O piso vinílico é um tipo de revestimento muito utilizado em ambientes corporativos devido a suas várias qualidades como resistência a alto tráfego, fácil manutenção e melhor limpabilidade. Desta forma caberia a ele ser utilizado em qualquer ambiente interno, então por que o uso em residências é tão escasso, ou até mesmo inexistente no Brasil? Neste sentido, a apresentação das qualidades deste material pode popularizar a sua utilização em ambientes residenciais, pois, atualmente existe uma preocupação como materiais sustentáveis, práticos e que agreguem uma boa estética ao ambiente.
Características do piso vinílico
Para revestir um ambiente, a principal característica levada em consideração é a resistência mecânica do material, pois possibilita maior versatilidade em sua utilização. Por esse motivo os produtos com base em polímeros estão cada vez mais presentes na construção civil (1). Exemplo disto é o piso vinílico que possui em sua composição o polímero policloreto de vinila (PVC).
A resistência mecânica de um polímero se dá pelo encadeamento de milhares de moléculas que formam cadeias longas e entrelaçadas que se interagem fortemente denominadas de monômero. Suas principais propriedades são a elevada processabilidade (facilidade de moldar), resistência à ruptura e a desgastes, resistência a agentes atmosféricos, mais leve que metais e vidros (peso reduzido), ótima isolação acústica e térmica, boa resistência a agentes químicos com bases, sais e ácidos e baixo custo de produção, o que os tornam bastante flexíveis (2).
O piso vinílico é atualmente o revestimento mais utilizado para ambientes corporativos como hospitais, escritórios e escolas, justamente devido à grande resistência mecânica e flexibilidade.
Higienização
A higienização de qualquer ambiente, seja doméstico ou público, é fundamental, e nesse quesito, os materiais para revestimento precisam obter índice de absorção de água menor que 3%, garantindo melhor resistência mecânica e resistência a abrasão, devido ao uso de produtos de limpeza (3).
Segundo a NBR 13.818/1997, o revestimento cerâmico deve ter resistência a manchas mínima Classe 3, Tabela 1 (ver figura 1). Esta metodologia de limpabilidade pode ser utilizada também para outros tipos de materiais, nos quais os pisos vinílicos se encaixam (4).
Por permitirem processo de lavagem do piso, devido à baixa absorção de água, o piso vinílico em manta, garante boa limpabilidade com resistência mínima da Classe 3, que o torna indicado para assentamento em áreas molháveis, como banheiro, cozinha e lavanderia. Ele possui uma característica interessante de confeccionar o rodapé contínuo no piso, facilitando a limpeza sem deixar acúmulo de sujeira nos cantos, as juntas da manta são soldadas a quente no próprio local, o qual formam um bloco único, aparentemente sem emendas (5).
Sustentabilidade
O PVC presente na confecção do piso vinílico é considerado um dos únicos materiais que podem ser 100% reciclados. Além disso, é o único material plástico que não é 100% originário do petróleo, como ilustra a figura 2 (6).
Considerando o alto percentual de reutilização do PVC, vale destacar que o descarte do piso vinílico no meio ambiente é prejudicial e a reciclagem é o caminho que deve ser adotado. O alto percentual de PVC nos resíduos sólidos urbanos, conforme figura 3 (7), é mais um motivo para incentivar a produção de materiais a base deste polímero.
Diante da sustentabilidade de um material utilizado na construção civil, há outras preocupações além da reciclagem, como a durabilidade e os impactos causados pela sua extração do meio ambiente e a seus sistemas de fabricação. Desta forma, segundo o Instituto do PVC, este polímero possui ciclos de vida útil longos, no qual podem ser divididos da seguinte forma: 12% dos produtos tem vida útil de 2 anos (produtos como embalagens), 24% de 2 a 15 anos (produtos utilizados em indústria automobilística) e 64% de 15 a 100 anos (produtos utilizados na construção civil), que são pontos cruciais para serem utilizados em residências, já que o índice de construção de áreas habitáveis é bem maior que o de ambientes corporativos (8).
Na etapa de transformação algumas empresas têm investido em processos mais sustentáveis. Segundo a empresa ACE Pisos e Revestimentos Corporativos, ela utiliza na fabricação de seus produtos uma matéria-prima renovável, no qual o piso vinílico recebe plastificação a base de produtos oriundos do milho e do trigo, além de produzir as mais baixas emissões de compostos orgânicos voláteis do mercado (9).
Considerado um dos polímeros mais utilizados dentro da construção civil, o PVC compõe não só a fabricação de pisos, mas também de esquadrias, de portas e janelas, e principalmente de tubos e conexões hidráulicos.
Conclusões
O uso do piso vinílico em residências ainda é um desafio, mas questões como resistência mecânica, baixa absorção de água, boa limpabilidade, sustentabilidade, durabilidade, variedade de texturas, flexibilidade, design e conforto térmico o torna apto para ser utilizado em ambientes domésticos, inclusive em áreas que sofrem maior abrasão, como banheiros e cozinhas.
notas
1
HIPÓLITO, Israel da Silva; HIPÓLITO, Rafael da Silva; LOPES, Gean de Almeida. Gestão e tecnologia para a competitividade. In: Anais do X Simpósio de Excelência em Gestão e Teconologia. Rezende, 23-25 out. 2013.
2
C. Barros. Apostila de Polímeros - Materiais de Construção e Edificações, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul Rio-Grandense, Rio Grande do Sul, 2011; C. Effiting. Polímeros na Construção Civil, Centro de Ciências Tecnológicas da Universidade do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina, 2014.
3
ACE Pisos e Revestimentos Corporativos. Catálogos de Produtos 2016/2017, 2016. Disponível em: <http://acerevestimentos.com.br/wp-content/themes/ace/catalogo_ace_2016.pdf>. Acesso em 10 de Fevereiro de 2017.
4
Portobello S.A. Manual do Especificador, 2015. Disponível em: <https://www.portobelloshop.com.br/atendimento/open/ManualdoEspecificador.pdf/4163>. Acesso em 21 de Março de 2017.
5
Secretaria de Estado da Saúde do Governo do Estado de Minas Gerais. Exigências do Acabamento de Serviços da Saúde, Belo Horizonte, 2006.
6
HIPÓLITO, Israel da Silva; HIPÓLITO, Rafael da Silva; LOPES, Gean de Almeida. Op. cit.
7
PARENTE, Ricardo Alves. Elementos estruturais de plástico reciclado. Dissertação de mestrado. São Carlos, EESC USP, São. Carlos, 2006.
8
HIPÓLITO, Israel da Silva; HIPÓLITO, Rafael da Silva; LOPES, Gean de Almeida. Op. cit.
9
ACE Pisos e Revestimentos Corporativos. Op. cit.
sobre a autora
Caroline de Paiva Gonçalves, possui formação técnica em Design de interiores e acadêmica em Arquitetura e Urbanismo. Se formou na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/MG em 2014, e a principal publicação foi o artigo A utilização da cerâmica nas técnicas construtivas em busca da inovação e sustentabilidade para os anais do 60º Congresso Brasileiro de Cerâmica em 2016.