A implantação de um pequeno museu num contexto de campus universitário, caracterizado por grandes volumes prismáticos distribuídos num parque, sugeriu duas possibilidades: manter a coerência volumétrica com os demais edifícios, traduzida por uma forma arquitetônica mais simples, e manter a integração visual com um contexto muito favorecido pela vizinhança arborizada do Instituto Butantã.
A opção por um volume prismático, envidraçado de maneira a permitir o amplo desfrute da paisagem e o anúncio das exposições para a população do campus, visa estabelecer o diálogo formal com edifícios de inestimável valor arquitetônico, como a FAU e a Faculdade de História, e também definir uma imagem forte caracterizadora de sua especificidade de abrigar um museu vivo.
O volume repousa numa base que define o piso de acesso público às áreas de exposição do museu, configurando-se numa grande praça de convívio terraceada, cuja cota elevada possibilita apreender o bosque presente no Instituto Butantã e abrir visuais para o Campus da USP.
A base estabelece a transição das várias cotas presentes no terreno, definindo vários tipos e níveis de acesso. Na base localizam-se os ambientes de produção e discussão de idéias ligadas ao tema da tolerância, como salas de aula, laboratórios didáticos, auditórios, coordenação, ou seja, é a base que formula e sustenta as idéias expostas no prisma elevado.
A estrutura utilizada no volume das exposições emprega seis pontos de apoio – quatro pilares e duas caixas de escada – que sustentam quatro vigas metálicas que vencem o vão longitudinal, suportando as três lajes existentes, duas de exposições e o piso da biblioteca, sendo que o pavimento inferior, das exposições temporárias é pendurado por tirantes às treliças. Na base empregou-se estrutura convencional de concreto protendido, com vãos maiores na área do auditório. A diferença dos sistemas estruturais é enfatizada no tratamento plástico, empregando-se concreto aparente na base e painéis de alumínio no volume elevado.
Nas áreas de exposição buscou-se uma articulação clara entre os diferentes níveis, pontuando a biblioteca como elemento de transição entre as duas exposições – temporárias e permanentes – por ela também se configurar num importante acervo de idéias acumuladas pela história. As escadas desenvolvem-se em vazios buscando maior legibilidade das várias áreas de exposição, orientando o usuário a realizar um percurso abrangente.
Para aqueles usuários mais constantes - alunos, professores, pesquisadores – os acessos localizam-se no nível do terreno, com dimensões adequadas para atender aos vários espaços de reunião, articulando fluxos vindos da avenida Professor Lineu Prestes e do transporte público e os do estacionamento do museu, localizado na parte posterior do lote.
ficha técnica
Autores
Luis Mauro Freire, Maria do Carmo Vilariño e Henrique Fina
Colaborador
Luis Oliveira Ramos