos fixos e racionais, na própria história, e acentuar o caráter peculiar de um lugar, de uma paisagem, de um monumento” (31).
Ao analisar os planos de Bernardo Secchi, Patrizia Gabellini fala de:
“uma nova forma de plano e técnica, que se distancia de uma coleção sistemática e fechada de formas predefinidas, e se aproxima de um acúmulo de materiais a serem reutilizados, numa espécie de catálogo aberto, a partir do qual se atinge a referência específica à tematização” (32)
Boeri (1993), ao discorrer sobre Secchi e sua noção de urbanismo e de Plano, esclarece que o autor pensa, seja um como o outro, como um texto, já que no território da dispersão não é possível de ser pensado um desenho complexo que possa determinar dimensões, densidades ou infraestruturas, pois aí é que emerge o papel e o sentido de uma interpretação do plano como texto:
“nas áreas da dispersão, onde os lugares não tem nome, o plano pode, através de imagens, símbolos e cenários, ocupar-se de ‘espaços abertos plurais e sem identidade da cidade difusa, (que) é onde com mais evidência manifesta-se a não convergência de mapas mentais dos indivíduos; que frenquentemente não são nem mesmo em grau de serem nominados’.” (33)
Questionamentos, indagações e hipóteses: o percurso formativo de Manfredo Tafuri entre projeto e história
A hipótese de base que conduz esta discussão é aquela de averiguar uma possível migração e/ou deslizamento de um método projetual da escola morfológica denominada muratoriana, reunida em torno dos Departamentos de Projeto do IUAV, a um método historiográfico, da denominada Escola de Veneza.
É sabido que no tocante à formação do novo Departamento de História, Manfredo Tafuri levou os arquitetos-historiadores a tomarem distância do métier de projetista, como forma de evitar que a “fecunda incerteza da análise” (34) fosse maculada pela certeza da proposição projetual; encorajou e promoveu, assim, a formação de especialistas em materiais, estruturas, métodos arqueológicos, história das técnicas e das representações, de modo a obter figuras competentes às quais encarregar também trabalhos de restauro e manutenção de patrimônio. É fato, também, que o encontro de Tafuri com Bruno Zevi foi determinante para as suas novas escolhas e que o confronto entre os dois assumiu grande importância em meio à discussão da denominada história operativa. No entanto, o estudo da contaminação de um método projetual a um historiográfico (e vice-versa), a partir de um exame minucioso de algumas trajetórias profissionais de projetistas, à luz de seus projetos e teorizações é, acreditamos, algo ainda a ser feito.
Desse modo, este ensaio insere-se nessa lacuna e, por essa razão, aqui são enumeradas algumas passagens importantes do percurso de Manfredo Tafuri, que denotam sua profunda ligação com o métier de projetista antes de sua atividade exclusiva de historiador.
A formação de Manfredo Tafuri acontece por meio da participação ativa na didática, embora tenha atuado e colaborado também com grandes nomes do cenário italiano como arquiteto projetista em diversos concursos e projetos: em 1959, participou do concurso para o projeto da Biblioteca Nazionale di Roma, com a equipe de Vaccaro e Manieri Elia; no âmbito do grupo romano AUA, colaborou na elaboração de alguns projetos para edifícios de Bologna e Latina, além de participar de outros concursos nacionais; em 1961, passou a colaborar com Adalberto Libera, outro importante protagonista da arquitetura do pós-guerra na Itália. No ano de 1960, assumiu a cadeira de professor assistente universitário ao lado de Salvatore Greco, docente do curso de Composizione Architettonica. É lá que começa a fazer parte de um grupo de trabalho com Aymonino, Piccinato, Quilici e Bracco. Entre 1964 e 1965, torna-se assistente de Ludovico Quaroni, titular da cadeira de Composizione, em Roma.
Nessa sua última fase, de 1964, o jovem Manfredo dedica a Quaroni uma breve monografia intitulada L. Quaroni e lo sviluppo dell’architettura moderna in Itália (35), que Cesare de Seta liquida imediatamente como um ato de reparação, afetuosamente consolatório no confronto de uma geração que viveu a tragédia da guerra e do Fascismo. Dois anos depois, em 1966 tem uma experiência como suplente de Ernesto N. Rogers, na faculdade de Milão, e escreve uma série de artigos publicados na revista Casabella, então dirigida por Rogers, e que tinha Vittorio Gregotti no papel de chefe de redação, e Aldo Rossi e Francesco Tentori como redatores.
Nesse sentido, o percurso de Manfredo Tafuri historiador procede pari passu com sua evolução didática em cadeiras projetuais, seja como assistente ou como colaborador de grandes maestri e capiscuola (no sentido estrito da palavra), do cenário italiano. Se esse percurso narra uma outra história, que é capaz de desmontar certezas da geração dos arquitetos-historiadores sem pranchetas, formados segundo seus princípios, é ele que, em certo modo, tem embasado as recentes transformações por que passaram o Instituto veneziano.
Notas
NE
Texto apresentado no I Enanparq – Encontro Nacional da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Rio de Janeiro, nov./dez. 2010.
1
Esta reflexão nasce da participação de duas bancas de qualificação na FAU-USP: a do doutoramento de Milena Ayala, sobre a trajetória profissional de Bernardo Secchi, sob orientação da Profa. Dra. Maria Cristina da Silva Leme e com participação do Prof. Dr. José Lira Tavares; e a do mestrado de Rafael Urano, sobre a trajetória profissional de Manfredo Tafuri, sob orientação do Prof. Dr. Mário Henrique Simão D’Agostino e com participação da Profa. Dra. Olgária Matos.
2
Equipe do PDP de Agudos: Adalberto da Silva Retto Jr – Unesp Bauru – Coordenador Técnico-científico do PDPA, Carlos Roberto de Paula Lima – Coordenador Político do PDPA. Equipe Técnica da Unesp Bauru: Norma Regina Constantino, Marta Enokibara, Kelly Magalhães; Unesp Botucatu: Célia Zimback; Christian Traficante. IUAV de Veneza/Doutorado de Urbanismo: Bernardo Secchi, Paola Viganò, Paola Pellegrini, Emanuel Gianotti. Estagiários: Adriana V.C. Junqueira, Adriana Trivellato, Ana Paula Morais, André Luiz Acosta, Ana Paula Alarcon Mattos, Aline Silva Santos, Camila Nicolielo, Camila Rosa, Catarina Klein, Douglas Bezerra da Silva, Fernanda Turini, Fernando Rafael Dainese, Eve Cristina Valário, Élder Capello, Gleice da Conceição Sales Ferreira, Hugo do Nascimento Serra, Juliana Le Grazie, Lígia Arriaga Perassolli, Leila Anselmo, Luciana Luri Higashi, Luciana Maria Teixeira, Maria Fernanda, Mariana Greco Távora, Mariela Prudente Correa Berardo Toscano, Marília Carolina Faria Caetano, Maurício Sakamoto Yanata, Mônica Harumi, Rogério S. Machado, Rulian Nociti de Mendonça, Rachel Trevisan Savieto, Simara Regina Roma, Sheila Cristina Kajiwara, Tatiana Gerbelli, Thiago Fuschini Bicas. Colaboradores: Jandira Biscalchini, Eduardo Luiz de Oliveira, Bruno Furquim de Campos, Carolina Zequim, Giovanna Carraro Maia, Lais Araújo Manaresi, Rafaela de Almeida, Silvia Mori. Equipe da Prefeitura Municipal de Agudos: Gervásio Cavini, Luiz Aleixo Cezarotti, Evandro José de Oliveira, Elisabete Lucas de Paula Souza, Flaviano José Garcia, Aurora Alexandre, Leliane Vidotti.
3
TAFURI, Manfredo. La piazza, la chiesa, il parco. Milano, Electa, 1991.
4
TAFURI, Manfredo. Ricerca del Rinascimento. Torino, Giulio Einaudi Editore, 1992.
5
TAFURI, Manfredo. Ibidem; BERENGO, Marino. L'Europa delle città. Torino, Einaudi 1999.
6
PAZZAGLINI, Marcello. Il dibattito sulla città e sul territorio. In: CONFORTO, Cina; et al. Il dibattito architettonico in Italia, 1945-1975. Roma, Bulzoni, 1977.
7
CALABI, Donatella. Architectural history and Urban History: a difficult marriage. Journal of Urban History, 1 nov. 1990, p. 70-78.
8
TAFURI, Manfredo. Prefazione. In: Renovatio Urbis” Venezia nell’età di Andrea Gritti (1523-1538), Roma, Officina Edizioni, 1984. O congresso foi realizado em junho de 1983 e a Ata foi publicada neste livro o livro curado por Manfredo Tafuri com ensaios de: Donatella Calabi, Maria Cali, Enio Concina, Robert Finlay, William Melczer, Paolo Morachiello, Edward Muir, Giorgio Padoan, Lionello Puppi, David Rosand, Ellen Rosand, Mario Sartor, Giovanni Scarabello, Aldo Stella.
9
WITTKOWER, Rudolf. Architectural Principles in the Age of Humanism. Londres, Alec Tiranti, 1952.
10
Ver: BURCKHARDT, Jakob. The Civilization of the Renaissance in Italy, 1860; BURCKHARDT, Jakob. The History of the Renaissance in Italy, 1867. English translation: SGC Middlemore, 2 volumes, Londres, 1878.
11
ZUCCONI, Guido. La citta contesa: Dagli ingegneri sanitari agli urbanisti (1885-1942) (Saggi di architettura). Milão, Jaca Book, 1988.
12
BENEVOLO, Leonardo. Le origini dell'urbanistica moderna. Roma-Bari, Laterza, 1963.
13
Sobre história do urbanismo, escreveu: E. Hénard. Alle origini dell'urbanistica: la costruzione della metropoli, 1974; uma antologia de textos de Baumeister, Stübben, Eberstadt, 1974; antologia de textos de W. Hegemann, 1975 e 1976; l male città: diagnosi e terapia, 1979; L'architettura domestica in Gran Bretagna, 1982; Parigi anni Venti. Marcel Poëte e le origini della storia urbana, 1997 e 1998; e Storia dell'Urbanistica europea. Questione, strumenti, casi esemplari, 2000. Sobre história da cidade moderna na Itália, Inglaterra, França: Fabbriche, piazze, mercati. La città italiana del Rinascimento, 1997; La città degli ebrei (com Concina e Camerino), 1991; Venise, 1999; com P. Lanaro dirigiu La città italiana e i luoghi degli stranieri, 1998; com J. Bottin Les Etrangers dans la ville, 1999. Atualmente dirige pela editora Laterza a coletânea de livros sobre História da Cidade, na qual publicou La Città del primo Rinascimento. Roma-Bari, Laterza, 2001.
14
Ver PES, L. Storici in regione. Un esempio di egostoria orale. Intervista a Donatella Calabi. In: Venetica. Rivista degli Istituti per la storia della Resistenza di Belluno, Treviso, Venezia, Verona e Vicenza. Padova, Cierre Edizioni, 2004, p. 139-160. Ver também: RETTO JUNIOR, A. S.; BOIFAVA, B. A' scuola di Venezia' e a historiografia da arquitetura e do urbanismo: diálogo com Donatella Calabi. Coleções FAAC/Gráfica e Editora Coelho. Bauru, 2005.
15
Uma das mais importantes descobertas de arquivo na carreira de Donatella Calabi foi a reconstrução a partir do projeto de um pequeno canal do percurso de saída dos judeus do Ghetto de Veneza para os ritos funerários. Sobre isso ver : La città degli ebrei. Il ghetto di Venezia: architettura e urbanística. Veneza, Marsilio, 1991.
16
Donatella Calabi formou-se em arquitetura e por ocasião da morte de seu pai, Danielle Calabi, assume o escritório ocupando-se da continuidade de obras como do hospital psiquiátrico em Verona e Catania, dentre outros. Sobre isso ver o catálogo das obras de seu pai intitulado Daniele Calabi: architetture e progetti. Marsilio: Venezia, 1992; Ver também: PES, L. Storici in regione. Un esempio di egostoria orale. Intervista a Donatella Calabi. In: “Venetica”. Rivista degli Istituti per la storia della Resistenza di Belluno, Treviso, Venezia, Verona e Vicenza. Padova, Cierre Edizioni, 2004, p.139-160.
17
CASCIATO, 2003. Sobre isso: CASCIATO, M. The Italian Mosaic: The architect as historian. Journal of the Society of Architectural Hstorians, n. 62, mar. 2003.
18
Ver: TENTORI, F. M. Fusioni fra archtettura e urbanística. Milão, Collana Universale di Architettura / Testo & Immagine, 1996.
19
SAMONÀ, Giuseppe. Urbanistica e l'avvenire della città. Roma-Bari, Laterza, 1990, p. 35.
20
Idem, ibidem, p. 66.
21
Idem, ibidem, p. 121.
22
Aldo Rossi. L'architettura della città. Milão, Marsilio Editori, 1966.
23
Idem, ibidem, p. 60.
24
GABELINNI, Patrizia. Figure di urbanisti e programmi di urbanistica. In: CAMPOS VENUTI, G.; OLIVA, F. (Org.). Cinquant'anni di urbanistica in Italia, 1942-1992. Bari, Laterza, 1993.
25
GREGOTTI, Vittorio. In difesa della ragioneria urbanística. Casabella, n. 526, Milão, 1986, p. 2-3.
26
GREGOTTI, Vittorio. Il territorio dell'architettura. Milão, Feltrinelli, 1966.
27
SECCHI, Bernardo. Un progetto per l’urbanistica. Torino, Giulio Einaudi Editore, 1989.
28
BENEVOLO, Leonardo. I progetti nel piano. Casabella, n. 563, Milão, 1989, p. 34-36.
29
SECCHI, Bernardo. L’eccezione e la regola. Casabella, n. 509-510, Milão, 1985, p. 29-31.
30
SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo, Ática, 2000.
31
ROSSI, Aldo. Scritti scelti sull´architettura e la città. Torino, Città Studi Edizioni, 1975.
32
GABELLINI, Patrizia. Figure di urbanisti e programmi di urbanística. In: CAMPOS VENUTI, G.; OLIVA, F (Eds.). Cinquent´anni di urbanística in Italia, 1942-1992. Bari, Laterza, 1993.
33
BOERI, S., A.Lanzani, E.Marini, Il territorio che cambia. Milão, Segesta, 1993.
34
CIUCCI, Giorgio. Gli anni della formazione. Casabella, Milão, n. 619-620, 1995, p. 14.
35
TAFURI, Manfredo. Ludovico Quaroni e lo sviluppo dell’architettura moderna in Itália. Milão, Edizioni di Comunità, 1964.
sobre o autor
Adalberto da Silva Retto Júnior é arquiteto e professor do Curso de Arquitetura da Unesp Campus de Bauru, com doutorado FAU USP/ Departamento de História do IUAV de Veneza (2003) e pós doutorado (Fapesp) no IUAV de Veneza (2007).