Eunice Abascal: Como foi o procedimento adotado para a gestão e implementação do projeto, e que participação teve o poder publico?
Roque Escamilla: Nesta área localizada no extremo oeste em que já havia alguns desenvolvimentos relativos à habitação, surgiu Santa Fé. Tratou-se de uma estratégia de desenvolvimento premeditada pelo Governo da Cidade do México que teve início em 1986, quando assumiu o Governo do Município José Carlos Sanz, que me convidou a trabalhar no projeto e fui então nomeado Diretor de Habitação e segui trabalhando com esta área por dois anos.
Decidiu-se então criar um órgão através do qual se pudesse planejar bem mais do que habitação, e para tal se criou uma Empresa Pública para descentralizar as ações de planejamento, a Empresa de Serviços Metropolitanos (SERVIMET). A esta empresa cabia conceber e materializar Planos de Desenvolvimento. Para tanto, os recursos públicos se revelaram insuficientes e era preciso um comportamento pró-ativo para captar esses recursos.
EA: Como foram obtidos os recursos necessários para realizar as infraestruturas e dar andamento a implementação do projeto?
A Empresa foi criada praticamente sem pressupostos financeiros. Estes recursos foram então sendo criados, com a negociação dos terrenos. Os pressupostos financeiros obtidos foram então destinados a estratégia de exploração das áreas de estacionamento nas vias públicas da Cidade (com a instalação de parquímetros na área central), gerando estes recursos próprios que tornaram auto-financiáveis as ações da SERVIMET.
EA: Que outras formas de financiamento foram adotadas?
A construção e habilitação de estacionamentos foram processos significativos, mas um outro pode ser mencionado, a criação de projetos específicos de financiamento, induzindo a participação do investimento privado. Promover e estimular o investimento privado, canalizando os recursos obtidos com a valorização da terra urbana para os objetivos que a Cidade detinha, e a conformação de novos centros urbanos como Santa Fé eram alguns desses projetos específicos.
Com base nisto, entrou-se em processo de negociação com os proprietários de terrenos e imóveis na área, zona de extração de areia, material que por muitos anos se utilizou para construir a Cidade.
Tratava-se uma antiga área de minas, de extração de areia e pedra. Esta extração ocorria a céu aberto, fato que levou a encontrar a zona muito deteriorada. Havia também um depósito de dejetos sólidos, também a céu aberto, um lugar para atirar o lixo. Isto era Santa Fé, uma área muito degradada e com usos muito abaixo do potencial.
Junto ao depósito de lixo, havia assentamentos irregulares, gente que se dedicava à manipulação do lixo.