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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Professora titular de "Storia della Città e del Territorio" do Dipartimento di Storia dell'Architettura, do Istituto Universitario di Architettura di Venezia, Donatella Calabi é hoje uma das mais importantes historiadoras da Itália

english
Full professor of "Storia della Città e del Territorio" of the Dipartimento di Storia dell'architettura of the Istituto Universitario di Architettura di Venezia, Donatella Calabi is today one of the most important historians of Italy

español
Profesora titular de "Storia della Città e del Territorio" del Dipartimento di Storia dell'Architettura, del Istituto Universitario di Architettura di Venezia, Donatella Calabi es hoy una de las más importantes historiadoras de Italia

how to quote

RETTO JR., Adalberto; BOIFAVA, Barbara . Donatella Calabi. Entrevista, São Paulo, ano 04, n. 015.01, Vitruvius, jul. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/04.015/3335>.


I ponti delle capitali d'Europa. Dal Corno d’Oro alla Senna. Donatella Calabi. Milano, Electa, 2002

Circulação das idéias, dos saberes e dos conhecimentos

Adalberto Retto e Barbara Boifava: Um ponto de grande relevância no seu programa de pesquisa é a ênfase dada à circulação das idéias, dos saberes e dos conhecimentos. A senhora poderia falar um pouco sobre isso?

Donatella Calabi: Fernand Braudel sustenta que a tese clássica de Paul Mantoux, já é uma realidade no século XVI: naquela época o comércio – "como o vento que conduz muito distante os grãos"– guia a vida industrial, ou lhe constitui fator de promoção, colocando-se como base de significativos processos de modernização (27). Ele afirma, que isto pode ser verificado em qualquer outra parte no Mediterrâneo, onde a primeira lei é a troca, o transporte, as revendas... Isso é também verdadeiro em um certo número de centros no norte da Europa, que estabelecem continuamente relações com o Mediterrâneo. De qualquer modo, não é fácil reconhecer com quais decisões operativas e com quais instrumentos de projeto, o comércio tenha cada vez mais contribuído na reformulação da estrutura viária das cidades, nas quais ocupa um espaço preponderante, e assim tenha influenciado na sua renovação. Inovações significativas na organização do trabalho modificam sensivelmente a profissão, mas também as casas e os depósitos, as praças, os bancos e até as igrejas. Por exemplo, depois do ano 1300, em todas as grandes cidades, tem-se a existência, sempre mais freqüente, de mercadores "permanentes", que se ocupam dos seus afazeres ficando na sede e delegando a outros a viagem com a mercadoria, condicionando o uso e a configuração do espaço urbano. Exigências higiênicas e de decoro são ligadas também a uma relação diferente daquelas que, quem vive do comércio, tem com a própria cidade, com as suas águas, e com as classes dominantes de diferentes origens com uma maior riqueza geral. E se nos grandes centros mercantis italianos (Veneza, Florença), como naqueles de dimensão média (Mantua, Verona, Vicença, Bolonha), um papel diferente é atribuído, já a partir do século XV, à praça do governo e da representação, de um lado, e ao mercado do outro, sucessivamente, ao longo do século XVI, a operação de remodelação de um ou mais de seus elementos corresponde a uma escolha de embelezamento. Esta escolha, às vezes simbólica, é de qualquer forma sempre uma redefinição funcional e formal dos "vazios". E sobretudo, a conceituação geral do espaço não é mais a mesma; não se pensa mais na mesma escala. Isto é demonstrado através das palavras dos tratadistas de arquitetura, e muito mais, pelas decisões das magistraturas relativas à abertura inevitável mas controlada da cidade, à aceitação da presença dos estrangeiros e dos seus edifícios, à qualidade da vida, além da quantidade dos potenciais imigrantes. As intervenções destinadas a constituir restrições de uso e lugares acabados – a propor limites de destinação e prospectivos– são numerosos; na realidade correspondem a um alargamento efetivo da rede de referência. A cidade não pode ser estudada como mundo contido em si, como unidade fechada, do ponto de vista econômico, porque já é cada vez mais, o ponto de um sistema interrelacionado. Mas não se trata somente disto; também do ponto de vista da organização formal parece configurar-se uma topografia nova e diversa para cidadãos originais e estrangeiros que já estão fortemente presentes em Veneza, em Amsterdã, Gênova, Sevilha ou Antuérpia, pela sua posição econômica, religiosa e social, pela sua implantação, pelas decisões e regras que lhes competem, como para os acordos financeiros, pelas contratações internacionais, pela transferência da mão-de-obra e das suas competências, pela divulgação dos conhecimentos, dos saberes técnicos, das notícias... . As relações que se estabelecem entre Lubecca e Nuremberg, ou entre Bruges e Antuérpia, falam da transmissão de modelos econômicos, mas também daqueles edilícios, e de analogias que se estabelecem entre construções singulares.

Também nas províncias flamengas, como na Alemanha do norte, nos aglomerados de média e pequena dimensão, se constroem muitos "Groote Markt" (grandes supermercados) análogos entre eles. Para os nossos objetivos, eles são tão significativos quanto as intervenções realizadas ao longo do Quinhentos nos centros cívicos mais "singulares", ou mais estudados pela sua arquitetura (Florença, Veneza). A "galleria degli Uffizi", as Procuratie e as Fábricas Novas são certamente o fruto projetual de um artífice mais ou menos culto e da sua linguagem particular. Se consideradas no contexto urbano, podem ser interpretadas como fruto de decisões articuladas num longo período, como resultado de intuições não só individuais, de decisões que interpretam necessidades coletivas e tendências largamente sentidas (as estratégias e o gosto de uma época), mais do que como êxito de uma sistematização teórica, ou a cristalização de princípios explícitos de desenho urbano e arquitetônico.

Partindo de exemplos circunscritos (para serem escolhidos cuidadosamente), proporia os que se seguem como sugestões de grande interesse para pesquisa:

  • quais são os traços materiais e construções arquitetônicas (igrejas, fontes, monumentos, aparatos de festas, palácios realizados por arquitetos estrangeiros nas cidades que os hospeda, ou estruturas de acolhimento para comunidade ou indivíduo de outro país) que põem muito mais em evidência a existência de uma forte circulação de população?
  • Quais são os aspectos que mais impressionam o olhar dos estrangeiros (as descrições dos viajantes), as representações (iconográficas e literárias) da cidade?

Através de quais mecanismos passa a circulação das competências, dos artistas e da mão-de-obra da construção? Onde se dimensiona a mistura das linguagens arquitetônicas?

nota

27
Braudel, Civiltà, cit., p. 336.

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