Construída em 1953, na Rua da Paz, a casa que o arquiteto João Batista Vilanova Artigas projetou para o Dr. João Luiz Bettega polemizou e gerou críticas na população. Retangular, com uma solução estrutural de pilares ritmados moduladamente, e entrada lateral, quase no meio do lote, a casa, em dois pavimentos, tem espaços integrados por pés-direitos duplos e interligados por rampas (o que no futuro se transforma em marca pessoal do arquiteto). Nela, todos os ambientes são voltados para a face noroeste, a que mais luz solar recebe em Curitiba.
A entrada da residência, lateral e quase no meio do lote, criou uma solução rara na Curitiba dos anos de 1950, assim como o quase esvaziamento da fachada, tornando-a semelhante à face lateral. Outro ponto relevante na residência é o tratamento dado à dependência de empregada. Artigas projetou-a como um apartamento à parte, com entrada independente, mas integrado ao corpo da casa e aproveitando a mesma insolação destinada aos demais cômodos da residência. O destaque fica por conta da escada, em espiral, que encaminhava a esse quarto.
Escada semelhante, de construção complexa e de grande valor estético, fora projetada por Artigas em outra residência em São Paulo. Nessa residência, no entanto, a escada localizava-se na área social; já na casa para a família Bettega a escada fazia parte do setor de serviço, nos fundos, dotando-o de uma importância não imaginada anteriormente.
A casa Vilanova Artigas, representa grande expressão para a arquitetura brasileira, hoje tombada pelo município e pelo governo do estado do Paraná.
A casa, situada no centro de Curitiba, é um dos raros exemplares deste arquiteto que executou aproximadamente 700 obras principalmente em São Paulo. (Artigas é considerado o arquiteto mais premiado do Brasil pela UIA - União Internacional de Arquitetos).
Diante da importância da obra, ela foi adquirida em 2003 com o intuito de transformá-la em um centro cultural tendo seus estudos dedicados à arquitetura.
Nos seus quase 500 m2, distribuídos em 2 pavimentos, destinamos o térreo às principais atividades culturais, como exposições, cursos e palestras e o pavimento superior a administração.
Sempre contando com a participação de instituições de ensino locais e promovendo convênios com escolas de arquitetura de outras cidades e estados, a casa iniciará suas atividades em abril.
notas
[publicação: maio 2004]
Giceli Portela, Curitiba PR Brasil