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PORTAL VITRUVIUS. 2º Prêmio Nacional de Pré-Fabricados de Concreto para Estudantes de Arquitetura. Projetos, São Paulo, ano 04, n. 041.01, Vitruvius, maio 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/04.041/2312>.


São Paulo, Brooklin, Jardim Edith

A favela Jardim Edith, no cruzamento da Av. Eng. Luis Carlos Berrini com Av. Jornalista Roberto Marinho, classificada como ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) na operação urbana Água Espraiada, está inserida numa das mais emergentes regiões da cidade de São Paulo.

Esta área receberá um projeto social que se enquadra nos baixos padrões com que vêm sendo construídos conjuntos habitacionais no Brasil, prevalecendo descompromisso das tipologias para com os usuários e a própria sociedade. Projetos em que a qualidade dos espaços é desprezada, o desenho surge de uma equação matemática e a viabilidade é resultado do atendimento de critérios financeiros. A realização de um projeto como esse, numa localização tão específica, causaria impacto comparável ao da situação atual na paisagem urbana.

“Os serviços prestados pelos departamentos de obras públicas municipais são vistos, por aqueles em cujo benefício esses departamentos foram criados como uma abstração opressiva; é como se as obras públicas fossem uma imposição vinda de cima; o homem comum sente que não tem nada a ver com ele e, deste modo, o sistema produz um sentimento generalizado de alienação”
Herman Hertzberger

Projeto

O projeto surge como uma alternativa a esta área, priorizando os espaços de convívio e uso público, criando circulações alternativas, gerando uma nova situação urbana.

O partido arquitetônico adotado se origina de três conceitos primordiais dar singularidade ao projeto visando integrá-lo ao contexto urbano local, dando a ele identidade diferenciada dos conjuntos habitacionais tradicionais; proporcionar aos usuários uma individualidade não encontrada em projetos dessa natureza, isso se dá intercalando as unidades em planta e em corte gerando nichos (varandas) únicos e particulares, contrapondo-se aos modelos unificados tradicionais, onde a privacidade do usuário é anulada em variadas situações.

O propósito é gerar com essa movimentação espaços públicos dos quais a comunidade se sinta pessoalmente responsável.

Implantação

A implantação apoia-se num eixo pedestrial que liga a Av. Luis Carlos Berrini à Praça Arlindo Rossi, situação atualmente bloqueada pela favela. O eixo compõe-se de pórticos entremeados de vegetação que ora fazem parte da estrutura dos módulos, ora não, e é através dele que permeia toda circulação e organização do projeto. Tem início na praça de acesso proposta junto à Av. Berrini, vence a rua Charles Coulomb pela copa das árvores e termina em nova praça interna que dá continuidade à Praça Arlindo Rossi, ligando-a com a Av. Roberto Marinho, dando qualidade e valorizando os espaços de vivencia e uso público, além de alinhar-se perpendicularmente ao eixo Norte-Sul orientando todas as aberturas das unidades para uma insolação eficiente.

Circulação

A circulação é feita através de escadas e passarelas metálicas de grades, localizadas nos eixos internos das unidades habitacionais. O metal foi escolhido por ser de fácil e rápida execução, proporcionar luz e ventilação ao eixo das áreas molhadas além de dar um caráter leve para o conjunto.

O projeto abrange um total de 536 unidades divididas em 134 módulos dispostos como ilustra a implantação,totalizando uma área construída de 30.391,20 m².

Módulo

O módulo consiste em duas grades de pórticos (1, 2 e 3) paralelas de quatro pavimentos que fazem o papel de pilares e vigas sustentando as lajes (6) e concluindo o papel de superestrutura. A vedação é composta por dois tipos de painel de concreto pré-fabricado, um deles fechando os pórticos (4) e outro fechando a frente e os fundos de cada módulo (5).

Existem dois tipos de planta. O elemento que as diferencia é a varanda, ora voltada para o eixo de circulação interna, ora voltada para as alamedas que constituem os eixos secundários do projeto.O terceiro pavimento é diferenciado pela existência de terraço jardim na laje de cobertura que conta com o sombreamento de uma pérgula de madeira. O uso da madeira se justifica pela versatilidade e identificação total com o usuário, custo e vantagens futuras com manutenção.

A área útil de cada unidade é de 48.60m² sendo 16.20 m² de varanda, e o terraço jardim com 32.40m² , totalizando uma área de 81.00m² para as unidades do terceiro pavimento.

Montagem

A montagem consiste basicamente em três fases: lajes moldadas in loco; super estrutura (pórticos e lajes pré-fabricados) e fechamentos (painéis pré-fabricados). Tais peças, por serem leves e possuírem dimensões reduzidas, possibilitam o rápido e eficiente desenvolvimento da obra, pois não exigem equipamentos de grande porte para manejá-las e transportá-las.

ficha técnica

Projeto
São Paulo Brooklin Jardim Edith
Alunos
Victor Paixão, André Biselli Sauaia e Reinaldo Sigueta Nishimura
Orientador
Arq. Mario Biselli
Instituição de Ensino
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Cidade
São Paulo – SP

source
Autor
São Paulo SP Brasil

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