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interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
Bernardo Secchi, professor de Urbanismo da escola de arquitetura de Veneza, importante urbanista italiano e autor de diversos livros sobre o assunto, fala de sua atuação teórica e prática

english
Bernardo Secchi, Professor of Urban Planning School of Architecture of Venice, a major Italian urban planner and author of several books on the subject, speaks of his performance in theory and practice

español
Bernardo Secchi, profesor de urbanismo de la escuela de arquitectura de Venecia, importante urbanista italiano y autor de diversos libros sobre el asunto, habla de su actuación teórica y práctica

how to quote

RETTO JR., Adalberto; TRAFICANTE, Christian. Bernardo Secchi. Entrevista, São Paulo, ano 05, n. 018.02, Vitruvius, abr. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/05.018/3330>.


Il Racconto Urbanistico, Bernardo Sacchi
[fonte: Torno, Einaudi, 1984]

Adalberto Retto Júnior e Christian Traficante: No capítulo "transformações estruturais e novas experiências de plano" Tafuri insere o seu livro "Il Racconto Urbanistico" (1984) como sinal de uma maturidade dos anos 80 na Itália e insiste que o mesmo assumiu uma importância histórica que deve ser ressaltada. Cito: "O texto de Secchi é tudo menos moralista; pelo contrário, a sua narração é fria e analítica. Ele reconhece todavia que o êxito da planificação urbanística - nunca chamada a justificar-se a si própria com os próprios resultados - incidiu sobre a <estruturação do sistema político, principalmente no nível local, e assim serviu para fornecer identidade a atores e agente sociais>. Não oferece soluções, e nisto está um dos seus valores. Ele constitui antes a expressão de exigências ouvidas por mais partes: <tomar tempo>, deslocar sobre novos eixos a reflexão, redesenhar o mapa dos problemas, aceitar as novas hipóteses experimentalmente, julgando-as pelo seu nível de realismo, além disso, e não pelas narrações que eles fazem de si mesmos. E é com tal espírito que é necessário considerar duas experiências de <nova planificação urbanística>, concretizadas nos projetos preliminares por Florença e Bologna". Segundo o Senhor quais foram os resultados produzidos e os novos eixos de pesquisa desencadeados a partir desta nova forma de planificação do território, que exatamente com seu livro foram dados os primeiros passos?

Bernardo Secchi: O que propus com os planos que citei foi inicialmente muito criticado na Itália e como costumeiramente ocorre, por muitos colegas que procuraram em seguida imitá-lo sem tê-lo talvez realmente compreendido. Em um certo sentido posso talvez dizer que o urbanismo italiano e europeu mudou também na seqüência destes trabalhos que, contudo, colhiam algo que há tempos estava no ar. Satisfação e pessimismo se mesclam na minha reflexão sobre a história recente do urbanismo europeu e italiano em particular.

A mim parece não ter sido compreendido a característica de fundo das minhas propostas, o "tomar tempo", o deslocar sobre novos eixos a reflexão, o redesenhar o mapa dos problemas aceitando as novas hipóteses experimentalmente, julgando-as pelo seu nível de realismo e não pelas narrações que eles fazem de si mesmas. Muito freqüentemente as minhas propostas foram banalizadas e vulgarizadas assumindo-as como um modo diverso de indicar funções e limites de edificabilidade ou de indicar oportunidades profissionais para outros arquitetos.

Ou foram interpretadas, sobretudo na Itália, como um manifesto da "morte do plano", enquanto seguiam a direção contrária, isto é, na direção de afirmar a necessidade de uma reflexão que, atravessando as escalas, se fizesse ao mesmo tempo o geral e, comprehensive e especificamente, o local. Sempre pensei que subdividir o urbanismo da arquitetura confiando a cada uma algumas escalas de intervenção, fosse profundamente errado. O que me fascina é a contínua passagem de uma escala à outra nas duas direções; raciocinar sobre desenho de um pequeno degrau em um espaço público e sobre a ordem de posse de um território inteiro; manter unidas estas coisas como estão unidas na nossa experiência cotidiana.

 

Prima Lezione di Urbanistica, Bernardo Sacchi
[fonte: Bari, Laterza, 2000]

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