Durante o ano de 2017, a FAU Mackenzie passou por profunda reformulação do seu projeto pedagógico. As novas diretrizes da universidade, que impuseram a redução de seis para cinco módulos de aula, impossibilitaram o tradicional cruzamento das disciplinas entre as duas turmas de cada período. O que poderia ser um problema incontornável foi encarado pelo Núcleo Docente Estruturante, Colegiado, Coordenação e Direção do curso como uma possibilidade de transformação positiva. A junção de conteúdos e a diminuição de disciplinas foram algumas das propostas adotadas, induzindo maior articulação entre áreas de especialização.
Desafiados, os professores de História e Teoria discutiram como contemplar as demandas apresentadas pelas instâncias diretivas. Duas medidas tomadas foram fundamentais: a articulação dos conteúdos e práticas pedagógicas entre Teoria e História; a inversão cronológica, com início pela arquitetura e urbanismo modernos e contemporâneos, que coloca o aluno ingressante diante da realidade construída parte do seu cotidiano.
Com a reestruturação, a disciplina Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo 1, ministrado a cinco turmas de segundo semestre nos períodos da manhã, tarde e noite, ficou incumbida do “estudo histórico, crítico e teórico operativo da arquitetura moderna e contemporânea no Brasil dos séculos 20 e 21, relacionando-a aos âmbitos territorial, urbano, social, político, tecnológico, ideológico e econômico da América”, conforme diz o programa do curso, que não se esquece do “ideário arquitetônico e artístico europeu – conceitos, métodos e realizações – e sua inserção no contexto cultural e civilizacional da região”.
Com um período inteiro disponível, o grupo de professores adotou metodologia dinâmica, que abarca gama variada de atividades: aula expositiva, debate, pesquisa, construção de modelo, visita e leitura. O fio condutor pedagógico foi a pesquisa e exercício prático onde os alunos, em equipes, desenvolveram maquete e livro sobre um edifício. A lista de obras selecionadas pelos professores, todas construídas na cidade de São Paulo, possibilitou que os alunos visitassem os edifícios. A articulação de pesquisa, visita, maquete e livro viabilizou a relação orgânica entre avaliação e desenvolvimento do curso.
Os trabalhos apresentados na exposição Arquitetura moderna e contemporânea em São Paulo (1) é uma amostragem consistente do resultado conquistado pela primeira edição da nova disciplina, ainda em fase experimental. São modelos realizados por alunos primeiranistas, com as inconsistências naturais desse momento da vida acadêmica. Mas revelam o empenho, determinação e intensidade com que assumiram a tarefa. Uma avaliação criteriosa dos prós e contras permitirá que dinâmica, princípios metodológicos e bibliografia sejam ajustados para as novas edições do curso, avaliação que se inicia com a exposição para o coletivo da escola dos seus primeiros resultados.
notas
NE – Texto curatorial da exposição Arquitetura moderna e contemporânea em São Paulo, Saguão da FAU Mackenzie, São Paulo, maio e junho de 2018.
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A exposição Arquitetura moderna e contemporânea em São Paulo foi organizada pela estagiária docente Carolina Anseloni e pelo aluno e membro do Dafam Lucas Dalci. As obras, arquitetos e alunos dos trabalhos apresentados são os seguintes:
Banco América do Sul, São Paulo, 1965. Arquitetos Ariaki Kato e Ernest Mange. Maquete de Edney Gnan de Oliveira, Gabriel da Mota Silveira, Gabriel Pandolfi Garcia, Leonardo Ranzani Peredo e Lucas Gasques Loureiro
Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo, 1936. Arquiteto Jacques Pilon. Maquete de Camila de Melo Girotto, Caroline Santana Luiz, Gabriela Correia Silva Batista, Maria Carolina Ferreira e Priscila Mei Yuen Wang
Conjunto Nacional, Avenida Paulista, São Paulo, 1954. Arquiteto David Libeskind. Maquete de Alana da Costa Almeida, Caio Vinicius Bueno Ribeiro, Lhierry Oliveira dos Santos, Thamires Zelinda dos Santos Souza e Vinicius de Faria
Edifício Albatroz, São Paulo, 1960. Arquiteto João Kon. Maquete de Caroline Bruno Nunes, Caterina Olivi Tanaka, Julia Anicet Ozeas, Maria Carolina Machado Costa e Millena Motta
Edifício Esther, São Paulo, 1935-1938. Arquitetos Álvaro Vital Brazil e Adhemar Marinho. Maquete de Bianca Andretta Lotierso, Eduarda Sperancini Cavalli, Leticia Maschio Escuder, Michael Chen e Nathalia Perez Pereira
Edifício Louveira, São Paulo, 1945-1946. Arquitetos João Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. Maquete de Guilherme Leotta Nassif, Joao Gabriel Salgado Abreu, Paulo Lucio Nogueira Neto, Rafael Almeida Abou Jaoude e Vitor da Silva Lederer
Edifício São Félix, Rua Capanema, São Paulo, 1966. Arquitetos Alberto Botti e Marc Rubin. Maquete de Alexia Wunderlich Ramos da Silva, Ketlin Siqueira Cavalcanti, Paula Caroline Saraiva Costa, Raquel Quintas Henriques e Sara Freitas da Silva Cunha
Edifícios Paulicéia e São Carlos do Pinhal, São Paulo, 1955-1956. Arquitetos Jacques Pilon e Gian Carlo Gasperini. Maquete de Beatriz Alves de Lima Ferreira, Clara Camera Campos da Silva, Juliana Tebet Praca Mariano, Luiza de Farias Lameu e Marco Aurelio Almeida Silva
Garagem de Barcos do Santa Paula Iate Clube, São Paulo, 1961. Arquitetos Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. Maquete de Alessandra Rosa Marques da Silva, Kelvin Keuler Eugelmi Lopes, Maria Ludmila Catalani Kawagoe, Rafael Matias Santos e Wingles Aparecido Inacio da Silva
Hotel Renaissance, São Paulo, 1997. Arquiteto Ruy Ohtake. Maquete de Ana Carolina Silva Souza, Kathleen Mayara Oliveira dos Santos, Kaue Costa de Oliveira, Sandy Paiva Lacerda e Thais Singh Capela
Museu Brasileiro da Escultura – MuBE, São Paulo, 1986. Arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Maquete de Amanda Stella Ito, Fernanda Mie Kanamori, Giovanna Kolody Stanjek, Nicolas Emanoel Pinheiro Costa e Vinicius Kiyoshi Kikuti Romaro
Museu de Arte de São Paulo – Masp, São Paulo, 1957. Arquiteta Lina Bo Bardi. Maquete de Ana Paula Mayer Silveira e Silva, Camila de Jesus Coelho, Carolina Gomes Dias, Caroline Freitas de Lucena, Gabrielle dos Santos Martins e Henrique Todor Keijock
Paróquia São Bonifácio, São Paulo, 1964. Arquitetos Hans Broos e Fredi Rutz. Maquete de Bruna Pereira de Pinho, Cleisla Clara Moreira, Gabriel dos Reis Teixeira, Izabela Salgado Soares Cunha e Pedro Vinicius Ruiz Trava
Pavilhão das Indústrias (atual Pavilhão da Bienal), Parque do Ibirapuera, São Paulo, 1953. Arquitetos Oscar Niemeyer, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Mello, Hélio Cavalcanti. Maquete de Beatriz Penteado Camasmie, Carolina Sgarbi Orfaly, Gabriella Graziano Bellizia, Natalia de Almeida Menezes e Rafaela Sabbag Lutfalla
Sede do Clube Atlético Paulistano, São Paulo, 1948. Arquitetos Gregori Warchavchik, Abelardo Souza, Hélio Duarte, Henrique Verona Cristofani e Zenon Lotufo. Maquete de Brenda Mariano da Silva, Gabriela Heiderich Muniz de Souza, Ingrid Rosa dos Santos, Juliana Bizzi Radi de Ponti e Maria Clara Massaro Melamed
Tribunal de Contas, São Paulo, 1970. Arquitetos Roberto Aflalo, Plínio Croce e Giancarlo Gasperini. Maquete de Barbara Santarelli Bernardes, Carolina Azarini da Costa, Carolina Nogueira Silva, Daniel Souza da Silva Ferreira, Julia Hollnagel de Araujo
sobre os autores
Abilio Guerra, Antonio Fabiano Junior, Carlos Coelho, Felipe Contier, Luis Espallargas Gimenez e Maria Isabel Imbronito são professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie e responsáveis pela disciplina Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo 1 (THAU 1).
Caroline Anseloni, Giesse Andrade e João Paulo Silveira são arquitetos e estagiários docentes na disciplina THAU 1.