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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
O artigo analisa a importância da arquitetura escolar e sua influência na qualidade de ensino e no desenvolvimento infanto-juvenil. Assim, tratou-se da metodologia educativa Montessori associada ao projeto para o aprimoramento do ensino.

english
This article analyze the importance of the school architecture and its influence in teaching quality and in development of children and. So, it was about the Montessori educational methodology associated with the project for the enhancement of teaching.

español
Este artículo analiza la importancia de la arquitectura escolar y tu influencia en calidad de enseñanza y en desarrollo infantil y juvenil. Entonces, se trataba de la metodología educativa Montessori asociada con el proyecto para mejorar la enseñanza.


how to quote

CHAGA, Eduarda Gonçalves; FERREIRA, Julia Dallagnol D. S.; SOUSA, Maria Clara e Silva. Arquitetura como ferramenta educacional. A relação do ambiente com o desenvolvimento pedagógico infanto-juvenil. Arquitextos, São Paulo, ano 22, n. 264.03, Vitruvius, maio 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/22.264/8457>.

O presente artigo consiste na análise da importância das ferramentas de ensino aplicadas ao espaço arquitetônico, através de pesquisas bibliográficas referentes ao assunto. O propósito inicial é a busca de ambientes adequados em parâmetros de segurança e educação para promover a autonomia e aprendizado infantil. Nesse sentido, o trabalho aborda as fases de desenvolvimento infanto-juvenil com a pedagogia montessoriana na perspectiva arquitetônica, levando em conta o atual formato de organização espacial e o layout de muitas salas de aulas, além dos projetos de escolas genéricos e com pouco valor estético e lúdico.

Tendo em vista que a educação é um direito de todos os cidadãos e essencial no desenvolvimento da personalidade e do comportamento futuro das crianças, a escolha do espaço escolar adequado é de fundamental importância. Geralmente, as escolas tradicionais não possibilitam o crescimento educativo adaptado às limitações de cada aluno, corroborando para a desigualdade e gerando conflitos. Por meio disso, as ferramentas educacionais aplicadas ao espaço arquitetônico adequado estão disponíveis para facilitar a aprendizagem. Diante desse cenário, a influência da arquitetura no Método Montessori de ensino estabelece o princípio de organização, tanto do espaço, quanto das atividades a serem realizadas.

Desta maneira, o artigo mostra como o estudo do tema pode ser aplicado nas instituições escolares, apontando para o uso de pedagogias alternativas, tal qual a montessoriana, que respeitam o desenvolvimento do indivíduo. Privilegiando a despadronização do ambiente escolar, espera-se desmistificar a escola entendida como um “não-lugar” e contribuir com a sensação de pertencimento ao ambiente pedagógico.

Contexto histórico

Na Grécia Antiga, o sistema de educação não era desenvolvido e sendo informal era competência das mulheres e entendido como “criação”, como elucida Robson Gomes Barbosa (1). Segundo ele, quando os meninos completavam sete anos educadores eram contratados pelas famílias, ou seja, o poder financeiro ditava quem teria acesso à educação, enquanto as meninas eram destinadas ao trabalho doméstico. Além disso, na Roma Antiga o modelo de ensino era semelhante, um mecanismo de formação dos futuros cidadãos.

A Revolução Industrial instaurou um novo modelo de ensino, baseado no sistema fordista de produção. De acordo com Márcia Cristina Amaral da Silva e João Luiz Gasparin (2), a função da escola era o preparo para o ambiente de trabalho das fábricas e manuseio das novas tecnologias. Com o Movimento Moderno, a maneira de ver o espaço escolar se modificou. Os regimes democráticos nesse período influenciaram a reivindicação pelo acesso à educação como direito do cidadão e, para Antônio José Salles (3) a mão de obra qualificada tornou-se uma necessidade. Assim, modelos hierarquizados e segmentados de ensino passam a ser questionados, tendo em vista que a educação é uma fonte de conhecimentos múltiplos e visionários, e a escola não é apenas a difusora do conhecimento, mas também transmite valores aos educandos.

Paredes que educam

A escola é o lugar onde o aluno está sujeito à aprendizagem por meio da intervenção pedagógica, bem como das relações humanas estabelecidas nesse ambiente. Logo, o projeto desse edifício é essencial para o desenvolvimento e a socialização da criança. Segundo Frago e Escolano “a escola, em suas diferentes concretizações, é um produto de cada tempo, e suas formas construtivas são, além dos suportes da memória coletiva cultural, a expressão simbólica dos valores dominantes nas diferentes épocas” (4). Desse pressuposto, compreende-se que a arquitetura escolar se configura como um programa, que expressa princípios e ideologias construídas culturalmente e que, aliada à educação, atua como alicerce da sociedade.

Direito universal

“Todo ser humano tem direito à instrução [...]. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais” (5).

Graças a esse direito universal, a importância da educação é reconhecida na sociedade, tanto no seu papel da construção intelectual das crianças e jovens, como na sua formação como parte integrante do corpo social, uma vez que antes, na maioria dos casos, apenas quem tinha condições econômicas podia investir no próprio ensino.

A educação é um direito que deve ser garantido, entretanto, a forma e as condições com que o ensino é oferecido são questões que precisam ser levadas em consideração. Uma escola com pouca ventilação ou iluminação não está cumprindo com a qualidade de ensino dos educandos, assim como, uma edificação sem espaço de lazer e recreação ou com uma estrutura que não seja capaz de atender à metodologia pedagógica da escola. Dessa forma, a arquitetura tem papel fundamental, tanto no âmbito técnico, como no âmbito social, ao propor projetos que visam satisfazer as necessidades dos educadores e educandos.

Diante disso, é notório o fato de que as diferentes metodologias de ensino utilizadas nas escolas influenciam no projeto arquitetônico, e da mesma forma o projeto é capaz de influenciar na metodologia pedagógica aplicada, e ambos ao final atuam no comportamento de forma individual daqueles que usufruem do espaço.

Infância

A infância é uma fase primordial na vida de uma criança, responsável pela absorção de conhecimentos e de interações que contribuem na formação de sua identidade, auxiliando no desempenho escolar e amadurecimento emocional, formando futuros profissionais a partir de uma base sólida educacional. Por isso, o investimento na educação da primeira infância é essencial não só para a criança, mas para a sociedade em geral, visto que seus primeiros aprendizados influenciam no desenvolvimento social, emocional, físico e cognitivo. Dessa maneira, surgem alternativas ao sistema convencional de ensino para atender as necessidades específicas de cada criança, as chamadas pedagogias alternativas.

Pedagogias alternativas

As pedagogias alternativas são ferramentas viáveis em relação à potencialização do método de aprendizagem, visto que, são responsáveis pela didática encarregada de enriquecer o conhecimento através da prática de atividades. Para isso, torna-se necessária a escolha eficiente de metodologias que se adequem ao ritmo do aluno, respeitando o desenvolvimento infanto-juvenil.

Dessa maneira, surgem pedagogias que permitem a interação do indivíduo com o espaço no qual está inserido, nos trazendo questionamentos sobre as maneiras tradicionais de educar, as quais geralmente estão centradas no professor e no hábito conteudista.

Existem diferentes metodologias de ensino, que surgiram devido ao avanço do pensamento sociológico de cada época, que resultaram e ainda resultam em novas metodologias, como: Método Maria Montessori, desenvolvido pela médica e pedagoga Maria Montessori, o qual segue o princípio de liberdade e desenvolvimento natural das habilidades infantis.

Método Maria Montessori

Maria Montessori, em seu livro Pedagogia científica: a descoberta da criança (6), afirma seu método ao considerar o desenvolvimento e as fases de aprendizagem infantil, proporcionando a independência por meio da autoeducação, isto é, através do respeito ao processo natural de conhecimento infanto-juvenil, observa-se a relação do indivíduo com espaço que está inserido: absorção e exploração daquilo que está ao seu alcance, realizando uma experiência sensorial. Sendo assim, o ensino se adapta à capacidade de aprendizagem de cada aluno, respeitando a velocidade da criança (7).

O aprendizado é reforçado através da repetição de atividades, equilibrando liberdade e disciplina. Entretanto, para isso, a autora afirma que é necessário um ambiente organizado para evitar distrações e impulsionar a concentração. Ademais, o espaço deve ser estimulante, com objetos que despertem interesse. São utilizados, principalmente, itens do cotidiano para auxiliar na capacidade de realizar tarefas do dia a dia, promovendo o convívio social, uma vez que, as tarefas servirão para ser realizadas fora do ambiente escolar (8).

Os princípios básicos são: diversidade, respeito e qualidade de aprendizagem, caracterizando o método montessoriano. Logo, por meio de atividades sensoriais tais objetivos são atingidos. O estímulo dos cinco sentidos, bem como a independência e foco são realizados por meio da prática.

O material dourado, utilizado para matemática, é um exemplo de peça produzida por Maria Montessori, facilitando a educação numérica, visto que incentiva a concentração no processo de cálculo. Assim, há o desenvolvimento do silêncio e amor pelo trabalho, auxiliando no comportamento equilibrado por meio da interação adequada do ambiente. Diante desse cenário, o papel do professor é de auxiliar, facilitando as funções dos alunos, já que a observação é uma virtude estabelecida. Uma vez que, “a atividade da criança há de ser impulsionada pelo seu próprio eu, e não pela vontade da mestra” (9).

A metodologia educativa preza pelo ambiente planejado, pois há fluidez em locais organizados, onde a criança tenha liberdade e alcance às tarefas, com a garantia de segurança.Tal afirmação é feita em seu livro, visto que, “as condições que tornam possível a manifestação dos caracteres naturais da criança” (10). Com isso, ela percebeu a importância de adequar o ambiente às necessidades infantis, promovendo seu desenvolvimento natural.

Assim, a harmonia é um elemento fundamental na sala de estudos, isso torna possível a manifestação da personalidade natural do indivíduo. Iluminação natural, grandes janelas, isolamento acústico, relação do interior com a natureza e cores neutras são essenciais para o espaço arquitetônico desejado. O ambiente é caracterizado por salas amplas, as quais permitem a fluidez das atividades sem interrupção, devido a mobilidade permeável. Em relação ao mobiliário, deve ser em escala proporcional para o conforto da criança, disposto no campo de visão apropriado.

A importância do espaço escolar

Segundo Mayumi Watanabe Lima a padronização de programas, dimensões e materiais para construir edifícios escolares impactam negativamente no desenvolvimento criativo da criança e na falta de estímulo à curiosidade (11). Nesse sentido, compreende-se que a composição desse ambiente físico deve promover o pertencimento ao espaço e o aprimoramento do ensino, devendo a educação ser tratada com prioridade dada sua importância na preparação social dos indivíduos para a fase adulta e na construção de uma sociedade mais justa, benévola e humana (12).

O espaço escolar deve refletir aspectos de interesse da criança, tendo em vista que são construídos para elas. Nessa perspectiva, o ambiente exerce influência direta nos estudantes e a interação entre ambos irão nortear a qualidade do ensino, bem como a sensação de bem-estar. Logo, entende-se que o ambiente influencia o ser humano e assim a arquitetura não deve se limitar ao funcionalismo, mas sim transcendê-lo a fim de incentivar variadas experiências. No caso das escolas isso contribui também para a comunicação cultural.

É de extrema importância que levantamentos ergonômicos, estudos de conforto térmico, lumínico e acústico, as especificidades de cada região, bem como o uso de cores abrangendo a dimensão lúdica no ambiente sejam levados em consideração. Nesse sentido, a escola deixa de ser apenas espaço e se configura como lugar habitado, devendo ter seus ambientes bem aproveitados. Dessa forma, a criança se sentirá protagonista do lugar que, por meio das organizações espaciais e relações estabelecidas, afetará também sua participação em sala de aula.

O edifício escolar deve ser entendido como um equipamento urbano, capaz de integrar a comunidade ao corpo estudantil, tendo em vista que a aprendizagem acontece em múltiplos espaços.

Diante disso, compreende-se que ouvir e interpretar as crianças é essencial para o planejamento das escolas, que assim irão servir-lhes com apoio e terão papel fundamental na formação e desenvolvimento do indivíduo perante à ordem e imposições sociais.

O estudo permitiu a compreensão da influência do espaço arquitetônico na aprendizagem, bem como a ponderação da qualidade do ensino por meio de metodologias alternativas, como a montessoriana. Assim, entender que a função da escola vai muito além do ensino de disciplinas é uma maneira de estimular a reflexão sobre a adequação e a importância da arquitetura escolar.

Se a escola deve ser um local de estímulo às atividades de aprendizagem, habilidades e valores para a socialização dos estudantes, a preocupação com sua estrutura espacial é essencial para transformar o espaço em um local que o aluno queira permanecer, propiciando a interação do ambiente com o indivíduo. Além disso, compreender como esse espaço é formado e suas relações com os usuários colaboram para conceber novas maneiras de ensinar.

Esse planejamento da arquitetura escolar deve ser entendido como uma questão atemporal, tendo em vista que a forma de adquirir conhecimento está em constante mudança. Com a pandemia do Covid-19, por exemplo, a educação está diante de novos desafios. Logo, planejar o ambiente escolar é fundamental para possibilitar a introdução de novas tecnologias e materiais aliados ao ensino, e que priorizem o desenvolvimento da criança em seus aspectos cultural, cognitivo e social.

notas

1
BARBOSA, Robson Gomes. A história da educação na Antiguidade. Recanto das Letras, Ensaios, n. 3920034, out. 2012 <https://bit.ly/3LesKR1>.

2
SILVA, Márcia Cristina Amaral da; GASPARIN, João Luiz. A Segunda Revolução Industrial e suas influências sobre a Educação Escolar Brasileira. Projeto de Pesquisa. HISTEDBR On-line, n. 11, Maringá, 2005 <https://bit.ly/3v6w62M>.

3
SALES, Antônio José. A Revolução Industrial e a Educação. Recanto das Letras, Artigos, n. 2129184, jun. 2019 <https://bit.ly/3rM2Mwp>.

4
FRAGO, Antonio Viñao; ESCOLANO, Agustin. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. 2ª edição. Rio de Janeiro, DP&A, 1998, p. 47.

5
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração universal dos direitos humanos. ONU, dez.1948 <https://bit.ly/3LlFtkM>.

6
MONTESSORI, Maria. Pedagogia científica: a descoberta da criança. São Paulo, Flamboyant, 1965.

7
Idem, ibidem.

8
Idem, ibidem.

9
Idem, ibidem, p. 97.

10
Idem, ibidem, p. 42.

11
LIMA, Mayume Watanabe de Souza. A cidade e a criança. São Paulo, Nobel, 1989, p. 72.

12
KOWALTOWSKI, Doris. Arquitetura escolar —o projeto do ambiente de ensino. São Paulo, Fapesp, 2011, p. 11.

sobre as autoras

Eduarda Gonçalves Chaga é graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Julia Dallagnol D. S. Ferreira é graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Maria Clara e Silva Sousa é graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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