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PORTAL VITRUVIUS. Museu da Tolerância na USP - São Paulo. Projetos, São Paulo, ano 05, n. 060.01, Vitruvius, dez. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/05.060/2567>.


Significado da tolerância

Art.1.1 A tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É fomentada pelo conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.

Art.1.2 A tolerância não é concessão, condescendência, indulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro. Em nenhum caso a tolerância poderia ser invocada para justificar lesões a esses valores fundamentais. A tolerância deve ser praticada pelos indivíduos, pelos grupos e pelo Estado.

Declaração de Princípios sobre a Tolerância aprovada pela Conferência Geral da UNESCO em sua 28ª reunião Paris, 16 de novembro de 1995.

A tolerância se apresenta como alternativa para as crescentes misérias atuais da humanidade, como a violência, o terrorismo, a xenofobia, o nacionalismo agressivo, o racismo, o anti-semitismo, a exclusão, a marginalização e a discriminação contra minorias nacionais, étnicas, religiosas e lingüísticas, os trabalhadores migrantes, os imigrantes, etc. Problemas estes apontados pela UNESCO e que serviram de base paras as definições acima citadas de tolerância, criando assim instrumentos para possível reversão de tais quadros.

A filosofia discorre sobre o conceito de tolerância e intolerância, nos mostrando o quão complexo e ambíguo estes podem ser, denotando aspectos positivos e negativos em ambos, caminhado sempre lado a lado, percebemos que existe uma linha muito tênue entre eles.

Com o objetivo de aproximar tais concepções ao Brasil, o partido conceitual da proposta funde os significados e definições da tolerância com a sistemática arquitetônica, potencializando, através da educação e reflexão, a difusão cultural de um “povo novo e em fazimento”, resultado de uma grande mistura étnica:

“[...] sob a regência dos portugueses, matrizes raciais, díspares, tradições culturais distintas, formações sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo (Ribeiro, 1970), num novo modelo de estruturação sectária. Novo porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras, fortemente mestiçada, dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de traços culturais dela oriundos”.
Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro

Para Darcy Ribeiro o Brasil é uma nação em processo contínuo de formação na direção da construção de uma nova raça com uma incrível síntese criativa. Esta é a premissa, justamente durante este processo contínuo de formação, temos a oportunidade de nos educarmos de forma mais consistente e madura, no sentido de sermos mais tolerantes com nossa identidade e diversidade étnica, religiosa e cultural.

Apesar deste potencial cultural, ainda constatamos problemas estruturais em nossa sociedade, como as diversas formas de violência, o racismo, e a intolerância social, representada pelos gravíssimos e crescentes problemas de exclusão da grande maioria de nosso povo, que apenas observa o desenvolvimento do país, de uma forma tão distante, que até parece uma outra nação. Esta segregação merece atenção especial, pois como sabemos os processos de exclusão e estratificação social é que geram problemas de intolerância e violência urbana acentuados.

Este museu deve ser orientado por todas estas questões, pois assim terá plenas condições de, junto com a sociedade, difundir seus anseios e preocupações, com base na educação, torna-se um espaço democrático e tolerante.

“Democracia não é fraqueza. Tolerância não é passividade”.
André Comte-Sponville, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes

A criação de um espaço destinado a um centro de contemplação, produção e difusão destas questões, tão inerentes ao homem, deve possuir as características presentes na nossa tradição arquitetônica, ou seja, deve ser um espaço para todos, aberto, fluido e continuo. Um lugar que permita a vivencia, a troca, o encontro e, principalmente a experiência da diversidade cultural, própria de nosso povo, povo alegre, sensual, e, essencialmente tolerante, apesar de excluído.

O projeto do nosso museu procurou assegurar a permeabilidade e a continuidade do espaço público, de forma que possa ser acessado com toda fluidez de quem na rua anda, estabelecendo a fusão entre o público e privado de forma sutil e progressiva.

Concebido em dois blocos distintos, unidos por um grande salão majestoso, que acolhe quem da rua vem e funciona como uma grande praça coberta, distribuidora de fluxos, onde o usuário percorre planos em desníveis sucessivos, alternando espaços abertos e fechados, conectando assim todos os ambientes do museu: espaços de produção, exposição, administração e lazer.

A forma resultante configura uma grande caixa de vidro, transparente como se não estivesse lá, ou tentasse ser invisível, funciona como uma espécie de caixa de luz, onde esta percorre livremente os ambientes, durante o dia, iluminando as atividades e permitido as visuais do conjunto, da cidade e do bosque lindeiro, durante a noite esta luz, absorvida e filtrada durante o dia emana do museu iluminando a cidade e seu entorno, comunicando o que está sendo exposto, refletido e produzido.

O bloco principal concentra as atividades expositivas, uma grande área com espaços muito flexíveis e mutantes, concebidos de forma que possam mudar de posição de acordo com a necessidade, graças a um sistema de trilhos, os pisos podem ser móveis e se deslocar lateralmente, podendo alcançar grande pé direito em determinados locais, assim, além da planta livre temos o corte livre. No coroamento surge um grande terraço jardim, onde após percorrer a exposição o usuário encontra generosas visuais do entorno, ver o verde, ver a cidade.

O segundo bloco abriga as atividades de pesquisa e produção, com as salas de aula, laboratórios e biblioteca. Neste bloco temos uma espécie de espaço intersticial, entre os laboratórios e a biblioteca, funciona como uma área de contemplação da cidade e do sistema, pois ao norte é descortinada uma vista privilegiada de São Paulo, e no pólo contrário, sul, como uma espécie de espelho virtual, está implantando um grande telão, que reflete não apenas a morfologia urbana, mas os atos de seu principal agente, o homem.

Neste sistema a biblioteca tem papel emblemático e simbólico, considerada o subconsciente do museu, “a caixa dentro da caixa”, está solta no ar, em posição vigilante, não para punir, mas sob o peso do conhecimento, evidenciar nossa responsabilidade como agentes transformadores da sociedade.

Nos subsolos encontramos os auditórios, os espaços administrativos e os serviços, está concebido de maneira que permita que funcione de forma autônoma junto com o restaurante, em relação ao restante do museu, conferindo maior flexibilidade de uso ao complexo.

ficha técnica

Autores
Arquitetos José Maria de Macedo Filho, Edgar Gonçalves Dente e Christiane Costa Ferreira Macedo

source
Equipe premiada
São Paulo SP Brasil

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original: português

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IAB-SP
São Paulo SP Brasil

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