Sonia Gouveia: Na fotografia de arquitetura, a questão tecnológica é muito forte. Hoje, existem aparatos de fotometria, controle de cor, filtros, correção de perspectiva. E os fotógrafos na década de 1930 e 1940 não tinham todos esses recursos.
Nelson Kon: Tinham. Cada época tem os seus recursos. Por exemplo, controle de perspectiva é do século 19, os filtros também. A fotografia sempre foi aparatosa, sempre foi tecnológica. Claro que a tecnologia vai avançando. O que estou querendo dizer é que o problema não se modifica. A tecnologia vai avançando, mas a relação do fotógrafo com o equipamento sempre foi muito parecida. É surpreendente como os recursos da fotografia são antigos. Basta você comparar as fotos de hoje com as do final do século 19 – 90% das imagens produzidas hoje não têm a qualidade técnica de algumas daquelas imagens. Não estou exagerando. E era um aparato enorme para conseguir aquilo. Têm coisas incríveis!
Eduardo Costa: Você acha que hoje, com a digital, a fotografia de arquitetura perdeu alguma coisa? A digital ainda não conseguiu atingir um bom resultado? Você já usa a digital?
NK: Eu estou 100% digital. Estou trabalhando com dois equipamentos digitais. Uma câmera fixa, uma Canon, para trabalhos mais ligeiros. Fiquei muito tempo usando filmes para os trabalhos principais de arquitetura, com uma câmera de fole – Arca Swiss – com correção de perspectiva. Era um tempo em que trabalhava híbrido: filme e digital. Há uns oito meses, adquiri um back digital para minha câmera. Então, continuo usando a Arca-Swiss, só que agora com a captação digital. Estou com back digital que se chama Phase One (11).
nota
11
Sobre o assunto: www.phaseone.com. Acesso em: 04 mai 2008, às 09:15.