O Instituto Italiano de Cultura de São Paulo –ICE – apresenta uma exposição bastante interessante sobre o desenvolvimento das luminárias desde 1933 até 2004, dedicada à luz do século XX e ao desenvolvimento da tecnologia das fibras óticas aplicada a objetos de uso cotidiano. A Arte do Sol dá seqüência à mostra Mar de vidros: Murano 1915/2000, apresentada no Museu da Casa Brasileira.
Pequenas obras de arte e sua evolução revelam como vem mudando rapidamente o conceito de luz artificial. “O design italiano no campo da iluminação reuniu habilidade, criatividade, tecnologia avançada e materiais inovadores sem renunciar à tradição milenar da produção do vidro”, observa Luigina Peddi, diretora do ICE, explicando que o crescimento da indústria a partir dos anos de 1950 favoreceu a conjugação do talento de bons arquitetos com industriais pioneiros nesse campo, caso dos irmãos Castiglioni e Vico Magistretti.
A exposição, inaugurada dia 12 de dezembro no Museu da Energia (Alameda Cleveland, 601), em São Paulo, onde permanece até 18 de fevereiro, foi dividida em três segmentos. O primeiro, Luzes de Autor, apresenta obras de reconhecidos artistas contemporâneos como Mario Merz, Eugenio Carmi, Roberto Fallani, Ângelo Rinaldi e Ceroli, também cenógrafo, que desenvolveram uma linguagem original, convertendo os efeitos da luz em esculturas luminosas, algumas com traços irônicos, alegres, coloridos, como os objetos de Marco Lodola, responsável pelos ornamentos dos jogos olímpicos de Turim em 2006.
Luz e Design, o segundo segmento, analisa a produção de algumas renomadas empresas italianas, como a Artemide, fundada em 1959, atualmente liderando o mercado com produção de vanguarda; Flos, surgida em 1962 , a princípio com produção de lâmpadas, conta com designers como Tobia Scarpa, Phillippe Stark, irmãos Achille, Píer Giacommo Castiglioni e outros; Fontana Arte, criada em 1932 por Gio Ponti, a principio especializada em vitrais para igrejas e catedrais, depois em objetos de vidro para decoração, assinados por Gae Aulenti, Ettore Sottsass, Renzo Pianno, entre outros; Kaartell, fundada em 1949, com lâmpadas, acessórios para automóveis, mais tarde associando o vidro ao material plástico com sucesso; La Murrina, desde 1968, com mestres vidreiros produzindo bibelôs e outros ornamentos, até hoje produz objetos feitos a mão, de resultados inesperados; Luceplan, cujas criações destinam-se a ambientes públicos e privados, produzindo objetos considerados ícones, graças ao talento de seus criadores, entre os quais Sottsass e Oscar Tusquets.
A terceira seção, Luzes Tecnológicas, é dedicada ao futuro, à experimentação das recentes descobertas científicas colocadas a serviço do homem. São objetos luminosos em fibras óticas fabricados pela Eltek, para endoscopia industrial ou médico-cirúrgica e para telecomunicações. A iluminação com fibras óticas em quartzo revelou-se ideal para lugares públicos como museus, teatros e igrejas, entre os quais estão a Catedral de Siena, sítio arqueológico no interior da Catedral de Brindisi e museus de Agrigento, Aosta e Losanna.
A Itália, atualmente só ultrapassada pela China, foi líder na comercialização de luminárias em 2002; conta atualmente com cerca de duas mil empresas artesanais e semi-artesanais de pequeno e médio porte, com profissionais altamente especializados.
notas
[todas as fotos fazem parte da divulgação da exposição]
sobre o autor
Haifa Y. Sabbag é jornalista especializada em arquitetura, foi colaboradora da revista Módulo, e uma das editoras da AU - Arquitetura e Urbanismo desde sua fundação.
Haifa Y. Sabbag, São Paulo SP Brasil