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Veja o resultado do Concurso Público Nacional para a sede da Confederação Nacional de Municípios (CNM) em Brasília/D.F.

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PORTAL VITRUVIUS. Concurso Público Nacional de Arquitetura para a Sede da CNM em Brasília. Projetos, São Paulo, ano 12, n. 137.05, Vitruvius, maio 2012 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/12.137/4366>.


Oásis Urbano. Jardim Interno. Pátio Sombreado.

Construir um edifício sede para uma instituição é mais do que construir um local de trabalho. Trata-se de uma tarefa que envolve pensar o projeto a partir de sua dimensão urbana, principalmente em função da imagem da  instituição em determinada cidade - a idéia do edifício como ícone.

Entende-se que pensar um espaço como esse é interpretar o significado que uma instituição quer expressar através da arquitetura, ou seja, como um edifício pode contribuir para caracterizar uma imagem institucional.

A CNM congrega e representa os municípios brasileiros junto ao poder público federal. Nesse sentido, a imagem de seu edifício sede ganha interesse e importância nacionais, transcendendo o contexto urbano de Brasília.

Da interpretação dessas questões - da noção de contextualização nacional e da idéia congregação e reunião - decorre a solução adotada como partido. O projeto procura então configurar-se construindo dois artifícios: uma praça de chegada - espaço público ampliado a partir da rua; e um pátio/jardim - metáfora da necessidade de interesse crescente da sociedade brasileira pelo meio ambiente.

Esse espaço ajardinado é pensado para ser mais do que um pátio; para ser um quintal - como o quintal das casas brasileiras - transição entre o espaço construído (artificial) e o meio ambiente (natural).

Entende-se esse espaço como um artifício, um oásis construído pelo homem como refúgio à aridez do clima da capital.

O terreno é interpretado em duas escalas: a partir de seu entorno imediato e a partir do contexto urbano de Brasília.

O entorno imediato é constituído, em grande parte, por edifícios institucionais e embaixadas. Em ambos os casos são comuns grades, muros e obstáculos à continuidade do espaço público. Os afastamentos, para além da rua e da calçada, transmitem a idéia de passagem e não de permanência; de distanciamento e não de receptividade.

Brasília é conhecida pelos seus grandes espaços públicos. Apesar disso, as soluções arquitetônicas da cidade nem sempre propiciam espaços adequados à escala humana, ao deslocamento do pedestre, ao estar e à fruição do espaço.

A partir dessa leitura, entende-se ser necessária a expansão do espaço público da rua para dentro do terreno, além dos 20 metros de recuo frontal, gerando uma espaço compartilhado com a cidade. Esse espaço de chegada é trabalhado a partir das noções de receptividade e acolhimento, características próprias de uma instituição como a CNM.

O programa da edificação é subdividido em três estratos volumétricos. O embasamento, o 'pilotis', e a caixa suspensa.

O 'pilotis' resolve a chegada de público a partir da rua. A partir desse pavimento têm-se uma leitura clara da organização do edifício. No saguão principal dividem-se os fluxos dos usuários eventuais dos fluxos de funcionários da CNM.

Nos pavimentos inferiores do embasamento estão localizadas as garagens e no seu topo situa-se a área de eventos.

A caixa suspensa abriga os usos administrativos da CNM. Em seu pavimento superior localizam-se, além dos espaços de trabalho, a área recreativa.

Conforme afirmado anteriormente, o elemento articulador do partido é o pátio/jardim central. Esse espaço participa de todos os estratos funcionais da edificação, trazendo iluminação e ventilação para as garagens, servindo de área verde externa para os eventos/escritórios e qualificando os ambientes administrativos.

Do sistema estrutural

A idéia que orienta a concepção do projeto reflete-se também no sistema estrutural proposto.

Para conectar visualmente os dois principais espaços externos - a chegada e o pátio - pretende-se liberar, o máximo possível, o pavimento térreo da interferência de elementos estruturais verticais.

O sistema estrutural proposto considera quatro pilares-paredes de concreto armado posicionados nos núcleos de circulação/serviços e quatro pilares perfis “H”, em aço, que nascem no subsolo e morrem na cobertura. Alinhados a estes pilares, na cobertura, são locadas seis vigas principais em perfis “I” de aço com vãos e balanços, que, associadas, formam uma grelha. Alinhadas às vigas da cobertura partem  tirantes em aço que colaboram com os pilares para a sustentação dos dois pisos elevados do edifício.

No plano de cada pavimento têm-se estrutura principal composta por vigas de seção “I”, em aço, vencendo vãos de no máximo 9,5 m de comprimento apoiando-se nos tirantes, nos pilares-paredes e nos pilares de aço; entre as vigas principais são lançadas vigas secundárias de vãos máximos de 8 m, com balanços, posicionadas a cada 2,5 m de afastamento - de tal forma a servirem de apoio a laje “steel-deck” que, nessa proposição, poderá ser montada sem nenhum escoramento.

Das soluções ambientais

Compreendendo o caráter referencial do edifício no contexto nacional, entende-se a sua importância como exemplo de ecoeficiência e sustentabilidade.

Diversos sistemas ativos e passivos garantem a aplicação desses conceitos no edifício. Entre eles podemos destacar: a captação de águas pluviais, o tratamento e reaproveitamento de águas cinzas, a proteção e sombreamento das fachadas, a evaporação de água para umidificar e reduzir a temperatura do ar.

Os materiais e técnicas utilizados trabalham o edifício dentro dos pressupostos da construção industrializada por componentes, reduzindo o desperdício e garantindo agilidade no tempo de construção.

O espelho d'água está projetado como um cinturão de maneira a refrescar e umidificar o ar, melhorando o microclima do edifício e assim reduzindo a necessidade do consumo de energia nos sistemas de condicionamento artificial de ar.

A presença de vegetação junto à massa de água, elementos essenciais no partido proposto, garantem o bem estar psicológico dos usuários da edificação, seja pela visualização da água em movimento ou do sombreamento proposto pelas árvores.

ficha técnica

Autores
Arq. Dario Corrêa Durce
Arq. Emerson José Vidigal
Arq. Eron Danilo Costin
Consultor
Eng. Ricardo Dias (estrutura)

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