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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
Dora Alcântara, importante figura para a preservação do Patrimônio no Brasil, tem importante obra escrita ainda desconhecida do público geral. Este trabalho apresenta alguns textos de fonte primárias que mostram parte desta produção.

english
Dora Alcântara, an important figure for the preservation of Heritage in Brazil, has an important written work still unknown to the general public. This work presents some primary source texts that show part of this production.

español
Dora Alcântara, figura importante para la preservación del Patrimonio en Brasil, tiene una importante obra escrita aún desconocida para el gran público. Este trabajo presenta algunos textos de fuentes primarias que muestran parte de esta producción.


how to quote

COSTA, Daniella Martins; MORGADO, Daniela Quireza Campos. Vernácula e de contexto. Contribuições de Dora Alcântara para um estudo tipológico em Petrópolis. Arquitextos, São Paulo, ano 23, n. 265.06, Vitruvius, jun. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/23.265/8532>.

A cidade de Petrópolis, localizada no Estado do Rio de Janeiro, constitui patrimônio histórico e artístico nacional, por estar vinculada, como nenhuma outra, ao período imperial brasileiro e a tantos fatos memoráveis da história política do país — na qualidade de capital da República e, posteriormente, sede das decisões governamentais durante os meses de verão (1). É, assim, que a arquiteta carioca Dora Alcântara contextualiza a importância da pequena cidade da região serrana do Rio de Janeiro. Como muitos dos seus escritos nos contam, Dora contribui para a construção de um olhar atualizado para a proteção do patrimônio cultural.

Dora Alcântara nasceu no Rio de Janeiro, em 1931. Arquiteta formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade federal do Rio de Janeiro — FAU UFRJ em 1957, então Escola Nacional de Arquitetura, é parte desta primeira geração de mulheres que ajudaram a construir o patrimônio cultural no Brasil. Colaborou com a Diretoria de Patrimônio Histórico — DPHAN (1958–1968), onde participou de projetos ligados a preservação em diversos estados. Posteriormente, em 1975, no mesmo órgão, então denominado Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Iphan, assume a Coordenadoria de Proteção em 1987, e mais tarde a Coordenadoria Geral de Preservação de Bens Culturais e Naturais, entre 1987 e 1991 (2).

O objetivo principal do nosso trabalho, parte do projeto de pesquisa “#Elasfazempatrimôniocultural: os escritos de Dora Alcântara sobre preservação do patrimônio cultural”, é trazer à luz textos pouco conhecidos, produzidos por esta arquiteta, com uma vida dedicada a proteção do patrimônio cultural brasileiro. A pesquisa se baseia principalmente em fontes primárias, e nos interessa especialmente os textos produzidos em pareceres de processos de tombamento durante o percurso da arquiteta no Iphan, onde podemos ver uma grande contribuição na construção do campo teórico da preservação do patrimônio cultural no Brasil.

Para este artigo gostaríamos de compartilhar um documento especificamente, um folheto encontrando na Biblioteca Paulo Santos do Iphan, localizada no Rio de Janeiro. A biblioteca, onde encontramos o acervo pessoal do arquiteto e professor Paulo Santos (3), guarda o pequeno folheto, um primeiro estudo tipológico da cidade de Petrópolis coordenado por Dora Alcântara, com a colaboração da arquiteta do Iphan Helena mendes dos Santos, a então estagiária de história Marcia Regina R. Chuva (4) e desenhos executados pelas estagiarias de arquitetura Fernanda Marasciúlo e Ana Lúcia Belfort R. Magalhães.

O material foi produzido durante os estudos para a extensão do tombamento de Petrópolis, cidade cujo processo de preservação pode ser considerado o início de uma mudança na forma oficial entender e preservar sítios históricos no Brasil.

Um olhar contextual, Dora Alcântara e o sítio urbano de Petrópolis

A proteção da cidade de Petrópolis esta intrinsicamente ligada a reação da população local à possiblidade da perda de parte do acervo composto por esta arquitetura de “tipo não excepcional” (5) característica da cidade. Isto fica claro consultando o processo de tombamento do sítio urbano de Petrópolis, que se inicia com um pedido de Lourenço Luís Lacombe, diretor do Instituto Histórico de Petrópolis, a Rodrigo de Melo Franco, diretor do então DPHAN, para o tombamento de um “palacete de linhas sóbrias” na avenida Koeler (6).

O pedido, e a atuação da população, reconhecida como um dos valores para a proteção do sítio urbano-paisagístico (7), corrobora a ligação afetiva da cidade com seu patrimônio construído. Exatamente como descrito pela Carta sobre patrimônio vernacular edificado publicada pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios — Icomos, em 1999, “o patrimônio vernáculo construído ocupa um lugar central no afeto e no orgulho de todos os povos” (8). É entendido “como um produto característico” local com o qual se relaciona a sociedade. Além disto, a carta afirma ainda a importância deste acervo como relato da evolução da história local.

“É um foco da vida contemporânea e ao mesmo tempo um registro da história da sociedade. Embora seja obra do homem, é também criação do tempo. Seria indigno da herança do homem se não se cuidasse de conservar essa harmonia tradicional que constituem o cerne da própria existência do homem” (9).

O pedido de tombamento isolado é inicialmente negado pelo arquiteto Paulo Thedim Barreto, justificando que o edifício não possuía “aquelas características previstas no art. 1 do decreto-lei 25” (10). Mas, este reconhece a importância do acervo em conjunto, e no lugar do tombamento individual, propõe o tombamento urbano-paisagístico de algumas das vias centrais da cidade. O processo traz uma lista doze logradouros entre vias e praças onde se podiam encontrar os exemplares que guardavam ainda a os vestígios da história da ocupação da cidade e sua evolução.

Em um primeiro momento, se reconhece o valor do conjunto urbano-paisagístico da avenida Koeler “logradouro mais nobre da urbanização petropolitana” (11). O que traduz o pensamento da instituição a época, e sua busca por registros de excepcional valor. O tombamento da avenida Koeler, acontece em 1964.

Em 1980, novamente diante de pedidos dos moradores de Petrópolis, o então diretor do Iphan, Aloísio Magalhães, designa comissão formada pelos arquitetos Alcides da Rocha Miranda, Alfredo Luiz Porto, Dora Alcântara e Eurico Cavalcante e, posteriormente, pela socióloga Ana Maria Amorim. Tal Comissão tinha como objetivo proceder os estudos necessários à definição das áreas da cidade de Petrópolis, convenientes para um tombamento imediato, em âmbito nacional, assim como emitir parecer com recomendações voltadas à preservação dela (12).

O Iphan já havia reconhecido valor no acervo da cidade, antes do tombamento do sítio da avenida Koeler, o que culminou em uma série de tombamentos individuais entre os anos 1930 e 1940, com bens inscritos nos livros do tombo de Belas Artes e Histórico. Mas, como nos conta o geógrafo Rafael Ribeiro (13), na década de 1960, a Instituição amplia os critérios de análise de valor que passa “da ideia de monumentalidade e integridade arquitetônica” para “conjuntos modestos e triviais, associados sobretudo a história da formação do território brasileiro” (14).

A prova desta mudança está refletida na seleção de um tipo de arquitetura muito particular, que poderíamos descrever como vernácula, mas que Dora chama de contextual, porque inserida no contexto da paisagem local, “constitui parte significativa da leitura que claramente o conjunto oferece sobre a história e a sociedade locais” (15).

“Petrópolis não é como as cidades do ciclo do ouro, paradas no tempo e limitadas no espaço físico. Ela vive e se renova com rapidez espantosa. Petrópolis nasce após a Independência, com outras raízes e sincretismos equilibrados por saudáveis tradições” (16).

A comissão, analisando o pedido de extensão de tombamento, entendeu não deveria conduzir um procedimento comum de tombamento do conjunto, tendo em vista seu caráter dinâmico. Para compatibilizar o valor documental do sitio e núcleo urbano cheio de vitalidade, o caminho escolhido, no lugar do tombamento global, foi a preservação dos elementos mais característicos da cidade, onde se pudesse ler, o bom relacionamento das edificações com a paisagem natural, herdado da implantação do plano Koeler, As características arquitetônicas de certos conjuntos ou unidades, “representativos de vários segmentos sociais formadores da história local e a atuação da comunidade petropolitana no conhecimento e defesa de seu patrimônio” (17).

Dora Alcântara tem papel fundamental na escrita desta história. Não só por sua atuação na extensão do tombamento do sítio em Petrópolis, mas por contribuir na ampliação da proteção de importante acervo material no Estado do Rio de janeiro. Tal como, na preservação da praça 15 de Novembro e de suas imediações; do Centro Histórico de Paraty e do Sítio Roberto Burle Marx. Dora também esteve envolvida no tombamento de bens patrimoniais em diversos outros Estados, com destaque para o projeto de restauração do Solar São Luís, no Estado do Maranhão, e da proteção da Fábrica de Vinho de Caju — Tito Silva, assim como da técnica utilizada para tal fabricação, localizada em João Pessoa, na Paraíba (18). Através de seu trabalho, instruindo pareceres, defendendo e algumas vezes questionando a seleção deste patrimônio, esta arquiteta contribui com construção da identidade da comunidade local, e do país. E como afirma a Carta sobre patrimônio vernáculo, esta relação entre a população e seu patrimônio, traduzem não apenas ligações de proximidade geográfica, mas são “a expressão da diversidade cultural do mundo” (19).

Em homenagem prestada à arquiteta, durante o 4° Simpósio Científico do Icomos Brasil (20), a arquiteta Lia Motta evidencia o protagonismo de Dora em diferentes momentos do trabalho desta como técnica, especialmente em sua importante atuação na proteção do sítio de Petrópolis:

“A Dora, no meu entender, foi a pessoa mais importante nessa virada. A gente fala muito do Luís Fernando Franco (21) e com toda a razão, porque era uma pessoa maravilhosa e um colega nosso que estudou na Itália e trouxe um conceito de cidade documento pro Brasil, mas só que a Dora já tinha exercitado esse conceito sem dar esse nome, sem a criança ser batizada, em Petrópolis [...].
E aí, o Plano Koeller tinha a área nobre, daquela arquitetura com estilo e tal, mas também tinha os rios que formaram a cidade, que eram as áreas da produção rural, dos lotes maiores rurais maiores. E o que foi feito, foi o tombamento de um valor documental de um projeto de uma cidade. E aí, eu entendo, que o Luís Fernando, que ainda não estava no Iphan, foi recebido de braços abertos pela Dora porque ele trouxe esse conceito arrumado, europeu arrumando. Mas esse conceito não teria se criado no Iphan senão tivesse essa base. E o que a Dora fez? [...] ela foi receptiva também ao novo, ao novo que poderia ser estranhado por alguém que tinha autoridade [...]. Pelo contrário, ela abriu as portas e outros casos ocorreram, como o famoso caso de Laguna e tudo em um momento em que a Dora abriu as portas” (22).

Este depoimento, vai confirmando como algumas pessoas são fundamentais para a mudança na forma como olhamos nosso patrimônio. A atuação de Dora é de grande contribuição para a evolução do entendimento das cidades como patrimônio vivo e dinâmico, baseados não mais no conceito de “cidade-monumento”, que as define como “uma relíquia e paradigma da civilização material que a nação brasileira construiu” (23), mas associadas à ideia de “cidade-documento”, que corresponde a “um objeto rico de informações sobre a vida e a organização social dos brasileiros nas várias fases da sua história” (24).

De forma prática, a mudança que ocorreu na seleção dos critérios estéticos que foram substituídos, em parte significativa dos tombamentos, passando a ser fundamentados pelos valores históricos dos bens (25). Assim, a cidade começa a ser compreendida como um “documento histórico, um objeto cultural vinculado também à história, à etnografia, à arqueologia, ao urbanismo e a outras disciplinas, além da história da arte e da arquitetura, como era usual” (26). Tal argumento, passa a embasar a justificativa para o tombamento de áreas consideradas sem valor artístico, mas que representavam situações sociais e econômicas que marcaram a evolução das cidades brasileiras.

“É sintomático o fato de que o tombamento seja antipático àqueles segmentos da sociedade que tiveram de adotá-lo sem o devido esclarecimento, enquanto que outros vêm reclamando sua aplicação. O número de pedidos de tombamento, que era bastante reduzido, referindo-se anualmente a pouco mais de uma dezena de unidades, está hoje em torno de 60 pedidos, incluídos entre estes os de preservação de centros urbanos, com dezenas ou, às vezes, mais de uma centena de unidades” (27).

Arquitetura contextual e vernácula: estudo tipológico

Durante este tempo de mudanças de conceito e formas de ver o patrimônio construído, a extensão da área de tombamento da cidade de Petrópolis é aprovada em março de 1981. É nesta época que, Dora Alcântara, organiza as conclusões da comissão de estudos sobre Petrópolis para a apresentação em um seminário de História da Arte (28). Este é documento, que gostaríamos de apresentar. O folheto intitulado “Petrópolis arquitetura contextual: Considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis”, é um pequeno relatório composto por duas partes, onde primeiramente se apresentam as considerações da comissão sobre o caráter da cidade que embasaram a nova proposta de extensão de tombamento e, em uma segunda parte coordenado por Dora Alcântara, o estudo tipológico desta arquitetura vernácula.

Na primeira parte do documento, encontramos um panorama arquitetônico que a cidade serrana exibe, ao evidenciar, tempos importantes da história petropolitana em sua malha urbana. Para isso, se faz necessário assimilar a história daqueles que primeiro contribuíram com a ocupação do local, a partir das primitivas habitações dos colonos alemães, que passaram a habitar a cidade por volta de 1843 (29). Até que, por fim, a sucessão de eventos após se estabelecerem os primeiros colonos, vai encontrar seu ápice na imponente presença de D. Pedro II e sua corte, da qual nos fala ainda hoje, o Palácio Imperial de Petrópolis.

“O panorama arquitetônico, que Petrópolis oferece, reflete de maneira expressiva todos esses fenômenos: pouco resta, é verdade, das primitivas habitações de colonos; O mesmo não ocorre com exemplares de arquitetura industrial, [...] A presença de D. Pedro II e seus ministros é lembrada pelo Palácio Imperial e palas construções de maior volume. [...] fatores responsáveis por alguns conjuntos de excepcional valor arquitetônico.
A arquitetura em Petrópolis é o ‘trabalho entrelaçado dos séculos 19 e 20’ registrando a evolução estilística desse período” (30).

O texto relata, num primeiro momento, não apenas as transformações e evoluções estilísticas ocorridas ao longo do tempo, e que serão melhor ilustradas na segunda parte do relatório, mas ressalta os valores pelos quais se ampliam as áreas tombadas da cidade, em especial por sua relação entre o acervo construído e a paisagem.

O acervo selecionado quase vinte anos depois do primeiro tombamento de conjunto, tem agora outro caráter. O documento ressalta que a seleção desta arquitetura “não-excepcional” (31), também chamada de contextual, forma a maior parte do acervo preservado, ainda hoje, na paisagem local, e “constitui parte significativa da leitura que, claramente, o conjunto oferece sobre a história e a sociedade local” (32). Aqui as camadas preservadas do sítio são sobrepostas e convivem, aceitando o desafio de contar “aos que estão neles não só onde estão, mas quem são e quem são os outros” (33), como paisagem vernácula formadora.

“O neoclássico, puro e elegante do Palácio Imperial, (obra em sua primeira fase, do Major Koeller), do Palácio Isabel e das casas que foram do Barão de Ubá e do Visconde de Mauá, passando por aquelas em que o vocabulário neoclássico se alia a elementos já assimilados pela arquitetura brasileira — como avarandados e alpendres — e vai sendo traduzido na nova linguagem dos materiais industrializados... As empenas triangulares, de gosto clássico, transformaram-se, também em Petrópolis, nos chalés românticos, ainda em grande número” (34).

Com a preservação dos exemplares arquitetônicos de excepcional valor já assegurada, o olhar se voltou para a arquitetura de menor escala e preservada em conjunto. Este reconhecimento veio acompanhado de uma reinterpretação do vocábulo nobre e de sua assimilação por nossa arquitetura, no século 20, que revelou arquiteturas de dimensões mais modestas, algumas com alpendres avarandados, outras com um avanço no telhado formando um triângulo no alto da empena; pequenos chalés existem por toda parte, na Mosela, Quarteirão Ingelheim, Alto da Serra etc.

“Casas econômicas de tipo médio, repetindo, o quanto possível, as aparências das residências mais ricas dentro das limitações e modéstia de recursos de sua classe”. Uma classe média que também se faz representar no panorama arquitetônico petropolitano” (35).

Como acontece a todo conceito em assimilação, especialmente conceitos amplos de conjunto e cidades, objetos de caráter dinâmico, algumas vezes esta arquitetura contextual precisou ser defendida para que o conjunto continuasse a existir. Um caso particular foi a defesa feita pela autora do exemplar de n. 185 (36), localizado na praça Rui Barbosa, também conhecida como praça da Liberdade. Elemento arquitetônico que configura o um fechamento natural da avenida Koeler, dentro da praça, que guarda, ainda, ambiência urbana significativa — mesmo comprometida parcialmente por edificações mais recentes. Apesar de sua implantação indispensável como elemento de composição do conjunto da praça e da avenida Koeler por suas características estilísticas individuais, “necessários à garantia da ambiência harmônica que se deseja preservar” (37), a prefeitura da cidade, em maio de 1980, expediu alvará de demolição para o bem, enquanto os trabalhos de ampliação do tombamento do sítio eram finalizados.

Uma ação pública, partindo da Associação dos amigos de Petrópolis — Apande, pede a suspensão da demolição. Coube a Dora Alcântara produzir parecer que desse subsídios para sua defesa.

“Sua presença é indispensável, tanto do ponto de vista volumétrico, como por suas características estilísticas individuais- embora de valor menor que outros exemplares preservados isoladamente- necessários a garantia da ambiência harmônica que se deseja preservar” (38).

Interessante notar a clareza no entendimento do valor de conjunto do acervo, elementos que isoladamente poderiam entrar no mesmo argumento usado anteriormente por Paulo Thedim Barreto, para negar o tombamento isolado do exemplar da avenida Koeler, ou seja, não eram portadores dos valores artísticos excepcionais ou valores históricos relevante, mas, seguiam indispensáveis do ponto de vista do conjunto. O exemplar ainda contribui na conformação da praça nos dias de hoje protegido como representante de período significativo na história petropolitana, por valorizar a perspectiva da encosta “fartamente arborizada” — característica identitária presente no Plano Koeler (39).

A segunda parte do relatório, intitulado “Arquitetura contextual” apresenta o resultado de um estudo tipológico, onde Dora Alcântara e equipe organizam os aspectos desta arquitetura em breve relato ilustrado. Os exemplares que configuram no texto formam o acervo de arquitetura residencial local, que por sua preservação e uniformidade ainda caracterizam importantes conjuntos da cidade. A presença destas tipologias contribui para a compreensão do valor e a leitura do conjunto arquitetônico e paisagístico, além de ilustrar as diversas formas de habitar e sua evolução dentro da cidade, como nos recorda a Carta do património construído vernacular.

“A construção vernacular é a forma tradicional e natural pela qual as comunidades se abrigam. É um processo contínuo que inclui as mudanças necessárias e a adaptação contínua em resposta às restrições sociais e ambientais” (40).

Neste breve estudo Dora vai conduzindo o leitor por uma evolução tipológica das formas de habitar em Petrópolis, e tenta traçar relações entre a influência de um saber-fazer estrangeiro e seu encontro com as características próprias da arquitetura luso-brasileira. O que gerou o um mosaico de estilos combinados de forma harmoniosa com a paisagem e topografia natural. Assim, a definição dos conjuntos que passariam a integrar as áreas do sítio urbano histórico se deu a partir de conjuntos,

“cuja arquitetura fosse composta por elementos que não se destacassem, individualmente, mas que chamassem a atenção por uma repetição de temas com variações que, por sua frequência, se tornassem visualmente associados à paisagem petropolitana e ao seu contexto” (41),

e não mais por contar com “exemplares mais elaborados e ricos” (42).

Apesar disso, Dora, elucida que esta arquitetura média não é sinônimo de uma má qualidade, pelo contrário é o que vai formar a atmosfera peculiar da cidade, como descrita por Paulo Santos “em que mais do que a antiguidade dos bens, contam a escala, o espírito, e o encanto impalpável das paisagens conservadas pelo homem” (43).

O relatório vai nos conduzindo por uma série de tipologias residenciais, onde podemos ver não apenas a evolução estilística da arquitetura do século 19 no Brasil, mas como a estes modelos iniciais, foram somados novo repertório provenientes da cultura, trazidas pelos imigrantes que se estabeleceram em nosso País, e especificamente em Petrópolis. Essa forma de expressão estrangeira se evidencia em especial, através da produção arquitetônica de influência “norte-europeia” inspirados também no exame de “certos manuais de construção” (44), como o Francês Pour construire sa Maison do arquiteto M. Bourniquel, que traziam uma “coleção de construções” com modelos variados de casas, onde podemos ver as matrizes que inspiraram diretamente esta arquitetura média no Brasil. Como nos relata a autora,

“O Ecletismo, que soma expressões de várias procedências culturais, no caso de Petrópolis começaria pelas construções que procuram criar um clima norte-europeu, com interessantes trabalhos sugerindo estruturas aparentes, como na casa n. 716 da avenida Ipiranga, pertencente a família Guerra, cujos jardins são de Glaziou” (45).

Logo, através da análise das tipologias presentes na cidade é possível detectar a influência direta, traduzida na arquitetura média, da assimilação do contingente imigrante em nossa sociedade. Diante de tal processo, a leitura da paisagem petropolitana feita por meio de um olhar desatento seria capaz de nos fazer cogitar em uma tendência à uniformização do pensamento e em uma despersonalização cultural dos povos. Porém, como afirma Carlos Lemos,

“Cremos que tudo isso seja de todo impossível devido justamente às articulações entre os elementos do meio ambiente e do conhecimento que, de um modo ou outro, acabam interferindo no processo porque são irremovíveis em sua totalidade. Sempre haverá um pouco de Brasil em cada coisa, em cada artefato, em cada gesto. O rádio japonês sempre transmitirá sua musiquinha sertaneja. Sempre daremos um jeitinho nosso às coisas de fora” (46).

Dora inicia a narrativa do percurso tipológico histórico, com uma comparação entre as casas do século 17 em Ouro Preto e a que ela passa a denominar Casa Petropolitana. A grande diferença entre as tipologias está justamente na implantação em centro de lote, como definido pelo plano de implantação da cidade pensado pelo do Major Koeler, em 1846, e conhecido hoje como Plano Koeler.

“Se comparássemos a casa petropolitana com sobradões baianos ou portugueses dos séculos 17 e 18 (primeiras décadas) encontraríamos uma afinidade muito grande nesses acabamentos. Nas duas ocasiões, houve adoção de linguagem clássica. [...] esta linguagem era utilizada apenas numa arquitetura de maior porte: a presença desse vocabulário em casas menores no século 19 brasileiro, seria significativa de algum ascenso cultural, por parte da população” (47).

Nota-se também adição de beiral, que se torna típico, além das vergas decoradas.

Casa petropolitana com varanda na rua Visconde de Souza Franco, n. 470
Foto divulgação, 2021 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

 

Casa petropolitana com varanda na avenida Piabanha, n. 109
Foto divulgação, 2018 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

Casa petropolitana com varanda na rua Montecaseros, n. 459
Foto divulgação, 2021 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

No documento, aqui apresentado, a autora não elenca a tipologia “casa do colono” que passa a constar como tipologia típica da cidade, a partir do Inventário Nacional de Bens Móveis e Imóveis — Inbi, feito em Petrópolis a partir da parceria entre Iphan e UFRJ (48) em 2003. Para o estudo sobre as tipologias arquitetônica observadas na área inventariadas no município de Petrópolis RJ (49), esta é a tipologia mais modesta do sítio. Apesar de não listar o exemplar em seu estudo Dora, defende a tipologia em pareceres dentro do processo de tombamento. Como em parecer dado em resposta ao pedido de impugnação ao tombamento da casa de Ana Mayworm referida por Luiz Moacyr Moreira da Silva e sua mulher Maria de Lourdes Mayworm da Silva, Dora ressalta a assimilação da cultura imigrante, de valor não monumental, e contra o argumento dos proprietários de que a casa seria “modesta construção, de má qualidade, sem qualquer valor arquitetônico ou artístico, em adiantado estado de ruína” (50). A autora pondera acerca dos critérios de tombamento da cidade (51) e acrescenta:

“Se o traçado urbano de Petrópolis fala desse fenômeno, em termos eruditos, a casa em questão o faz, em termos populares. É bem uma simbiose de hábitos de viver e de construir germânicos e luso-brasileiros. ‘Modesta construção’, sim; e por essa razão foi escolhida, por ser a mais típica no gênero encontrada. Engenhosos detalhes construtivos não permitem classificá-la como de ‘má qualidade’; quanto ao ‘estado de ruína’ é exagerada força de expressão. Como toda casa antiga necessita de cuidados periódicos, seja ela modesta ou não. Quanto à falta de ‘recursos financeiros’, há previsão legal para atendê-la” (52).

Além da casa do colono, variados exemplares arquitetônicos também passam por tal assimilação. O estudo tipológico passa a listar tipologias locais que se distanciam dos conjuntos mineiros e baianos, ao longo dos séculos 16 e 17. Como a tipologia que passa a ser reconhecida como chalé romântico. Um dos elementos que as caracteriza são as fachadas-templo, elemento característico do gosto clássico, muito comuns a programas religiosos e, posteriormente, em meados do século 18, a este modelo básico passa a integrar outros programas oficiais — como teatros e, inclusive, edificações residenciais (53). Em Petrópolis, estas as empenas triangulares, transformam-se nos chalés, que ostentam rendilhados e ainda constituem exemplar marcante na cidade (54).

Chalé romântico na rua Paulino Afonso, n. 86
Foto divulgação, 2021 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

O documento segue a análise através das residências de tipologia eclética e suas fachadas de sobrados com implantação tradicional, que demonstram uma tendência de romper o tratamento bidimensional, com a busca pela ênfase da composição assimétrica, do uso de ornatos, balcões volumosos, adição e subtração de volumes da fachada entre outros artifícios (55).

Chalé romântico na rua Visconde de Souza Franco, n. 111
Foto divulgação, 2018 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

Casa de torreão na rua da Imperatriz, n. 264
Foto divulgação, 2021 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

Um modelo especificamente chama a atenção, pela comparação da autora com a matriz portuguesa. São as tipologias que Dora classifica como casa de torreão, estes teriam se desenvolvido pela valorização da composição assimétrica, já em uso nos exemplares ecléticos, acompanhados pela quebra do plano das fachadas. Em residências de maior porte e de tratamento mais elaborado, estes torreões aparecem com formas cilíndricas ou retangulares, de forma a lembrar pequenos castelos medievais. Estas intervenções, em alguns casos, remetem a soluções adotadas na “velha arquitetura rural portuguesa” com os remanescentes de torres que compõem o volume das casas de “quintas”, ao norte do país (56).

Casa de quina na rua Visconde de Souza Franco, n. 465
Foto divulgação, 2018 [Grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade]

O último tipo apresentado no documento, que a autora descreve como curioso, e onde vemos claramente o gosto “norte-europeu” são os exemplares classificados como “normandos” (57). Suas características se compõem por telhados de grande inclinação, com ou sem tacaniça — forma triangular, no alto da empena fronteira — e decorações retilíneas na fachada, Segundo Dora, “casas menos graciosas e híbridas, que são muito comuns na cidade de Petrópolis” (58). Vemos os mesmos elementos utilizados nos chalés, mostrados anteriormente e que adicionam ainda elementos do vocabulário clássico como colunas pseudo-toscanas, influência do tipo de arquitetura tradicionalmente vista nos arredores do Rio de Janeiro (59).

Mas este mosaico que caracteriza a riqueza de estilos e tipologias do sítio urbano de Petrópolis possui também tipologias baseadas em referências mais próximas da cultura luso-brasileiras. Como os exemplares do movimento vinculado ao pensamento nacionalista dos anos 1920 (60). Exemplares neocoloniais se manifestam em palacetes em centro de terreno, como o da avenida Koeler n. 324, e em casas de menor porte como este exemplar à rua Santos Dummont n. 570.

Exemplar residencial neocolonial na rua Santos Dummont, n. 570
Foto divulgação, 2021 [Grupo Memória, Arquitetura e Cultura na Cidade]

Palacete neocolonial na avenida Koeler, n. 324
Foto divulgação, 2021 [Grupo Memória, Arquitetura e Cultura na Cidade]

Porém, interessante notar que esta tipologia não é mencionada por Dora como parte daarquitetura contextual petropolitana. A tipologia Neocolonial, tal como acontece com a Casa do Colono, é reconhecida apenas no relatório do Inbi-SU, que trata sua existência como “bastante rara em Petrópolis” (61), e registra apenas seis exemplares de maior qualidade técnica.

Lucio Costa, em seu conhecido texto “Documentação necessária”, de 1937, faz pesada crítica a estes modelos que inspirados pelo advento do cinema e dos filmes norte-americanos tão populares na primeira metade do século 20, passaram a reproduzir o que se via nas telas, sem grande rigor estético, “pois haviam de fazer ‘barato’ — o bangalô, a casa espanhola americanizada e o castelinho” (62). Talvez este pensamento crítico em relação a algumas tipologias seja a razão pela qual estes exemplares não tenham sido levados em consideração.

Conclusão

Em 2017, o arquiteto e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte — UFRN, Rubenilson Teixera, em busca de uma definição para o termo arquitetura vernácula, afirma que seu principal atributo é sua permanência no tempo, e a presença da tradição em sua forma de fazer. O documento aqui apresentado é uma contribuição clara para esta permanência e para a efetiva proteção do sítio, já que sua produção se deu enquanto os estudos para extensão do tombamento do sítio urbano — paisagístico de Petrópolis acontecia (63).

Dora Alcântara vai mostrando nos pareceres que escreve, e no estudo desta arquitetura contextual uma grande capacidade técnica de análise e interpretação do sítio. Ao final do texto do documento apresentado, a autora faz uma síntese do acervo que caracteriza a cidade e de como à nossa raiz latina vão se enxertando outros ramos advindos das contribuições dos imigrantes manifestados nos tipos encontrados em Petrópolis.

“O que parece perceptível através do contexto petropolitano é, mais uma vez, o embasamento clássico de nossa formação ou talvez, mais exatamente, as nossas raízes latinas, a que vão aderindo novas contribuições culturais, a participação de outras etnias” (64).

Conduzidos pelo texto, podemos ver como este gosto muito influenciado pela herança europeia da cidade, marcam a paisagem arquitetônica em Petrópolis, não só pela arquitetura produzida, mas por sua malha urbana. As soluções adotadas são estes enxertos feitos a nossa raiz tradicional.

Dessa forma, o material produzido por Dora Alcântara e aqui apresentado, vai além da construção teórica que reafirma o valor dos conjuntos urbanos propostos para tombamento, mas tem valor documental. É um primeiro estudo tipológico ilustrado do que seria esta arquitetura contextual, ou vernácula, petropolitana. O conjunto conta, ainda hoje, acerca da história e da sociedade local (65).

A preservação aparece, com especial ênfase neste caso, como instrumento integrado ao desenvolvimento urbano, cujos conjuntos arquitetônicos e ambientais devem ser por ela particularmente beneficiados, tendo em vista o valor que representam para a sociedade local. O ato de preservar deve ser aqui entendido, portanto, como ato gerador de animação urbana, na medida em que revitaliza, incentivando novos usos, e de salvaguarda de importante documentário da história brasileira e local, expresso através do espaço urbano e seu agenciamento (66).

A leitura feita no relatório nos ajuda a entender esta arquitetura contextual, fruto da contribuição e do saber fazer imigrante, como parte da tradição construtiva da cidade. Hoje ainda preservada, graças ao reconhecimento do seu valor para a formação caráter da cidade.

Esperamos que através da divulgação dos escritos de Dora Alcântara sobre patrimônio, em especial sobre este tipo de arquitetura de caráter local e profundamente vinculados ao território por sua história (67), possamos contribuir para uma maior ligação da população com seu patrimônio, e consequente proteção e manutenção destes conjuntos.

notas

NE — Este artigo foi originalmente apresentado no evento 3º Seminário Arquitetura Vernácula/Popular. MORGADO, Daniela Quireza Campos; COSTA, Daniella Martins. Vernácula e de contexto: contribuições de Dora Alcântara para um estudo tipológico em Petrópolis. Anais do 3º Seminário Arquitetura Vernácula/Popular, Salvador, PPGAU FAU UFBA, 15 dez. 2021 <https://bit.ly/3ymVvan>.

1
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62, vol. 1, Rio de Janeiro, Iphan, p. 272.

2
Informações adquiridas através do perfil da arquiteta em: Sócios titulares: Dora Monteiro e Silva de Alcântara. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro <https://bit.ly/3HRXVRc>.

3
Paulo Ferreira Santos (Rio de Janeiro, 1904 — Rio de Janeiro, 1988) foi um arquiteto, professor e historiador de arquitetura e urbanismo. Professor da cadeira de Arquitetura no Brasil na antiga Escola Nacional de Belas Artes — Enba, atual FAU UFRJ. Membro do conselho consultivo do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Sphan, atual Iphan. Paulo Santos. Enciclopédia Itaú Cultural, São Paulo, 08 out. 2020 <https://bit.ly/3u58Pxj>.

4
Márcia Chuva, como é conhecida, é historiadora e professora associada da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro — Unirio. Professora do Programa de Pós-Graduação em História da Unirio e do mestrado profissional em Patrimônio Cultural do Iphan. Autora do livro Arquitetos da memória (2009), uma importante contribuição para a historiografia da preservação no Brasil. Márcia Regina Romeiro Chuva. Unirio. Escola de História, Rio de Janeiro <https://bit.ly/3HR9BDZ>

5
ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 1. Rio de Janeiro, Iphan, 1980, p. 2.

6
LACOMBE, Luís. In INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 1.

7
Idem, ibidem, p. 287.

8
INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES. Carta do património construído vernacular. 12ª Assembleia Geral do Icomos, México, 1999, p. 1.

9
Idem, ibidem, p. 1.

10
BARRETO, Paulo Thedim. In INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 3.

11
Idem, ibidem, p. 3.

12
Idem, ibidem, p. 89.

13
RIBEIRO, Rafael W. Paisagem cultural e patrimônio. Rio de Janeiro, Iphan/Copedoc, 2007, p. 91.

14
Idem, ibidem, p. 91.

15
ALCÂNTARA, Dora. Petrópolis. Boletim do Sphan, n. 6, Rio de Janeiro, Sphan, 1980, p. 2.

16
Idem, ibidem, p. 1.

17
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 288.

18
MOTTA, Lia. Depoimento Oral. 4° Simpósio Científico do Icomos Brasil e 1° Simpósio Científico do Icomos LAC, 2020.

19
INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES. Carta do património construído vernacular (op. cit.), p. 1.

20
O 4° Simpósio Científico do Icomos Brasil e 1° Simpósio Científico do Icomos LAC ocorreu de maneira remota em razão da pandemia de corona vírus, entre os dias 10 e 13 de novembro de 2020. Durante este ano, de 2020, a arquiteta Dora Alcântara recebeu do Instituto dos Arquitetos do Brasil — IAB, a maior condecoração do instituto pelo conjunto de sua obra e pelos serviços prestados à profissão. Ainda no mesmo ano, Dora Alcântara recebeu menção honrosa na categoria docência, no prêmio da Federação Pan-Americana de Associações de Arquitetos —FPAA. Diante de todas as homenagens prestadas à arquiteta, ao longo do ano, o Icomos Brasil faz o encerramento da 4° edição do evento também à homenageando, com o relato dos ex-alunos de Dora, Lia Motta — arquiteta, atuando no corpo técnico do Iphan desde 1977 e José Pessôa — arquiteto, professor da EAU UFF desde 2002.

21
O arquiteto Luiz Fernando Franco é formado pela Universidade de Florença, em 1972. Passou as décadas de 1960 e 1970 na Europa como estudante de graduação e depois de pós-graduação na França (Institut d’Amenagement du Territoire, Universidade de Aix-Marseille). Retornou ao Brasil, em 1980, ingressando na Diretoria de Estudos e Tombamentos — DET, do Iphan.

22
MOTTA, Lia. Op. cit. Grifo das autoras.

23
PEREIRA, Danilo. Cidade, Patrimônio e Território: As políticas públicas federais de seleção no Brasil do século 21. Revista CPC, n. 21, São Paulo, CPC USP, 2016, p. 57 <https://bit.ly/3NoSBG2>.

24
Idem, ibidem, p. 57.

25
Idem, ibidem, p. 66.

26
SANT’ANNA, M. [1995]. In PEREIRA, Danilo. Op. cit., p. 215.

27
ALCÂNTARA, Dora. O sentido do tombamento. Boletim do Sphan, n. 39, Rio de Janeiro, Sphan, 1988, p. 17.

28
O Folheto intitulado “Petrópolis Arquitetura Contextual: Considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis.” Traz apenas a seguinte referência sobre o congresso “A série de Considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis, apresentada por esta comissão, sintetiza o pensamento que estava na origem da proposta de preservação que se fez, como conclusão destes estudos. Parecia interessante trazê-la a esta sessão do 2º Congresso de História da Arte como informação sobre Petrópolis”. ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 2. Rio de Janeiro, Iphan, 1980, p. 2.

29
ALCÂNTARA, Dora. Petrópolis. Boletim do Sphan, n. 6 (op. cit.), p. 1.

30
ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 1 (op. cit.), p. 9.

31
Idem, ibidem, p. 2.

32
Idem, ibidem, p. 2.

33
SANTOS, Carlos Nelson F. Preservar não é tombar, renovar não é por tudo abaixo. Revista Projeto, n. 186, São Paulo, 1986, p. 60.

34
ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 1 (op. cit.), p. 9. Grifo das autoras.

35
Idem, ibidem, p. 10.

36
A residência de n. 185, está situada na praça Rui Barbosa, esquina com a rua João Pessoa, como consta no processo de tombamento do Iphan n. 0662-T-62. Hoje, porém, através de uma rápida pesquisa no Google Maps, pode-se notar que a rua João Pessoa não existe mais. Atualmente, ela corresponde a rua Doutor Nelson de Sá Earp, segundo informações obtidas através de material disponibilizado pelo Instituto Histórico de Petrópolis. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 229; SANTOS, Joaquim Eloy Duarte dos. Uma artéria de muitos nomes — de Bourbon a Dr. Nelson de Sá Earp. Instituto Histórico de Petrópolis, Petrópolis, 22 abr. 1991 <https://bit.ly/3yi8ERU>.

37
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 229.

38
Idem, ibidem, p. 228.

39
Idem, ibidem, p. 272.

40
INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES. Carta do património construído vernacular (op. cit.), p. 1.

41
ALCÂNTARA, Dora. Petrópolis. Boletim do Sphan, n. 6 (op. cit.), p. 1.

42
Idem, ibidem, p. 1.

43
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 150.

44
ALCÂNTARA, Dora. Petrópolis. Boletim do Sphan, n. 6 (op. cit.), p. 2.

45
ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 2 (op. cit.), p. 2.

46
LEMOS, Carlos. O que é Patrimônio Histórico. 1ª edição. São Paulo, Brasiliense, 1981, p. 28. Grifo das autoras.

47
ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 2 (op. cit.), p. 3.

48
A Proposta do Inventário Inbi SU, metodologia de inventário de sítios urbanos tombados desenvolvida pelo Iphan, era a de registrar o acervo tutelado pelo Iphan no primeiro distrito de Petrópolis. INBI SU; FAU UFRJ. Estudo sobre as tipologias arquitetônicas observadas nas áreas inventariadas no município de Petrópolis — Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Iphan, 2003.

49
Idem, ibidem.

50
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 136.

51
“O critério de tombamento de Petrópolis, cidade de excepcional valor histórico e paisagístico, foi o de preservar-lhe os valores mais característicos calha principal dos rios, espinha dorsal do traçado urbano; conjugação harmoniosa da paisagem natural e construída e conjuntos arquitetônicos representativos de vários segmentos sociais formadores da história local”. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 136. Grifo das autoras.

52
Idem, ibidem, p. 137. Grifo das autoras.

53
ALCÂNTARA, Dora. Petrópolis. Boletim do Sphan, n. 6 (op. cit.), p. 5.

54
Idem, ibidem, p. 9.

55
Idem, ibidem, p. 7.

56
Idem, ibidem, p. 7.

57
Idem, ibidem, p. 10.

58
Idem, ibidem, p. 10.

59
Idem, ibidem, p. 10.

60
ROCHA-PEIXOTO, Gustavo. In CZAJKOWSKI, Jorge (org.). Guia da arquitetura eclética no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Centro de Arquitetura e Urbanismo, 2000, p. 12.

61
INBI SU; FAU UFRJ. Op. cit., p. 25.

62
COSTA, Lucio. Sôbre Arquitetura. Porto Alegre, Centro dos Estudantes Universitários de Arquitetura da UFRGS,1962, p. 62.

63
TEIXEIRA, Rubenilson Brazão. Arquitetura vernacular. Em busca de uma definição. Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 201.01, Vitruvius, fev. 2017 <https://bit.ly/3OpQ7sj>.

64
ALCÂNTARA, Dora. Petrópolis. Boletim do Sphan, n. 6 (op. cit.), p. 12.

65
ALCÂNTARA, Dora M. S. Petrópolis arquitetura contextual: considerações sobre o caráter peculiar de Petrópolis. Parte 1 (op. cit.), p. 2.

66
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Processo n. 0662-T-62 (op. cit.), p. 289.

67
INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES. Carta do património construído vernacular (op. cit.), p. 3.

sobre as autoras

Daniella Martins Costa é arquiteta e urbanista (UFRJ, 2005), mestre (Proarq UFRJ 2012) e doutora em arquitetura com ênfase em Preservação do Patrimônio Cultural (PPGAU UFF, 2017). Professora do Departamento de Urbanismo e Meio Ambiente da FAU UFRJ, membro do Lana — Laboratório de Narrativas em Arquitetura do Proarq UFRJ, líder do grupo Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade e membro Icomos BR.

Daniela Quireza Campos Morgado é aluna de graduação da EAU UFF. Membro do grupo de pesquisa Memória, Cultura e Arquitetura na Cidade (2020), onde tem colaborado com o trabalho junto ao escritório técnico do Iphan RJ, em Petrópolis, e com a pesquisa sobre os textos da arquiteta Dora Alcântara. Membro do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro, vinculado à FeNEA (2021).

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