Eunice Abascal: Poderia falar a respeito da concepção do projeto Santa Fé e o seu significado para a Cidade?
Roque Escamilla: Fui aluno de Felix Candela e o professor sempre me disse que o planejamento deve se basear num princípio, em uma relação de escala (...) eu ouvia o mestre e o inquiria se a Arquitetura deveria ser compreendida como uma estrutura que está submetida a esforços, e ele me dizia “Roque, não, quando alguma coisa muda de tamanho se deve mudar de estruturas” e este é, para mim, um princípio fundamental do Urbanismo. Quando se muda de escala se deve também mudar de estrutura.
Isto se aplica ao entendimento das grandes cidades latino-americanas, como a Cidade do México, que de uma pequena cidade se converteu em uma Metrópole com 10 milhões de habitantes.
EA: Quais conseqüências este princípio acarretou para o planejamento de Santa Fé?
RE: Seguindo esse principio, é preciso mudar de uma estrutura monocêntrica a uma outra, policêntrica. A cidade contemporânea admite várias centralidades, e o que ocorre em função disso é uma dispersão dos geradores de trânsito, pois é preciso ir em busca de áreas mais adaptadas a estas novas centralidades, assim gerando mais trânsito.
Por outro lado, esta dispersão não significa necessariamente menor eficiência, mas obriga-se o trabalhador a depender do automóvel e do transporte publico, a deslocar-se muito mais. Problemas de congestionamentos são acrescentados às cidades com o atual processo de dispersão da urbanização.
Então foi preciso resolver estes problemas aplicando o princípio de “desconcentração concentrada”, que é o princípio de Santa Fé.