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drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Os designers da Nu, autores do novo projeto gráfico do Vitruvius, contam todo o processo de desenvolvimento da nova cara do portal.

how to quote

SENE, Daniel; GIGLIO, Guido; MARIUTTI, Julio; BRANCHER, Rodrigo. O novo Vitruvius. O desafio de um projeto gráfico para um portal de arquitetura. Drops, São Paulo, ano 10, n. 031.05, Vitruvius, abr. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/10.031/3413>.



Em janeiro de 2009 fomos surpreendidos por um telefonema: por indicação dos arquitetos do escritório MMBB, Abilio Guerra e Silvana Romano nos convidaram para refazer todo o portal Vitruvius.

Para um pequeno escritório de design acostumado a fazer sites de arquitetos e artistas, a escala do projeto era desafiadora: nove revistas online, noticiário e agenda cultural atualizados várias vezes por dia, guia de livros com milhares de entradas, e um complexo sistema de colaboração editorial para manter toda essa máquina girando.

O mais difícil foi que tivemos total liberdade para propor, desde a forma de trabalho até a reestruturação do portal, tanto do ponto de vista gráfico quanto conceitual.

Começamos estudando detalhadamente o Vitruvius antigo para compreender os diferentes conteúdos que o portal abrigava, como estavam organizados, quais eram as principais limitações gráficas e técnicas, que formas de navegação e que vínculos entre os conteúdos poderiam ser mais interessantes.

Particularmente complexa era a navegação pelas revistas. Praticamente cada uma tinha uma lógica própria de navegação e um projeto gráfico diferente de todas as demais. Embora essas diferenças se justificassem até certo ponto pela especificidade do próprio conteúdo, a falta de unidade saltou aos nossos olhos como principal problema gráfico.

Ao navegar pelos meandros do antigo Vitruvius, o leitor percebia um portal sem identidade, reflexo de um processo semi-artesanal de construção em que partes mais ou menos desconexas foram agregadas pouco a pouco.

Essa análise não era novidade para o Abílio, que sempre nos incentivava dizendo: “temos que unificar mais o portal, sei que nessa mudança vamos perder alguma coisa, mas a indústria significa deixar algumas coisas para trás”.

Antes de propor qualquer mudança, apresentamos ainda aos editores uma análise de alguns outros portais, tanto os específicos de arquitetura quanto grandes portais de conteúdo e notícias.

Com essa base comum, avançamos para a primeira etapa propriamente propositiva: a reorganização do conteúdo. Depois de algumas discussões, chegamos (Nu e Vitruvius) a uma organização do portal em três grandes seções: o “jornal”, de conteúdo mais noticioso e efêmero, as “revistas”, para as quais procuraríamos uma linguagem e um funcionamento unificado, e a seção “pesquisa”, um banco mais estático de conteúdo de referência.

Achamos essa estrutura tão clara que fizemos os primeiros esboços do projeto gráfico usando a própria divisão das seções para caracterizar graficamente o portal. A própria identidade visual do Vitruvius seria marcada pela estrutura jornal / revistas / pesquisa. Os primeiros desenhos que apresentamos mostram uma home dividida em três campos verticais (imagem 1), enfatizando as três seções como espaços independentes, que se expandem e se contraem conforme o leitor navega entre elas (imagens 2 e 3).

Já nesse primeiro esboço aparece também uma contraposição radical ao caos visual que domina a maioria dos grandes portais de conteúdo. Criamos uma rigorosa estrutura modular que unifica todas as páginas, e nos impusemos uma agressiva restrição ao uso da cor. A cor (tanto nas imagens quanto nas barras) só aparece nos elementos ativos (mouse-over ou seção aberta), de forma a evitar uma profusão de cores nas páginas de navegação mais ampla.

No mesmo sentido, decidimos usar uma única fonte em todo o site: a Courier, desenhada por Howard Kettler em 1955. No contexto de revistas digitais, essa fonte nos pareceu interessante porque refere-se ao mesmo tempo à mídia impressa (foi encomendada pela IBM para uso em máquinas de escrever) e à programação (em geral os programadores escrevem o código em fontes mono-espaçadas como a Courier).

Ao mesmo tempo em que apresentamos a primeira proposta de estruturação do site em três colunas de largura variável, o Estação apresentou as primeiras propostas para os logos do Vitruvius e das revistas. A divisão silábica vi-tru-vius era o elemento mais marcante da proposta inicial para o logotipo do portal, e assim aproveitamos a coincidência vinculando as sílabas às seções, o que resultou em três versões do logo, cada uma com uma sílaba em destaque. Consideramos que a colaboração entre a Nu e a Estação foi bastante feliz, pois conseguimos de fato unir o site e o logotipo numa única identidade.

Por fim, aproveitando essa data simbólica de lançamento do novo portal, desejamos que essa ferramenta contribua de alguma forma, por mais modesta que seja, para (re)construir um horizonte para a arquitetura brasileira, latino-americana e – porque não? – mundial, um horizonte de transformação radical da cidade e da vida como aquele que orientou os arquitetos que ergueram Brasília.

sobre os autores

Daniel Sene, Guido Giglio, Julio Mariutti e Rodrigo Brancher são quatro arquitetos–estudantes da FAU-USP que desde agosto de 2006  trabalham em conjunto na Nu, um escritório de design gráfico e  desenvolvimento web que teve o enorme prazer de ser escolhido pela equipe do vitruvius para desenvolver o novo projeto do portal.

 

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