Eunice Abascal: Como esta a situação hoje de execução e conclusão do Projeto Santa Fé?
Roque Escamilla: Seguimos trabalhando nesse Projeto, agora na condição de consultores. Creio que hoje está cada vez mais difícil concluí-lo, pois não se finalizou a vialidade que liga Santa Fé ao Estado do México, em direção ao interior. No entanto, este projeto está vivo e seguimos trabalhando nele, na continuação dessas vias, o que fortalece o distrito como centro regional e centro dual, permitindo alívio do sistema viário norte-sul da Cidade do México.
Conseguiu-se que administração anterior concluísse a construção de duas pontes a oeste, o que era o mais caro, porque propusemos um projeto autofinanciável que não custou nada à cidade.
EA: A que o Sr. atribui a não conclusão do projeto?
RE: Este e o preço da democracia; as mudanças administrativas e descontinuidade política, mas os planos originais devem estar arquivados em algum lugar.
EA: Como essas pontes foram financiadas?
RE: No caso das pontes a cidade era proprietária de um terreno do outro lado do barranco, adquirido para a construção de um presídio; quando começou essa construção a comunidade em volta se opôs e a interrompeu. O terreno ficou vago por muitos anos. Propus a troca do terreno pela construção das pontes, executadas por administrações posteriores e por outros agentes. Estas pontes levam a Toluca que e densamente povoada, mas no transcurso ate la e possível encontrar propriedades em que por alguma razão afortunada hoje em dia se manteve área verde, numa região extremamente árida. Esta zona deve ser preservada, e atualmente tem a vantagem de estar desocupada. Tenho uma proposta há anos, que se conclua as pontes como no projeto original interligando-as com o circuito interior, sem custo para a cidade em troca de recursos obtidos pela concessão do uso do solo desta área.
Hoje, já como consultor privado estou trabalhando nisso com os proprietários e já consegui o consenso deles para financiar esta troca do uso do solo com as vias de
comunicação que passam por Toluca. Com isto conseguiremos uma alternativa de ligação que se faz urgente para Santa Fé, sobretudo se vai articular sua área de influencia.
EA: Quais os problemas que Santa Fé enfrenta?
RE: Infelizmente Santa Fé não seguiu as diretrizes do Plano original. O novo plano mestre apresenta vários problemas, como a ausência de definição da circulação de pedestres que havia sido originalmente prevista em meu plano.
Dei muita importância à circulação de pedestres e de transportes públicos. No projeto original estava previsto o prolongamento da linha do metrô, ou um corredor exclusivo de ônibus interligando o metro, que esta perto e viável, mas infelizmente esta diretriz não deixou o papel.
O outro problema e a circulação de pedestres; eu mesmo vivo aqui e tenho que dar voltas generosas para andar a pe ou ir de carro já que não foram construídas as ligações de pedestres previstas para que afinal a área funcionasse como uma dinâmica de centro. Mas acredito que este problema vai ser resolvido devido a sua importância.
EA: Que futuro prevê para Santa Fé?
RE: O projeto atingiu grande parte de seus objetivos criando um novo centro de habitação, saúde, lazer etc., que precisa resolver com urgência principalmente os problemas de transporte publico, circulação de pedestres, espaços públicos, estacionamentos, e a conclusão da articulação viária para gerar um verdadeiro centro.
EA: Quais são seus projetos recentes?
RE: Um grande projeto na praia do Carmem em que se esta construindo a Gran Plaza da Ribera Maya, centros urbanos de 90 hectares, na região de Cancun.
E uma região que cresce em torno de 19% ao ano; propus ao governo do estado que adquirisse 2000 ha para desenvolver uma nova cidade e alojar os cidadãos e trabalhadores num centro urbano de 90 ha . Este projeto do centro foi negociado com investidores privados que pagam com terrenos urbanizados de que o governo cobra a mais-valia.
EA: Que caminhos o Sr. vislumbra para a arquitetura e o urbanismo na América Latina?
RE: Creio que existe uma enorme experiência acumulada na América Latina, que cada pais fez muitas coisas, cometeu muitos acertos e ao mesmo tempo muitos erros, o que significa muita experiência.
As soluções latino-americanas são particulares e tem suas próprias características.
Temos reforçado muita a nossa condição de colônia, o que tem suas vantagens já que você copia soluções já estabelecidas, mas você perde a experiência local. A América Latina deve analisar e criar suas próprias soluções.
À medida que importamos soluções deixamos de fazer as nossas e a América Latina tem valores importantes que devem fazer parte das soluções e estas devem ser transmitidos ao mundo.