Uma das mais fascinantes coisas oferecidas pela Internet é a evolução progressiva de nossas formas iniciais de comunicação digital em arquitetura, como a que ainda encontramos na publicação Arquitectura-L.
A respeito, poderíamos fazer uma comparação com os usos iniciais do concreto armado na arquitetura quando timidamente imitávamos as estruturas em madeira, tanto na forma como na função. À medida que se indagava e se aprofundava mais na exploração das verdadeiras potencialidades do concreto armado, de sua verdadeira natureza, começaram a surgir exemplos, como flores de rara beleza, em meio àquele rígido mundo estrutural de vigas retangulares e colunas que nos acompanhavam desde um passado remoto. Um destes exemplos iniciais de extraordinária qualidade foi obtido na incrível simplicidade curva da cobertura do Instituto de Medicina Tropical da Cidade Universitária de Caracas. Como uma bolha de concreto de aparência frágil, apresenta-se ali certamente o legado de outros pioneiros internacionais, como Nervi, Torroja, Candela e Maillart, que fizeram com a maleabilidade das fôrmas do concreto verdadeiras sinfonias, explorando novas possibilidades de uso para o então recente material de construção.
No caso da comunicação digital, através das denominadas revistas “no ar”, de crescente popularidade e projeção, acontece novamente uma exploração experimental da verdadeira potencialidade do que inicialmente foram simples arremedos das publicações periódicas tradicionais. E esta busca se potencializa tremendamente com o desenvolvimento progressivo da comunicação digital, onde computadores pessoais passam a mensurar sua memória RAM dos kilobytes aos atuais gigabytes, que principiam desde já a conquistar o título de terabytes. E isto se reflete particularmente nas revistas de arquitetura, que se caracteriza pela avidez com que consume crescentes volumes de memória destinados a transmitir via Internet modelos geométricos cada vez mais complexos, mediante o uso de técnicas de incrível refinamento para sua manipulação…. E pensar que ainda estamos na pré-história digital...!
Com o correr do tempo, novos produtores, comunicadores e consumidores de informação, progressivamente mais ousados e exigentes desse ainda novo meio de comunicação, têm tentado incorporar em suas publicações experimentos audaciosos e transformações inovadoras, algumas das quais (como as tentativas iniciais de fazer o registro pari passu da construção de grandes edificações mediante as denominadas webcams) parecem haver experimentado uma queda no interesse coletivo sem que isso diminua as potencialidades das contínuas evoluções multimediáticas.
O recente número de Arquitectura-L, dentro de sua tradicional rusticidade, apresenta uma mostra destas novas tecnologias no que concerne aos sofisticados modelos de visitas guiadas apresentados pelo jornal diário espanhol El Mundo, com maravilhosos modelos 3D que podem ser encontrados no tópico o que fazem os mestres em Barcelona dentro do tópico cidades e desenho urbano. Não deixem de ver se ainda não viram ! A outra opção, muito mais atrevida, são os gráficos experimentais dinâmicos incorporados em artigos sobre arquitetura pela excelente revista digital italiana Architettura Supereva. Sinceramente não me recordo ter visto nada igual antes. Como exemplo, menciono os gráficos arquitetônicos aparentemente estáticos, mas dinamizados a cada 15 segundos... São encontráveis dentro do tópico novas formas de comunicação. Se lhes agrada a novidade, não deixem de ver...
Mas isso não é tudo. Fiquei surpreso também com a evolução de alguns fóruns sobre arquitetura, não tanto devido à tecnologia avançada presente, mas pela agilidade e generosidade com que manejam vastos conteúdos de informação gráfica arquitetônica. Se não fosse pelo motivo que me tomaria demasiado tempo de listar estes filtros de comunicações de leitores – muitos deles abertamente irreverentes e até em determinadas ocasiões ofensivos ao bom gosto – ficaria feliz em ampliar a ótica de Aquitectura-L para incorporar exemplos desta nascente vitalidade. De qualquer maneira os leitores podem ver um bom exemplo deles (Skyscrapercity, espanhol) que podem ser encontrados na notícia sobre o Museu de Cantabria (Mansilla & Tuñón). Novamente, mesmo que seja uma frase reprisada: não percam...
Finalmente, algumas perguntas: aonde chegará tudo isso? Que inimagináveis maravilhas estarão aparecendo no mundo das comunicações digitais nos próximos vinte anos?
Felizes aqueles que poderão dar-se o luxo de vivê-lo...(1)
notas
1
[Publicação original: Arquitectura-L, Año 2, nº 25. Venezuela, 07 jul. 2004]
[publicação: agosto 2004]
Gonzalo Vélez Jahn, Caracas, Venezuela