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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Nessa entrevista, Nelson Kon registra suas histórias e impressões, em um processo que o permite reconhecer a origem de seu trabalho, assim contribuindo para a melhor compreensão do papel da fotografia na estruturação da arquitetura

how to quote

COSTA, Eduardo Augusto; GOUVEIA, Sonia Maria Milani. Entrevista Nelson Kon. Uma Fotografia de Arquitetura Brasileira . Entrevista, São Paulo, ano 11, n. 043.02, Vitruvius, ago. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/11.043/3482>.


Sesc Pompéia, arquiteta Lina Bo Bardi, São Paulo, 1977
Foto Nelson Kon

Sonia Gouveia: Você começou na publicidade. Você acredita que, desse período, trouxe alguma coisa para a fotografia de arquitetura?

Nelson Kon: A minha relação com a fotografia de publicidade foi sempre conflituosa. Foram, talvez, os piores anos de minha vida. Eu sofria. Tinha insônia. Sentia-me sempre pressionado pelos clientes, pelos publicitários, pelos prazos, pela corrupção insuportável deste ambiente. Uma fase muito ruim de minha vida. No entanto, dentro do estúdio era gostoso fazer. Construir a luz no estúdio, trabalhar uma luz dura, outra mais suave, a direção da luz. Este aprendizado de construção da luz, saindo do zero, do escuro total para a imagem final iluminada, foi muito útil para eu poder, depois, saber lidar melhor com a luz já existente. Por exemplo, se o sol estiver incidindo rasante a uma fachada, sua textura é realçada. Se você estiver num estúdio com uma fonte de luz – coloca-a rasante, coloca um pouco menos, um pouco mais, tira... É como se você fosse Deus colocando o sol para lá e para cá. Um excelente aprendizado. Tecnicamente, realmente foi fundamental.

SG: E depois dessa experiência de anos fotografando edifícios, como foi esse seu trabalho dos objetos da Lina (Bo Bardi) (8)? Você veio da publicidade, foi para a arquitetura e de vez em quando você tem trabalhos com obras de arte. Como é essa volta? O seu olhar de fotografar os edifícios influencia essas fotos de objetos que você faz hoje? Você retoma o que fazia em estúdio?

NK: Para esses novos trabalhos de estúdio, voltei um pouco para aquilo que aprendi como fotógrafo publicitário, mas agora com uma luz mais simples, com menos adornos – não adianta fugir: sou um moderno. Gosto daquelas fotos dos móveis da Lina. Gosto desse jeito de fotografar – mais simples. É uma fonte de luz dura e um rebatedor para suavizar um pouco a sombra. Eventualmente, precisando mostrar algum detalhe que essa luz muito simplificada escondia, usei uma outra fonte mais pontual. Na época de fotografia de publicidade, podia chegar a trabalhar com dez, doze fontes de luz para iluminar uma cena! Era uma coisa meio barroca. Construía a luz em cada pedacinho, uma coisa irreal, um ambiente de sonhos.

Eduardo Costa: Queríamos que falasse um pouco sobre o Kidder Smith, como o Brazil Builds (9), e se os trabalhos posteriores o influenciaram. Você já tinha contato com o trabalho dele na FAU?

NK: É difícil falar. Posso dizer que o que me influenciou mesmo foram os fotógrafos que vi na FAU. Estes fotógrafos de rua: o Brassai, (Eugene) Atget, Bresson... e também o (Yukio) Futagawa. O Brazil Builds conheci tardiamente. O Cristiano me falou uma vez: “Eu não gosto tanto dessa coisa de fotografia do edifício, meu negócio é outra coisa. Mas tem um fotógrafo, um tal de Kidder Smith, autor do livro Looking at Architecture” (10). Procurei em algumas livrarias virtuais e consegui comprar um exemplar usado. A obra estava esgotada. Era realmente incrível! E lá havia algumas imagens do Brasil. Há uma foto de Matosinhos, uma de Salvador com barcos em primeiro plano e a encosta lá atrás. São umas quatro ou cinco fotos do Brasil. Achei curioso, mas só depois fiquei sabendo da existência do Brazil Builds e da importância do Kidder Smith para a arquitetura brasileira. Então, tive um conhecimento tardio, mas gostei muito. Não sei o quanto me influenciou. Mas, nitidamente, era um fotógrafo com trânsito excelente na arquitetura. Depois, fiquei sabendo que ele era arquiteto e professor na Columbia, se não me engano. Pode parecer estranho, mas no tempo em que estudei na FAU, não me interessava muito por arquitetura. Eu não fotografava arquitetura. Comecei a interessar-me por arquitetura uns cinco anos depois de formado. Fiz, nessa época, alguns trabalhos mais conhecidos, que circulam até hoje: Paulo Mendes, no MUBE, o Teatro de Araras, do Niemeyer, e algumas outras coisas... mas tudo muito incipiente. Eu tinha uma disposição a trabalhar como fotógrafo de arquitetura e a resolver os problemas específicos da fotografia de arquitetura, mas não entendia bem a arquitetura! Quando comecei a interessar-me e olhar mais seriamente para a arquitetura, meu trabalho cresceu bastante. Percebi isso. Talvez, pouca gente vá perceber, mas posso enxergar claramente um salto de qualidade em meu trabalho.

notas

8
Fotos de móveis e objetos da arquiteta, disponíveis no site do fotógrafo: http://www2.nelsonkon.com.br/obras.asp?ID_Categoria=1&node=9&tiponode=a&ID_Arquiteto=36&ID_Obra=108. Acesso em: 04 mai 2008, às 09:15.

9
GOODWIN, Philip L. e SMITH, G.E.Kidder. Brazil Builds: architecture new and old 1652-1942. New York: The Museum of Modern Art, 1943.

10
SMITH, G. E. Kidder. Looking at architecture. New York: Harry N Abrams, 1990.

Objeto, Lina Bo Bardi
Foto Nelson Kon


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