Gabriela Celani e David Sperling: Quando e onde você esteve no Brasil? Qual a sua opinião sobre a arquitetura brasileira e sobre a arquitetura latino-americana em geral?
Antoine Picon: Eu não tenho ido com muita frequência à América Latina. Fui apenas duas ou três vezes ao Brasil e a última vez foi há muito tempo. Fui convidado pela Universidade [Federal] de Belo Horizonte, mas ainda não conseguimos encontrar uma data. Fui uma vez à Argentina e uma vez ao Chile, porque estou na [comissão administrativa da] Fondation Le Corbusier.
GC/DS: Você já esteve em São Paulo?
AP: Sim, e eu amo São Paulo. É uma cidade magnífica. Todas as vezes que fui ao Brasil, estive em São Paulo. Mas tenho uma visão muito superficial [da arquitetura brasileira]. O modernismo [no Brasil] é uma coisa admirável. Quando você vê a Pampulha em Belo Horizonte, isso é magnífico. Quando você vê Artigas ... existe essa grande tradição modernista na América Latina. Mas acho que a América Latina não abraçou tão entusiasticamente o digital. Eles estão um pouco presos à utopia modernista e talvez seja hora de acordar. Mas esta é a minha impressão muito superficial. Mesmo no Chile e na Argentina [a arquitetura] ainda é muito moderna e ainda não completamente contemporânea. Mas eu não conheço bem o continente. Na minha experiência, achei a estrutura educacional um pouco conservadora. Mas o presente chega mais cedo ou mais tarde. Os franceses têm o mesmo problema, e é por isso que os franceses e latino-americanos concordam com frequência com as coisas. Às vezes, há a tentação de recusar as tendências mais recentes.