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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Este artigo traz resultados de um Trabalho de Conclusão de Curso finalizado em 2017, no Centro Universitário de João Pessoa, sobre o impacto da arte urbana temporária em dois bairros da capital paraibana, a fim de discutir as relações entre arte e cidade.

english
This article shows the results of a Undergraduate Thesis, completed in 2017 at Centro Universitário de João Pessoa, about the impact of temporary urban art in two districts of João Pessoa, in order to discuss the relations between art and city.

español
Este artículo trae resultados de un Trabajo de Conclusión de Curso, finalizado en 2017 en el Centro Universitario de João Pessoa, sobre el impacto del arte urbano temporal en dos barrios de João Pessoa, a fin de discutir las relaciones entre arte y ciudad


how to quote

MELO, Juliê Caroline dos Santos; DIMENSTEIN, Marcela. A cidade grita. Intervenções artísticas temporárias em João Pessoa PB. Arquitextos, São Paulo, ano 22, n. 254.00, Vitruvius, jul. 2021 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/22.254/8134>.

Este artigo aborda o impacto da arte urbana temporária na cidade contemporânea, explorando as relações entre arte, arquitetura e urbanismo. Por tratar da relação dos habitantes com as cidades, esse tema adquire relevância, uma vez que tem o potencial de manifestar a amabilidade de um local, conceituada por Adriana Sansão Fontes (1) como a qualidade que confere significado a um espaço sem identidade, pois estimula vínculos sociais e conexões das pessoas com o ambiente.

O papel da arte na cidade tem se destacado nas discussões urbanas, já que permite correlações com o contexto atual da sociedade contemporânea. As visões utópicas de mundo, as religiões tradicionais e as formas de pensar a sociedade se dissiparam ao longo do tempo, devido aos avanços científicos e tecnológicos do período pós-guerra, reduzindo as certezas ilusórias e deixando espaço para dúvidas (2). Associado a isso, a ascensão do capitalismo e sua sede por lucro a curto prazo resultaram em indivíduos motivados pelo presente, tendo em vista que as certezas do futuro não existiam mais. Por conseguinte, Zygmunt Bauman (3) afirma que o foco no presente fez com que a efemeridade fosse a principal característica da sociedade pós-moderna, que passou a valorizar o que é rápido, superficial e momentâneo.

Seguindo essa linha de pensamento, Paola Berenstein Jacques (4) explicita que as cidades estão cada vez mais parecidas umas com as outras. A autora explica que isso é consequência da disseminação do mesmo modelo de cidade ao redor do mundo, em favor de financiadores multinacionais. Em decorrência disso, esses espaços se tornam reféns da negligência à escala humana, perdem o significado enquanto lugar de encontros e experiências e propagam desenfreadamente os grandes empreendimentos.

Fontes (5) aponta que alguns teóricos, como Richard Sennett (6) e Bauman (7), inclinam seus pensamentos ao pior lado da situação atual: a efemeridade enquanto geradora de hostilidade. Entretanto, ela afirma também ser possível extrair, dessa condição efêmera, um sentido de válvula de escape, gerando libertação para os citadinos.

Dialogando com essa percepção, Jan Gehl (8) expõe que a presença de atividades pequenas, pontuais e espontâneas gera voz em meio aos espaços escassos de identidade, muito presentes no contexto atual das cidades. Vera Maria Pallamin (9) discursa a respeito de como o estudo da arte urbana permite a compreensão sobre modos de produção desse contexto, que envolve não somente relações dentro de determinados grupos sociais produtores da arte, mas também a relação desses grupos com os habitantes receptores das obras artísticas, assim como a relação dos produtores e receptores com a cidade.

Baseando-se no conceito de Robert Temel (10), como explicado por Adriana Sansão Fontes (11), o temporário está entre o efêmero e o provisório. Por um lado, enquanto o efêmero diz respeito a algo que, após seu curto ciclo de vida, não pode ser estendido, o provisório pode se estender enquanto algo de melhor qualidade não é providenciado. Por outro lado, o temporário se inicia com a vida curta do efêmero e pode ser estendido como o provisório, embora sem ser substituto de algo.

Assim também, a palavra intervenção refere-se a expressão e interferência. No mundo artístico, interferência e intervenção têm o mesmo significado e dizem respeito à toda forma de arte feita na cidade (12). Do ponto de vista da arquitetura e urbanismo, Fontes aponta que interferência se trata de uma interrupção na rotina do espaço urbano.

Na contemporaneidade, algumas cidades globais se apresentam como grandes polos de manifestações artísticas que ocupam os espaços públicos de diversas maneiras. Casos como o Projeto Contenedores de Cirugeda, em Sevilla, o Ex. Vazio do grupo LabIt, no Rio de Janeiro, o projeto Fourth Pinth, em Londres, e os Invólucros Monumentais de Christo e Jeanne-Claude são exemplos de intervenções que ilustram formas distintas de implementação da arte urbana, que podem partir não somente de uma expressão espontânea de artistas ou coletivos, buscando ocupar e refletir, mas também de estratégias de políticas públicas, buscando dar visibilidade a algo. Contudo, expressões desses tipos são pontuais e, principalmente em cidades que atraem um grande contingente turístico, podem ser observadas formas mais recorrentes de manifestações artísticas que transformam a arte num ato cotidiano. Vale citar como exemplos as manifestações performáticas, como se vê nas Ramblas de Barcelona e na Times Square, em Nova Iorque, assim como as manifestações de caráter gráfico, observadas em casos como o Beco do Batman, em São Paulo, ou o Design District, de Miami. É importante ressaltar que, em grande parte, essas intervenções estão atreladas a um processo de turistificação, no qual os artistas percebem a oportunidade de maior exposição de suas obras.

Nesse contexto, este estudo tratou de rupturas temporárias no cotidiano da cidade de João Pessoa PB, identificando, através da arte, a relação entre a cidade e o citadino. As intervenções aqui exibidas inserem-se no conceito de arte contemporânea, a qual procura questionar limites e concepções preestabelecidos no mundo artístico. Foi a partir dessas indagações, então, que a arte se expandiu das galerias e dos museus para o espaço urbano.

Esse tema possibilita diversas abordagens, todavia, o estudo da arte urbana ocorreu por uma visão arquitetônica e urbanística, entendendo que o campo de Arquitetura e Urbanismo abrange não somente espaços edificados, mas também a percepção e a apropriação do indivíduo sobre a cidade. Logo, investigar os efeitos da arte urbana temporária em dois bairros da cidade de João Pessoa configurou-se como principal objetivo deste trabalho. De modo mais específico, foram pesquisadas e catalogadas as intervenções artísticas temporárias nos bairros de Tambaú e Jardim Cidade Universitária, bem como foi analisada a relação da população com proposições artísticas realizadas nas duas áreas da cidade.

A escolha dessas localidades ocorreu partindo do pressuposto de que era preciso entender o efeito da arte urbana em dois contextos distintos. Estes incluíam um bairro com muitas trocas de experiências sociais, ou seja, atividades de trabalho, lazer, esporte, circulação, dentre outras, que acontecem nas ruas, calçadas e praças, como Tambaú; e um local com poucas trocas de experiências sociais, que é o caso do Jardim Cidade Universitária.

Sobre o processo metodológico, foram realizadas observações não participantes, as quais, conforme Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira (13), permitem a obtenção de dados sem interferência pessoal, tendo em vista que consistem em ver, ouvir e examinar sem participar. Foram dedicadas doze visitas aos bairros estudados, voltadas à identificação e à categorização das intervenções artísticas temporárias encontradas. Associado a isso, foram feitos registros fotográficos e caracterização tanto das intervenções artísticas temporárias quanto do espaço onde elas foram inseridas. As visitas ocorreram variando entre os horários matutino, vespertino e noturno, em dias úteis e fins de semana.

Após a observação e a catalogação dos bairros, foram propostas intervenções que dialogaram com a potencialidade das artes previamente encontradas. Tendo em vista que as intervenções artísticas temporárias podem sofrer alterações de terceiros, realizaram-se posteriores visitas para o registro dessas mudanças.

Durante e após a intervenção artística realizada, algumas entrevistas informais foram feitas com os espectadores presentes. Eles foram questionados acerca do que acharam das intervenções e tiveram espaço para que falassem livremente sobre sensações, ideias, críticas etc.

Este artigo se divide em introdução, desenvolvimento e considerações finais. A primeira parte trata de introduzir o leitor à contextualização geral da pesquisa, assim como explicar os objetivos e processos metodológicos. Enquanto isso, a segunda explica o referencial teórico utilizado, além dos processos de estudo dos bairros e aplicação das intervenções. Por fim, as considerações finais filtram o que foi absorvido no estudo.

Referencial teórico

Em seu livro A História da Arte, Ernst Gombrich (14) evidencia que “a arte é considerada a principal ‘expressão de cada época’”. O autor explica que ela nem sempre esteve ligada ao sentido de representação sentimental, posto que esse significado está efetivamente conectado ao Romantismo do século 19. Entretanto, pode-se afirmar que, ao longo do tempo, onde houve manifestações artísticas de qualquer natureza, a arte esteve diretamente relacionada à expressão do contexto social das comunidades.

Bruno Zevi, em seu livro Saber Ver Arquitetura (15), aponta que o erro de tratar a Arquitetura como as outras formas de arte consiste em apenas ver o edifício superficialmente, apreciando sua estética. Ele explica que, diferentemente das outras manifestações artísticas, a Arquitetura lida com a responsabilidade do efeito causado no e pelo homem, direta e indiretamente. Entretanto, assim como as demais, ela representa a expressão do contexto social de determinada época. Por esse motivo, os estudos artísticos frequentemente dialogam com os arquitetônicos e urbanísticos na compreensão da sociedade.

Não existe um consenso sobre quando, de fato, a Arte Contemporânea se iniciou. Todavia, historiadores e críticos de arte, como Ernst Hans Gombrich (16), Arthur Danto (17) e Michael Archer (18), concordam que a separação entre ela e a Arte Moderna reporta-se ao fim da Segunda Guerra Mundial. As abordagens que impulsionaram as manifestações artísticas logo após a Segunda Guerra giraram em torno do cotidiano, de uma nova percepção do visual e do acaso. O valor da obra não está restrito ao produto, mas relacionado também ao processo e ao conceito, posto que a obra de arte era considerada como tal pelo simples fato de o artista ter o poder para designá-la. Dessa maneira, as barreiras entre arte e antiarte se estreitaram, de modo que mais pessoas poderiam ser consideradas artistas e mais obras poderiam ser compreendidas como arte.

Arthur Danto explica que, por mais que as obras contemporâneas se distanciassem do academicismo, essa não era a intenção de seus autores, sendo esta a diferença essencial entre arte Moderna e Contemporânea. Os artistas modernos tinham consciência e buscavam ativamente romper com a tradição. Por outro lado, “é parte do que define a arte contemporânea que a arte do passado esteja disponível para qualquer uso que os artistas queiram lhe dar” (19), ou seja, o artista contemporâneo busca referências tanto na arte acadêmica consolidada quanto no cotidiano que lhe cerca. Se antes o significado da arte estava ligado à expressão do artista, agora, no mundo contemporâneo, a percepção do observador também é válida.

A expansão das limitações preestabelecidas na arte levou os artistas a refutarem o porquê de ela ter um lugar determinado. A partir dessa ideia, as manifestações artísticas passaram a estar nas palavras, no som, no corpo, no chão ou em qualquer outro lugar que o artista desejasse – inclusive no espaço urbano. O desejo de aproximação da arte com a realidade levou vários artistas a preferirem o cotidiano das cidades às galerias. “O espaço asséptico da galeria ‘cubo branco’, puro e descontaminado, foi substituído pelo espaço limpo e contaminado da vida real” (20). Nelson Peixoto (21) explicita que, ao longo dos anos, a cidade deixou de ser apenas um novo tipo de galeria e passou a ter valor intrínseco às intervenções artísticas.

Na área das Artes, intervenção tem o mesmo significado de interferência. Ambas dizem respeito a toda forma de arte que rompe com a rotina do cotidiano (22). Elas envolvem questões políticas, sociais ou meramente estéticas, podendo ocorrer em qualquer espaço, tanto os privados, como museus e galerias, quanto os públicos, onde são potencializadas, uma vez que atingem uma maior e mais diversa parcela da população. O caráter permanente ou temporário não é somente atribuído pelo artista, mas também pela população, a depender da natureza das interações que poderão ocorrer entre público, artista e outras condicionantes.

Este artigo engloba quatro categorias de intervenções artísticas temporárias. É importante ressaltar que elas não são as únicas existentes, mas são as mais pertinentes para este trabalho, tendo em vista a cidade e os bairros aqui apresentados. Elas envolvem escultura, lambe-lambe (23), grafite (24) e grafite apagado (25) e performance (26).

No início da Arte Contemporânea, surgiram o happening (27) e a performance. A primeira categoria depende da interferência de terceiros, enquanto a segunda pode acontecer sem essa necessidade. Porém, neste artigo, ambas serão tratadas como “performance”.

Além disso, apenas no Brasil existe a diferenciação entre grafite e pichação (28). Segundo Margaret Imbroisi e Simone Martins (29), em outros países, essas obras eram consideradas frutos de vandalismo, até evoluírem para o status de manifestações artísticas, passando a ocupar espaços não somente na cidade, mas também em galerias. No Brasil, essas manifestações podem divergir na sua legalidade, assim como nas suas relações políticas e mercadológicas, uma vez que o grafite, geralmente bem aceito pelo público, recebe incentivo tanto de empresas como de gestores públicos, enquanto a pichação, ainda estigmatizada como crime, permanece marginalizada. Entretanto, apesar dessa compreensão, este estudo utilizou o termo “grafite” para abordar ambas as obras, em razão de que a pichação e o grafite brasileiros têm como objetivo a expressão e a visibilidade (30).

Tendo em vista que a arte se mostrou, ao longo dos anos, como a principal forma de refletir comunidades e indivíduos, as obras de arte contemporâneas vão ao encontro das características da sociedade atual. A temporariedade das intervenções artísticas aqui tratadas dialoga com a efemeridade da sociedade contemporânea, tendo um caráter social, principalmente na arte urbana.

As intervenções artísticas temporárias surgem como expressões do descontentamento com o quadro atual das cidades (31). Em meio a espaços frios, sem identidade e reféns da superficialidade, as propostas surgem como válvulas de escape e esperança de transformações. Da mesma forma, elas se mostram como mecanismos de propagação de ideias e ideais a qualquer tipo de público, inclusive àqueles que não têm acesso à informação.

Vera Pallamin (32) afirma que essas manifestações despertam visibilidade, apontam ausências de poder público, criam resistências à exclusão e geram convivências entre citadinos. Além disso, levanta o questionamento sobre como, por quem e para quem os espaços urbanos são criados, bem como quem são as vozes dominantes e quem exerce a produção, a participação e o usufruto da cultura.

Esse entendimento corrobora o pensamento de Adriana Sansão Fontes (33) sobre o potencial das intervenções artísticas temporárias de despertarem questionamentos a respeito da mecanização dos espaços urbanos. Segundo Manuel Delgado, conforme explicitado pela autora, o poder público considera inaceitáveis determinados usos que fogem ao planejado para certos lugares, tendo em vista que ele “costuma entender o espaço público como o que lhe pertence, mais do que pertence à coletividade” (34).

Análise do primeiro bairro: Jardim Cidade Universitária

O bairro está situado na área sudeste de João Pessoa, margeado pelos bairros Bancários, Mangabeira, Anatólia, Cidade dos Colibris e Portal do Sol. Essa zona teve sua ocupação inicial na década de 1960, mas somente em 1980 houve significativa expansão territorial, em razão das políticas de habitação de interesse social, com a implantação de conjuntos habitacionais (35). Assim, surgiu após o encerramento das atividades do Banco Nacional Habitação – BNH, com a atuação de agentes privados.

O bairro, que não está no eixo turístico da cidade, segundo Katia Pizzol e Edson Ribeiro (36), é majoritariamente residencial, comportando também os usos de comércio, prestação de serviços, instituições e estacionamentos no seu corredor viário principal. Também podem ser observados lotes vazios e edificações sem uso em toda a sua extensão. Mais recentemente, as edificações residenciais térreas vêm sendo substituídas por prédios de três ou quatro pavimentos, seguindo um padrão prismático e sem grandes preocupações estéticas ou com seu entorno, o que cria uma paisagem homogênea e maçante para aqueles que vivem e circulam por ali.

Jardim Cidade Universitária destacado no mapa do município
Elaboração das autoras a partir da base da Prefeitura Municipal de João Pessoa

Identificação das artes

Foi possível encontrar as quatro categorias de intervenções artísticas temporárias. Por ordem de intensidade, elas se dispõem, respectivamente, como: grafite, grafite apagado, performance, lambe-lambe e escultura.

Notou-se que os grafites se espalham por quase todo o bairro, em vias de alta e baixa intensidades de fluxo e em áreas com pouca e alta diversidade de usos. As performances encontradas, por sua vez, ficaram restritas às atividades realizadas por artistas de rua (malabares e acrobacias circenses) que se concentravam em cruzamentos de vias importantes e áreas comerciais.

Enquanto isso, o grafite apagado e o lambe-lambe foram percebidos em locais mais dispersos, em vias de fluxo moderado e em áreas com pouca diversidade de uso. Por fim, as esculturas foram vistas se adentrando no bairro, área prioritariamente residencial, em uma via de fluxo moderado.

Ao longo das observações de campo, podem-se constatar alterações nos resultados previamente encontrados. Foram percebidas modificações que envolveram a substituição de objetos por outros, pintura por cima das superfícies existentes, cartazes sobrepostos a grafites, demolição de paredes onde estavam intervenções, dentre outros, ressaltando o caráter temporário dessas intervenções artísticas.

Intervenções vistas no Jardim Cidade Universitária. Respectivamente: grafite, grafite apagado, esculturas, performance e lambe-lambe
Acervo Juliê Caroline dos Santos Melo e Marcela Dimenstein, 2017

Primeiras impressões

Com base nas observações de campo, há maior incidência de intervenções em áreas que permitem maior visibilidade, ou seja, intervenções mais elaboradas, que comportam desenhos, frases reflexivas e performances, estavam em vias de maior fluxo e com usos mais variados. Assim, é possível notar que o artista procura pontos estratégicos para intervir.

Também se pode observar que a relação entre as pessoas e a arte urbana pode ser variável. Muitos pedestres não mostraram algo além de indiferença às esculturas e aos grafites. Logo, foi possível lançar a hipótese de que a população, além de estar habituada à convivência diária com as intervenções, pode não as entender como formas de arte, seja pela sua associação com a marginalidade, seja por se tratar de uma expressão vernacular e popular. Maiores interações ocorrem apenas quando uma nova arte surge no bairro ou quando aparece como tópico de assunto em conversas.

A única interação percebida foi entre a população e as performances identificadas, quando pedestres e motoristas lançaram olhares e comentários sobre o desempenho dos malabaristas, bem como no momento em que alguns motoristas deram dinheiro aos artistas por suas apresentações.

Análise do segundo bairro: Tambaú

O bairro está situado na área leste de João Pessoa, margeado pelos bairros Cabo Branco, Manaíra e Miramar, bem como pela praia. Fúlvio Pereira (37) afirma que esse era um bairro pesqueiro até a década de 1940, quando ocorreu a abertura da Av. Epitácio Pessoa, que liga o centro à orla marítima. A criação de conjuntos habitacionais, associados à melhoria da infraestrutura local e à oferta de financiamento pela Caixa Econômica Federal, permitiu a inserção de residências permanentes na orla de João Pessoa.

Constatou-se que esse bairro, mesmo sendo majoritariamente residencial, pela sua localização turística perto das praias urbanas, apresenta grande diversidade de usos, o que diverge do que foi encontrado no Jardim Cidade Universitária. As vias principais apresentam um fluxo intenso de automóveis, ciclistas e pedestres que circulam e movimentam constantemente a região. Atualmente, devido à sua localização privilegiada, vem sofrendo uma rápida verticalização, apresentando uma paisagem marcada pelos edifícios com múltiplos pavimentos e de alto padrão, o que, por sua vez, também causa efeitos pouco satisfatórios no seu entorno, como congestionamentos, carência de áreas verdes, hostilidade com o “outro” urbano, processos de gentrificação, dentre outros. Contudo, esse cenário diverso também atrai artistas para a área, na tentativa de dar visibilidade às suas intervenções na cidade.

Tambaú destacado no mapa do município
Elaboração das autoras a partir da base da Prefeitura Municipal de João Pessoa

Identificação das artes

Em Tambaú, por ordem de intensidade, foram encontrados grafites, performances de artistas de rua e grafites apagados. Observou-se que os grafites se espalham por quase todo o bairro e abordam temas diversos. As performances ficam mais complexas e, além dos malabares, é possível ver apresentações de dança, truques de mágica, demonstrações de lutas marciais, dentre outras, que, por sua vez, se concentraram em vias de fluxo intenso e em área com grande diversidade de uso. Enquanto isso, o grafite apagado foi percebido em locais mais dispersos, em vias de fluxo intenso e moderado.

Intervenções vistas em Tambaú. Respectivamente: grafite, grafite apagado e performance
Acervo Juliê Caroline dos Santos Melo e Marcela Dimenstein, 2017

Primeiras impressões

Com base nas observações de campo, foi notória uma maior incidência de intervenções em áreas de grande circulação de turistas e moradores. Sobre as relações observadas, assim como no Jardim Cidade Universitária, os pedestres não mostraram nada além de indiferença ao grafite, uma vez que este não impõe nenhum obstáculo à circulação, ou seja, muitas vezes são invisibilizados.

As maiores interações foram percebidas entre essa população e as performances identificadas, que envolveram tanto interações diretas (aplausos, compra de produtos, incentivos verbais) quanto indiretas (olhares e conversas paralelas). Além disso, todos os performistas encontrados nesse espaço disponibilizaram uma caixa onde os pedestres poderiam depositar o dinheiro que lhes fosse conveniente em troca da apresentação, ou pediram dinheiro após o fim da intervenção artística.

Intervindo nos bairros

A partir dos resultados das observações de campo, foi possível notar que o Jardim Cidade Universitária apresentou uma maior potencialidade para intervenções que não necessitam de interação direta. Enquanto isso, as artes encontradas em Tambaú exploraram com maior força a performance e o contato direto entre artista e receptor da arte. Dessa forma, as intervenções propostas ocorreram de acordo com estas constatações: em Tambaú foi feita uma performance e no Jardim Cidade Universitária foram colocados três tipos de lambe-lambe.

No que diz respeito às interações com as artes, enquanto as relações diretas aconteceram quando a autora e os receptores da arte estiveram frente a frente em uma conversa informal, as comunicações indiretas envolveram a intermediação de outras ferramentas, como documentar as alterações feitas e acompanhar a hashtag (38) criada. Nessa perspectiva, ao passo que a interação direta envolve manifestação explícita de opinião sobre a arte aplicada, a interação indireta necessita de interpretação.

Jampa Tem Cor

São frequentes os exemplos de manifestações artísticas que utilizam poesias para quebrar a rotina das cidades com algo que desperte sensações. Nesta pesquisa, o intuito dos lambe-lambes foi exatamente esse. Como mencionado na introdução deste artigo, João Pessoa está à mercê dos espaços frios e sem identidade e, por essa razão, a intervenção feita no Jardim Cidade Universitária se intitulou “Jampa Tem Cor”.

Com inspiração na intervenção Perca Tempo, do coletivo artístico Poro, foram elaborados lambe-lambes que seguem a mesma iniciativa. O significado de perder tempo envolve, na verdade, aproveitá-lo. Em meio a uma sociedade efêmera, que vive refém da rapidez e do cumprimento de horários, praticar atividades que quebrem a rotina se apresenta como forma de resistência. Logo, objetivou-se a reflexão pessoal e sobre a cidade, além de permitir interação com a intervenção. A fim de documentar o contato da população com os lambe-lambes, foi criada a hashtag #jampatemcor, para que os receptores pudessem publicar fotos nas redes sociais e, desse modo, viabilizar sua interação com a intervenção.

Foram feitos três modelos de lambe-lambes, com várias séries dentre eles. O primeiro refere-se a caça-palavras que foram dispostos em paradas de ônibus, compostos por palavras de letras de músicas nacionais famosas. Sendo assim, o receptor da intervenção reutilizaria seu tempo de espera. O segundo modelo consistiu em o receptor escrever o que ele gostaria que aquele local fosse, sendo esses lambe-lambes colocados em muros de lotes vazios e em edificações sem uso. Por fim, o terceiro modelo diz respeito a versos de músicas nacionais famosas, com o objetivo de despertar algum sentimento no espectador, tendo sido dispostos em locais que proporcionassem grande visibilidade.

Lambe-lambes aplicados
Foto Alana Maluf Vilela, 2017

De forma geral, foi possível perceber que muitas pessoas observavam o que estava acontecendo, com olhares curiosos e de desaprovação, enquanto outras pessoas ignoravam ou desviavam o olhar quando a autora o percebia.

De início, durante a colagem do primeiro lambe-lambe, um homem se aproximou para saber do que se tratava e sugerir como fixar melhor o papel na superfície. Logo mais, na primeira checagem da hashtag, constatou-se que esse transeunte foi o primeiro a utilizá-la.

A fixação dos lambe-lambes de caça-palavras recebeu maior atenção dos transeuntes. Enquanto a autora e a acompanhante debatiam sobre o melhor espaço na parada de ônibus para a colagem, uma senhora sugeriu colar por cima de um anúncio que já estava ali há muito tempo e encorajou o ato, mesmo sem saber do que se tratava os lambe-lambes. Em seguida, após a colagem, uma jovem quis saber como funcionava a resolução do caça-palavras e o observou por alguns instantes.

Para impulsionar o alcance da hashtag e estimular a população a utilizá-la, algumas fotos foram adicionadas na rede social Facebook e no aplicativo de fotos Instagram, recorrendo-se ao perfil da autora e aos de conhecidos dela. Com o passar dos dias, foi possível perceber algumas interações com a hashtag, através de publicações que reproduziam as letras das músicas e selfies com os lambe-lambes. Após duas semanas que a intervenção foi realizada, as artes propostas também foram modificadas. Houve pintura sobre a arte aplicada – igualando-a com a superfície onde se encontra –, substituição dela por outro objeto e abertura de rasgos.

Lambe-lambe coberto por tinta, com área destacada em vermelho
Foto Alana Maluf Vilela, 2017

Todo lugar é lugar para qualquer coisa

É muito comum vermos espaços na cidade que reinventam sentidos e usos previamente estabelecidos. É o caso do local escolhido para essa intervenção. A praça Santo Antônio, localizada no bairro de Tambaú, foi reformada pela Prefeitura Municipal de João Pessoa para se transformar num complexo alimentar chamado Varandas de Tambaú, o que transformou a orla de Tambaú num dos pontos turísticos mais procurados pelos visitantes. Essa grande movimentação de pessoas no local atrai muitos artistas que subvertem os usos previamente estabelecidos para o local.

Mendes explica que “a própria cidade se faz matéria de criação não apenas do artista, mas de todos que reinventam os sentidos do espaço urbano através da experiência estética compartilhada” (39). Esse entendimento corrobora a afirmação do artista Felipe Morozini, de que “qualquer espaço é lugar para qualquer coisa” (40), a qual inspirou o título da intervenção feita em Tambaú: “Todo lugar é lugar para qualquer coisa”.

Dessa forma, elaborou-se uma performance que foi ao encontro dessas constatações. Corresponde a uma atividade fora de seu contexto natural, com o intuito de levantar a reflexão sobre apropriação de espaços e entender como um elemento existente num ambiente não esperado pode alavancar ou não interações entre pessoas. Portanto, levamos para o complexo alimentar uma piscina de plástico vazia, colocamos alguns elementos que remetem à praia dentro dela (cadeiras, baldes, pás, bolas) e esperamos para ver que tipo de interações poderiam acontecer.

Outras intervenções foram utilizadas como inspiração por fazer uso do conceito de apropriação de espaços: a Parede Gentil de Tiago e Gabriel Primo, que diz respeito à reutilização da parede de uma edificação, o Parking Day, que consiste no reuso de vagas de estacionamento, e o Permanent Breakfast, que propõe cafés da manhã em locais inusitados.

Apresentação da performance
Foto Cristiane Limeira de Farias, 2017

De modo geral, percebeu-se que muitas pessoas observavam o que estava acontecendo, com olhares curiosos e comentando com seus acompanhantes, enquanto outras pessoas ignoravam. Depois de algum tempo, um indivíduo fotografou a performance e, após alguns minutos, funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Urbano – Sedurb apareceram para averiguar o que estava ocorrendo, sem abordar os participantes da arte. Um vendedor afirmou que não havia nada errado e disse-lhes que a piscina fazia parte de uma pesquisa acadêmica. Após alguns minutos de observação, os funcionários da Sedurb foram embora.

Algumas pessoas se aproximaram para verificar do que se tratava, o que resultou em dezenove conversas informais. A maioria afirmou gostar de arte, enquanto uma parcela pequena apontou não entender sobre o assunto. A minoria informou não produzir nenhuma manifestação artística e, a respeito de arte urbana propriamente dita, a expressiva maioria dos entrevistados concordou que a arte deve estar na cidade, e não somente em galerias e museus.

Dentre as pessoas contatadas, mais da metade declarou gostar da intervenção, uma pequena parcela disse não gostar ou achar muito estranho, enquanto a minoria não demonstrou opinião. Quando foi questionado aos transeuntes sobre o que achavam ser a intervenção, as respostas envolveram: um ato de publicidade, um tipo de berçário ou espaço reservado para crianças, uma prova de resistência para saber quem aguentava ficar mais tempo dentro da piscina. Além disso, os participantes também consideraram se tratar de algo para chamar a atenção, sem que especificassem mais; apenas duas pessoas indicaram ser algo relacionado à arte.

Uma pequena parcela respondeu que a performance em questão teve relação com o ambiente inserido. Assim também, a minoria demonstrou a opinião de que a arte não deveria ser removida. Por fim, ao serem questionados se aquela intervenção era sinônimo de arte, menos da metade afirmou, enquanto uma pequena parcela negou e a minoria não informou. Dentre os que afirmaram, parcela deles alegou que, mesmo sendo arte, ainda era muito estranho.

Conclusão

Os estudos de arte, arquitetura e urbanismo se relacionam à medida que se compreende que obras artísticas evocam não somente o imaginário do artista, mas também sua percepção sobre o contexto social. Nesse sentido, elas também servem como protesto, documentação da realidade e propagação de informação a diversas camadas sociais.

Foi possível notar que as intervenções provocam reações diversas acerca da relevância delas na cidade e de como elas se enquadram no conceito de arte. Esse fato se relaciona com o que a Arte Contemporânea se propõe – fazem parte de sua essência o questionamento do papel das manifestações artísticas bem como o lugar onde elas devem estar e os seus significados. Percebeu-se também que a presença dessas artes incita a conexão entre pessoas e entre pessoas e lugares. Além disso, elas despertam identidade em espaços reféns da homogeneização.

Foi possível comprovar a afirmação de Cartaxo sobre como a apropriação de elementos da cidade, fugindo do que foi projetado, coloca essas manifestações artísticas em um contexto onde se confundem com o cotidiano urbano. Esta pesquisa também corrobora o entendimento de Fontes, quando explica que esses elementos comuns da cidade e do fluxo dos transeuntes aparecem ressignificados a partir da arte, despertando uma diferente relação com o citadino e incitando uma nova conexão entre a pessoa e o lugar.

As duas intervenções realizadas nos bairros de Jardim Cidade Universitária e Tambaú intencionavam quebrar, mesmo que minimamente, a rotina desses locais, despertando sensações na população que ali frequenta através dos lambe-lambes do “Jampa tem cor” ou da perfomance do “Todo lugar é lugar para qualquer coisa”. O fato de elas serem uma manifestação do cotidiano daqueles espaços provocou reações modestas, principalmente considerando a natureza das intervenções. Contudo, o fato de existirem, por um determinado momento, funciona como ações que motivam práticas desviantes em meio à cidade espetáculo, sendo uma crítica aos modos do vida e ao local em que vivemos.

Os impactos causados pelas artes urbanas encontradas, sejam eles positivos, sejam negativos, fazem parte do seu legado. As intervenções compõem sua temporariedade visual ou perceptiva, mas deixam marcas, ainda que imateriais, sobre a produção e apropriação do indivíduo na cidade.

Por fim, com esta pesquisa foi possível constatar que o estudo das relações entre citadinos e intervenções artísticas temporárias permite entender a dinâmica de apropriação do espaço urbano. À medida que o arquiteto e urbanista compreende as práticas sociais existentes tanto no espaço edificado quanto no livre, a probabilidade de criar projetos de sucesso é maior, tendo em vista que o homem é seu principal usuário e suas atividades devem ser levadas em consideração. Portanto, entendendo que as manifestações artisticas são formas de comunicação na cidade e um registro de nossa sociedade, torna-se relevante a voz de quem grita a mensagem ao espectador. A complexidade do universo dos lambes, grafites e performances de rua parte de inquietações que buscam a democratização do espaço e a acessibilidade aos meios de comunicação, firmando-se como válvulas de escape e expressão em um contexto de cidades globalizadas e dentro de uma lógica de mercado, o que fomenta a produção de espaços cada vez mais segregados, pacificados e padronizados. Isso posto, os estudos da produção da arte urbana se mostram relevantes também para o planejamento urbano e no processo projetual de Arquitetura e Urbanismo.

notas

1
FONTES, Adriana Sansão. Intervenções Temporárias, Marcas Permanentes: a amabilidade nos espaços coletivos de nossas cidades. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, Prourb FAU UFRJ, 2011.

2
NASCIMENTO, João Paulo Costa do. Abordagens do pós-moderno em música: a incredulidade nas metanarrativas e o saber musical contemporâneo. São Paulo, Unesp, 2011.

3
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro, Zahar, 2001.

4
JACQUES, Paola Berenstein. Errâncias urbanas: a arte de andar pela cidade. Arqtexto, vol. 7, Porto Alegre, UFRGS, 2005, p.16-25 <ttps://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/PDFs_revista_7/7_Paola%20Berenstein%20Jacques.pdf>.

5
FONTES, Adriana Sansão. Op. cit.

6
SENNETT, Richard. Carne e Pedra. Rio de Janeiro, Record, 1994.

7
FONTES, Adriana Sansão. Op. cit.

8
GEHL, Jan. Cidade Para Pessoas. São Paulo, Perspectiva, 2015.

9
PALLAMIN, Vera Maria. Arte Urbana. São Paulo: região central (1945 – 1999). São Paulo, Annablume, 2000.

10
HAYDN, Florian; TEMEL, Robert. Temporary Urban Spaces: Concepts for the Use of City Spaces. Basiléia, Birkhauser, 2006.

11
FONTES, Adriana Sansão. Op. cit.

12
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. História das Artes, 1998 <http://www.historiadasartes.com/>.

13
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo (org.). Métodos de Pesquisa. Porto Alegre, Editora UFRGS, 2009 <http://www.ufrgs.br/tri/sead/publicacoes/publicacoes-sead/serie-para-educacao-a-distancia/graduacao/metodos-de-pesquisa-2009>.

14
GOMBRICH, Ernst Hans. A História da Arte. Rio de Janeiro, Ltc, 2000.

15
ZEVI, Bruno. Saber Ver Arquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 2009.

16
GOMBRICH, Ernst Hans. Op. cit.

17
DANTO, Arthur. Após o Fim da Arte: arte contemporânea e os limites da história. São Paulo: Odysseus Editora, 2006.

18
ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: uma história concisa. São Paul: Martins Fontes, 2013.

19
DANTO, Arthur. Op. cit., p. 7.

20
CARTAXO, Zalinda. Arte nos Espaços Públicos: a cidade como realidade. O Percevejo Online, vol. 1, n. 1, Rio de Janeiro, PPGAC UNRIO, jan./jun. 2009, p. 3 <http://www.seer.unirio.br/index.php/opercevejoonline/article/view/431/381>.

21
PEIXOTO, Nelson Brissac. Intervenções urbanas. Intervenções Urbanas: arte/cidade. São Paulo, Editora Senac São Paulo, 2012.

22
FUREGATTI, Sylvia Helena. Escultura II, 2008 <http://www.iar.unicamp.br/dap/escultura2/index.html>.

23
Aplicação de papel com misturas colantes de diversos tipos em qualquer superfície que o artista deseje.

24
Desenhos ou inscritos em qualquer superfície do espaço urbano.

25
Obras de grafite apagadas por terceiros.

26
Espécie de cena teatral que pode ou não ser roteirizada ou sofrer alterações de terceiros.

27
Em tradução literal: acontecimento.

28
Pixo. Vimeo, São Paulo, Roberto T. Oliveira, João Wainer, 2009 (61 min.), son., color <https://vimeo.com/29691112>.

29
IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Op. cit.

30
NOGUEIRA, Cristiana. A (im)permanência do traço: rastro, memória e contestação. Pracs, vol. 2, n. 2. Macapá, Unifap, 2009 <https://periodicos.unifap.br/index.php/pracs/article/view/35>.

31
FERREIRA, Manuela Lowenthal; KOPANAKIS, Annie Rangel. A cidade e a Arte: um espaço de manifestação. Revista Tempo da Ciência. Toledo, vol. 22, n. 44, p. 79-88. Unioeste, 2005 <http://e-revista.unioeste.br/index.php/tempodaciencia/article/view/12935>.

32
PALLAMIN, Vera M. Arte urbana como prática crítica. PALLAMIN, Vera M. (org). Cidade e Cultura: esfera pública e transformação urbana. São Paulo, Estação Liberdade, 2002.

33
FONTES, Adriana Sansão. Op. cit.

34
DELGADO, Manuel. Apropiaciones inapropiadas: usos insolentes del espacio público en Barcelona. Andaluzia, UNIA, 2008, p. 132.

35
CASTOR, Dimitri Costa; LIRA, Anneliese Heyden; NEGRÃO, Ana Gomes. A periferização da cidade produzida pelo Estado: o setor sudeste de João Pessoa, Paraíba. In PEIXOTO, Elane Ribeiro; DERNTL, Maria Fernanda; PALAZZO, Pedro Paulo; TREVISAN, Ricardo (org.) Tempos e escalas da cidade e do urbanismo. Brasília, Universidade Brasília, 2014 <http://www.shcu2014.com.br/content/periferizacao-da-cidade-produzida-pelo-estado-setor-sudeste-joao-pessoa-paraiba>.

36
PIZZOL, Katia; RIBEIRO, Edson. O cotidiano urbano: uso e mobilidade nos passeios públicos em quatro bairros de João Pessoa – PB. Revista Geografia, DGEO UEL, 2005.

37
PEREIRA, Fúlvio Teixeira de Barros. Difusão da Arquitetura Moderna em João Pessoa (1956 – 1974). Dissertação de Mestrado. São Carlos, IAU USP, 2008, p. 72 <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18142/tde-21072008-142851/pt-br.php>.

38
Ferramenta para organizar conteúdos em redes sociais, reunindo assuntos de um mesmo tópico e precedido pelo símbolo #.

39
Mendes, 2012, p. 6

40
Felipe Morozini. Depoimento dado na aula inaugural da 4ª Edição da pós-graduação em Design e Arquitetura de Espaços Efêmeros do IESP, s/d.

sobre as autoras

Juliê Caroline dos Santos Melo é arquiteta e urbanista, graduada em 2017 pelo Centro Universitário de João Pessoa.

Marcela Dimenstein é arquiteta e urbanista graduada pela Universidade Federal da Paraíba, em 2011. Mestre pelo PPGAU UFPB (2014) e doutoranda pelo PPGAU UFRN. Atualmente, é professora assistente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de João Pessoa e do Instituto de Educação Superior da Paraíba.

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