Arqtextos: Fale um pouco a respeito de sua formação. Por que escolheu a carreira de arquiteto? Onde e quando cursou arquitetura?
Abílio Guerra: Como é o caso de quase todos os arquitetos, desde criança fui um aluno muito interessado em matemática e desenho, tanto geométrico como artístico. Nas inevitáveis divisões dos trabalhos em equipe, sempre me cabia a elaboração de desenhos, maquetes, objetos tridimensionais, etc. Foi assim no grupo escolar e no ginásio, que fiz em Araraquara, interior de São Paulo. Depois fui para um colégio técnico – a ETEP, em São José dos Campos – para fazer o curso de mecânica e pude aprender desenho técnico com muita competência. Paralelo a isso, desde adolescente, eu sempre adorei literatura, história e ciências em geral.
Essa diversidade no gosto e nas habilidades me colocou diante de um impasse na hora de escolher um curso universitário. Minha dúvida era entre arquitetura e história. Acabei fazendo os dois cursos, o primeiro na FAU PUC-Campinas (1978-82) e o segundo no IFCH Unicamp (1980-90). Quando entrei, o curso de arquitetura ainda era recente – a primeira turma só se formou no final de 1978 – e com todos aqueles problemas normais em escolas em processo de formação. Mas havia um conjunto de professores de primeira linha: Sophia da Silva Telles, José Resende, Carlos Martins, Rodrigo Lefrève, Carlos Roberto Monteiro de Andrade, Antonio Carlos Sant’Anna, Edgar Dente, Sylvio Sawaya, Raphael Perrone, Vladimir Bartalini, Áurea Pereira da Silva e muitos outros.