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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Os autores comentam o programa Arquitetura Artificial, integrante das atividades do Festival de Música Avançada e Arte Multimídia de Barcelona – SONAR

english
The authors comment on Artificial Architecture program, part of the activities of the Festival of Advanced Music and Multimedia Art in Barcelona - SONAR

español
Los autores comentan el programa Arquitectura Artificial, integrante de las actividades del Festival Música Avanzada y Arte Multimedia de Barcelona - SONAR

how to quote

MASSAD, Fredy; GUERRERO YESTE, Alicia. Arquitetura artificial. Deixar de acreditar em promessas, para aceitar a experiência. Drops, São Paulo, ano 04, n. 008.07, Vitruvius, jun. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/04.008/1626>.


“Com projeto e curadoria de Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste, o programa Arquitetura Artificial, integrante das atividades do Festival de Música Avançada e Arte Multimídia de Barcelona / SONAR, ocorrido entre 17 e 19 de junho de 2004, apresentou uma seleção de obras audiovisuais realizadas por arquitetos e uma série de três conferências através das quais se apresentou uma reflexão sobre a criação de novos entornos e experiências arquitetônicas, enfatizando a importância da dimensão visual na arquitetura e no arquiteto contemporâneo”.

A capacidade de visualização que oferece à arquitetura a atual tecnologia digital e sua conseqüente transformação em um produto mediático, acaba gerando formas diferentes de construir um espaço, abrindo novas possibilidades de se refletir sobre as variações da forma, das texturas, do espaço...

Defendemos que estamos assistindo à emergência cultural de uma geração de arquitetos desconcertados e superados pelas concepções e expectativas visuais que os conduzem. Com o objetivo de promoção espetacular se produz uma arquitetura muitas vezes feita puramente de matéria visual, que não busca nada além de ser vista, estática ou posta em movimento mediante processos digitais, sem possibilidade de vivência ou de consciência, nem tampouco de materialização eficiente. Pensamento sem dúvidas ou questionamentos. Sustenta-se uma cultura arquitetônica cuja visibilidade deriva da saturação de imagens de projetos e citações pseudo-filosóficas que pretendem visualizar ou ser visualizações indiscutíveis do que é a arquitetura da época da Revolução Digital. Chega-se a projetos marcados pelo hermetismo, em colocações que tendem à criação de um novo purismo acadêmico, a um mundo povoado por entes abstratos que em sua origem seriam factíveis, mas que carecem de vigor para provocar o conflito e o estímulo intelectual.

Às vezes, de forma crescente, fica evidente, dentro do território da prática da arquitetura digital, como a linguagem audiovisual constitui um laboratório de procedimentos de exploração e materialização de uma nova sensibilidade formal, que possibilita formas de ocupação de espaço coerentes com as demandas psicológicas, morfológicas, intelectuais, culturais e sociais do indivíduo contemporâneo. Alguns destes experimentos, que expandem os limites dos constituído pela arquitetura real e nos forçam a re-imaginar nossa consciência de estar e ser (constituem a arquitetura artificial, a outra natureza da arquitetura atual), têm tomado parte da “Arquitetura Artificial”.

Perceber as dimensões geradas pelas conotações / compreensões do artificial revela e questiona a obsessão pela literalidade. Do confronto das dimensões possíveis da artificialidade (algo realizado pela mão do homem ou algo falso) apresentamos uma atitude que pressupõe o escrutínio do produzido e visualizado mediante ferramentas digitais para sugerir um olhar crítico e voltado para a arquitetura atual.

Estímulo e meio. Vivemos em uma cultura que visualiza elementos que não são em si mesmas visualizáveis. As ferramentas digitais proporcionam uma liberdade ilimitada, que possibilita uma cultura que transformou a noção da consciência da presença visualizar e ter extrema consciência de qualquer de suas diversas expectativas de experiências espaciais. A partir de uma tela se amplia o território da prática e vivência da arquitetura a outro território, até a essência de um artifício arquitetônico distinto, coerente com nossa capacidade e potencial mental e sensorial, afirmando que se está redefinindo a realidade do que é a arquitetura.

Os experimentos arquitetônicos digitais são uma espécie de proto-arquitetura (alguém os definiu assim há pouco tempo), como antecipação de uma arquitetura por vir. Torna-se ainda mais estimulante quando observamos o que resultam tais obras experimentais audiovisuais arquitetônicas para a essência da arquitetura artificial sob a perspectiva do filósofo Mijaíl Epstein, que as situam dentro do fluxo de um contexto temporal:

“O período em o que estamos ingressando já não é a época pós alguma coisa, seja pós-comunismo, pós-modernidade ou pós-indústria. É mais precisamente um período proto, engendrador de novas formações culturais. (...) existe tanta necessidade de futuro desconhecido, que mais borra o desejo definido de nossos projetos do que contribui para a sua realização. Proto não preanuncia ou determina o futuro, mas suaviza o presente, confere a todo texto as qualidades de um livro de apontamentos em branco, algo incompleto e cru. Proto é uma atitude nova, anti-autoritária frente ao futuro, proporcionando o ‘pode ser’ no lugar do anterior ‘deve ser’ e ‘que assim seja’. Proto é a época dos projetos sempre mutantes, que não submetem à sua vontade nossa única realidade, mas que multiplicam suas possibilidades alternativas”.

ephemeralMatter, I Love Paris, 16 hrs., Seed Animation, reversed Normal, 5, 6, Eisenman’s House ou o Clone into my World são alguns exemplos de um fenômeno arquitetônico de pesquisa intelectual e sensorial que se coloca como experimentação mediante técnicas e processos visuais, que amplia a natureza da arquitetura, definindo e descrevendo a indissolubilidade das essências do natural e do artificial como matéria da realidade. Estes experimentos, nas margens da arte, expandem os limites dos elementos constitutivos da arquitetura real e nos forçam a re-imaginar nossa consciência de estar e ser: constituem a arquitetura artificial, a outra natureza da arquitetura atual.

Gerar espaços, inventar paisagens, conceber novamente a presença no espaço, dar novamente forma à forma, solidificar texturas líquidas... Artificializando a natureza da arquitetura, convertendo-a em matéria de outra classe, é possível efetuar um olhar sobre a arquitetura através da qual se intensifica sua complexa essência e transforma nossa percepção dela.

Afirmamos que a dimensão da experimentação é imprescindível no processo de configuração da arquitetura para nossa época, a época da Revolução da Tecnologia da Informação, para além dos empenhos de gerar arquitetura pelo uso do computador até a obsessão de uma literalidade formal, pois possivelmente será necessário amplificar ou reconhecer a capacidade mental e sensorial que dispomos para perceber espaços, desejar formas... Pois possivelmente é necessário aprender a chegar até a arquitetura, seja para desenhá-la e construí-la, seja para senti-la.

Imagens de arquitetura, reflexo essencial de uma época proto, na qual devemos escolher deixar de crer em promessas, para, em seu lugar, aceitar a experiência.

notas

[publicação: julho 2004]

Fredy Massad e Alicia Guerrero Yeste / ¿btbW architecture, Espanha

ephemeralMATTER, f-u-r, Alemanha, 2003

Seed Animation, Dennis Dollens, Ernesto Bueno, USA, 2004

I Love Paris, Sophie Gateau, França, 2001

16 hrs., dbox (with Diller + Scofidio), USA, 2001

Alex Haw, "Clone into my world", Inglaterra, 2004

 

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