A exposição "Abrindo arquivos: o arquiteto Auguste Perret e o projeto para o museu da FAAP", aberta até o dia 27 de maio no próprio edifício razão da mostra – que faz, assim, parte dela – propõe uma nova maneira de perceber esta obra, tanto na paisagem paulistana como no horizonte historiográfico da arquitetura moderna.
Implantada no mezanino, cujo perímetro em forma de “U” envolve e abraça o grande hall de acesso, ela foi concebida de modo a explorar as características do edifício, informando e, ao mesmo tempo, introduzindo o visitante aos princípios projetuais de Perret e conduzindo-o, neste projeto em particular, a um percurso claro e compassado.
A primeira parte é dedicada a um panorama da produção de Perret, apresentada por meio de imagens fotográficas e desenhos de obras marcantes projetadas (e muitas vezes também construídas) pelo escritório, pertencentes ao fundo Perret da Cité de l’Architecture et du Patrimoine, em Paris. Por intermédio de uma vitrine contendo livros e catálogos, o roteiro expositivo prossegue buscando assinalar a repercussão e a importância dessa atuação em trabalhos publicados ao longo da segunda metade do século 20 e já no século 21, quando ocorre sua redescoberta e tem início sua reavaliação. A seleção criteriosa e cronológica de trabalhos construídos e editados buscou, na disposição cenográfica, despertar o interesse e a curiosidade do visitante, motivando-o a deter-se em diferentes aspectos das concepções de Perret, e destacar sua contribuição à arquitetura moderna.
O módulo central da exposição apresenta, pela primeira vez, uma seleção de desenhos que demonstram os passos do desenvolvimento do projeto “para o museu da Faap”, dos estudos iniciais à concepção final, ao lado de detalhes de elementos arquitetônicos e construtivos presentes no próprio espaço expositivo, que fazem parte do repertório formal característico de Perret. As peças gráficas exibidas foram restauradas pela equipe de conservação e restauro do Museu de Arte Brasileira – MAB, e pelo Atelier de Restauração De Vera Artes, ao longo do ano de 2017, e a expografia buscou favorecer a leitura e a fruição destes trabalhos que, como não poderia deixar de ser, possuem a aura de realizações únicas e originais.
Ao lado dos desenhos de projeto, este módulo indica as circunstâncias e personagens envolvidos no processo de criação da instituição (a Fundação Armando Alvares Penteado) e de sua sede, por meio da exibição de cópias de cartas entre cliente e projetistas, entrevista em jornal de época, memorial de projeto e, até mesmo, da reprodução em fac-símile de número da celebrada publicação francesa de arquitetura, L’Architecture d’Aujourd’hui, dedicado especialmente a Perret.
A última parte da exposição conclui o percurso proposto pela comparação entre o prédio da FAAP e outros projetos do período pós-Segunda Guerra Mundial também de autoria de Perret, buscando reafirmar as qualidades e valores por eles compartilhados e, ainda, sublinhar o lugar de autor e obras na história da arquitetura e urbanismo modernos.
nota
NE – texto curatorial da exposição “Abrindo arquivos: o arquiteto Auguste Perret e o projeto para o Museu da Faap”, curadoria de Maria Cristina Wolff de Carvalho e Francisco Barros. MAB Faap – mezanino, Rua Alagoas 903, Higienópolis, São Paulo. 18 de abril a 27 de maio de 2018, segunda, quarta, quinta e sexta-feira, das 10h às 19h (última entrada às 18h); sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (última entrada às 17h); fechado às terças-feiras, inclusive quando feriado.
sobre os autores
Maria Cristina Wolff de Carvalho é arquiteta, professora titular doutora de História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Artes Plásticas da Faap, autora, entre outros títulos, de Ramos de Azevedo (Edusp, 2000). Em janeiro e fevereiro de 2018, foi pesquisadora visitante do YCBA da Universidade de Yale.
Francisco Barros é arquiteto, professor da disciplina de projeto do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Artes Plásticas da Faap e desde 2017, mestre pelo Instituto de Artes da Unicamp, com a dissertação Auguste Perret e o projeto do Museu de Belas-Artes de São Paulo.