“Neste momento, a Cidade de Milão tem oito milhões de metros quadrados em obras de arquitetura e engenharia em construção, o que a coloca no centro do desenvolvimento urbanístico da Itália e um dos principais da Europa“
Com essas palavras Michel Perini, Presidente da Feira de Milão, deu as boas-vindas à inauguração do Build Up Expo, o Primeiro Salão da Arquitetura e da Construção que aconteceu entre 6 e 10 de fevereiro deste ano, com o objetivo em grande parte de refletir e indagar sobre um fenômeno mundial e similar ao que hoje sensibiliza Milão, o crescimento, a dimensão e a forma de transformação das cidades.
Assim, no âmbito da Build Up Expo e em mais de 100.000 m2 de superfície, milhares de interessados chegaram diariamente atraídos por dois temas que parecem tão dissimiles como necessários um ao outro, tratar de compreender o que sucede com o sempre surpreendente avance das tecnologias de última geração na construção e participar dos pacientes e filosóficos debates e reflexões sobre o acontecer humano e sua referência ao projeto urbano e arquitetônico.
Desse modo Milão, inegável centro europeu da moda e do design, trabalha agora por um novo perfil, o de querer ser o centro conceitual do projeto e da pesquisa da arquitetura e da urbanística.
Foi por isso, que em cada encontro do Salão da Arquitetura e da Construção, manifestamente foi exposto pelos mais diversos referentes, o lançamento de um projeto político, social e cultural de grande ambição, colocar Milão em um novo protagonismo mundial, onde um Comitê Científico Internacional coordenado por Cesare María Casati, atual diretor da revista L’Arca, já trabalha como estrategista deste grande objetivo, reunindo nomes do projeto na arquitetura como Mario Bellini, Cesar Pelli ou Pier Paolo Maggiora e intelectuais como Mauricio Vitta, filósofo destacado em análise da estética na experiência cotidiana ou Amedeo Schiattarella que, ademais de ser o Presidente da Ordem do Planejamento de Roma é o recente autor do Metropolitan Museum di Seoul e do Museu do Mediterrâneo em Marselha.
É que esta experiência se faz mais notável, quando se compreende que às governanças das cidades européias hoje lhes preocupa seu futuro e seu projeto de sustentabilidade, derivado dos enormes movimentos humanos, que produzem modernas e transcendentes migrações, que compromete populações inteiras de acordo com a riqueza e a pobreza que acompanha suas expectativas.
A América Latina, nesse sentido, já não está sozinha nessa particular e desesperada busca por um lugar para viver, que geram estes novos e multitudinários habitantes urbanos, a Europa começa a padecer dessas mesmas condições do mundo em rede.
Seus conhecidos e tradicionais formatos urbanos, já não luzem tão precisos e às imagens das mais modernas e sofisticadas tendências do design, lhes superpõem contraditoriamente os mais diversos comportamentos sociais, muitos deles, inclusive, ainda hoje, culturalmente incompreensíveis.
E esse, paradoxicalmente, foi o tema transcendente dos debates e exposições em Build Up Expo Feira de Milão, um encontro cultural internacional, dedicado a pensar as causas e as condições da metamorfose contemporânea das Regiões, das Metrópoles e das Cidades, desde a idéia de “lugar perceptível - lugar habitável”, onde os temas sobre a gestão, o mercado, a formação profissional, a ciência e a consciência; o projeto, a fantasia e a invenção, as tribos urbanas e a globalização, se situaram no centro do acontecer intelectual e produtivo da mostra e das conferências.
Fascinante foi também a circunstância de compreender através de tão notável evento, o enorme protagonismo do urbanismo e da arquitetura na sociedade contemporânea, tentando produzir um ponto de equilíbrio entre o projeto da forma e da convivência e do desenvolvimento coletivo.
Milão 2010, a nova dimensão das cidades
A Fundação Fiera di Milano, decidiu mover as atuais instalações da famosa Feira de Milão para a periferia da capital lombarda, a uma área projetada por Maximiliani Fuksas e servida pelo metrô, trens de alta velocidade, e próxima ao aeroporto internacional de Malpensa. A nova Feira de Milão, definida como Novo Pólo é um centro de exposições internacionais de 1,5 milhões de metros quadrados de pavilhões, centros de conferências, hotéis, e circulações interiores. Como conseqüência deste translado começou no lugar da anterior sede, e a somente 2 quilômetros da Piazza del Duomo, o tradicional centro histórico da cidade, um projeto de notável transcendência, liderado pelos arquitetos Arata Isozaki, Daniel Libeskind, Zaha Hadid e Pier Paolo Maggiora e com destino predominantemente residencial e terciário.
notas
[Fonte das imagens: www.nuovosistemafieramilano.it / www.fondazionefieramilano.it]
sobre o autor
Roberto Converti é arquiteto, formado pela Universidade de Buenos Aires, e diretor do escritório Oficina Urbana.
Roberto Converti, Buenos Aires Argentina