A nova sede da CNM
Idealizamos a nova Sede da CNM como duas pedras dispostas sobre o o solo brasiliense. São dois volumes de geometria bem definida assentados sobre o cerrado. O objetivo é definir claramente a polaridade sugerida pelo programa e a partir daí estabelecer possibilidades múltiplas de inter relação entre as duas partes.
Entendemos que uma única maneira de integrar o complexo do auditório às áreas de trabalho não traduziria de forma completa as diversas dinâmicas sugeridas pelo termo de referência. Por esta razão concebemos o projeto como duas peças independentes que podem associar-se de diversas maneiras, possibilitando diferentes configurações de uso.
O Setor de Grandes Áreas Norte caracteriza-se por uma ocupação de baixa densidade, marcado pela predominância da paisagem de cerrado. Visando potencializar esta característica local pensamos o projeto como uma extensão desta paisagem, provocando uma aparente diluição dos limites do lote, potencializando sua integração na paisagem local e ao mesmo tempo possibilitando aos usuários e colaboradores da CNM vivenciar esta paisagem em seu cotidiano.
O complexo do auditório está alojado no volume localizado na porção frontal do lote enquanto os escritórios estão alojados no volume posterior. A comunicação entre os dois programas se dá em dois níveis diferentes. No nível da cota de soleira foi criado um extenso deck sobre o jardim que comunica os dois volumes e permite acesso independente ao edifício de escritórios a partir da via pública. Este mesmo deck oferece diversos espaços para o convívio em meio ao jardim.
No nível -1 criou-se uma longa praça coberta que comunica ambos os programas. Neste nível o complexo funciona como um edifício único havendo grande fluidez na comunicação entre os programas do auditório e dos escritórios. Um conjunto de painéis deslizantes permite o isolamento temporário entre estes programas. Como um foyer estendido esta praça avança em direção à via pública por meio de uma generosa escadaria, que em sua porção central transforma-se em arquibancada, funcionando como um anfiteatro a céu aberto ou simplesmente como um local para o estar.
As edificações foram concebidas para acolher com grande flexibilidade as atividades da CNM, tanto no que diz respeito ao layout dos ambientes quanto no que diz respeito às instalações prediais. Com relação às instalações, foi prevista uma grande Central de Utilidades no Nível -1, capaz de abrigar os equipamentos e sistemas necessários para o funcionamento do conjunto assim como acolher eventuais outros sistemas ainda não previstos.
O edifício dos escritórios é composto por três níveis de plantas livres, com previsão de piso elevado conectado à salas técnicas e à prumadas de instalações prediais o que confere ao mesmo grande flexibilidade para acomodação das atividades considerando o alto grau de mutabilidade envolvido.
O auditório é composto por plateia principal em forma de assembléia, um balcão superior e frisas laterais. Embora seu foyer seja no Nível -1, o auditório tem acesso também pelo Nível da cota de soleira. A platéia pode ser subdividida originando uma assembléia menor e um anfiteatro superior de uso simultâneo ou ter suas alas laterais recolhidas para formar coxias.
Observando a necessidade de aliar bom custo com agilidade construtiva o projeto prevê que os níveis inferiores à cota de soleira deverão ser executados com estrutura de concreto armado, sendo que para os pilares, vigas e panos de lajes está considerado o uso de peças pré-fabricadas. Para os níveis superiores está previsto um sistema misto, com superestrutura de aço e painéis de lajes de concreto. Os fechamentos serão também executados com componentes industrializados e pré fabricados. O sistema adotado assegura também um processo de construção mais limpo e racional, permitindo um melhor controle na qualidade dos serviços.
Com relação ao desempenho ambiental a estratégia adotada é de otimizar o condicionamento passivo da edificação, explorando ao máximo a ventilação e iluminação naturais. A recomposição da área ajardinada ao redor das edificações auxilia na criação de um microclima e conseqüente umidificação e resfriamento do ar. A Central de utilidades deverá acomodar filtro e reservatório para a água pluvial que será recolhida nas coberturas das edificações e que será utilizada para irrigação do jardim e nos sanitários.
Na cobertura está previsto o sistema de aquecimento solar. A infra estrutura das edificações esta pensada de forma que outros sistemas que hoje são inacessíveis possam ser instalados no futuro, tanto na cobertura quanto na Central de Utilidades.
ficha técnica
Autores
Vinicius Andrade, Marcelo Morettin
Colaboradores
Marcelo Maia Rosa
Marcio Tanaka
Renata Andrulis
Beatriz Vanzolini
Marina Rosenfeld Sznelwar
Ricardo Gusmão
Guido Otero