Adalberto Retto Júnior e Christian Traficante: No capítulo "transformações estruturais e novas experiências de plano" Tafuri insere o seu livro "Il Racconto Urbanistico" (1984) como sinal de uma maturidade dos anos 80 na Itália e insiste que o mesmo assumiu uma importância histórica que deve ser ressaltada. Cito: "O texto de Secchi é tudo menos moralista; pelo contrário, a sua narração é fria e analítica. Ele reconhece todavia que o êxito da planificação urbanística - nunca chamada a justificar-se a si própria com os próprios resultados - incidiu sobre a <estruturação do sistema político, principalmente no nível local, e assim serviu para fornecer identidade a atores e agente sociais>. Não oferece soluções, e nisto está um dos seus valores. Ele constitui antes a expressão de exigências ouvidas por mais partes: <tomar tempo>, deslocar sobre novos eixos a reflexão, redesenhar o mapa dos problemas, aceitar as novas hipóteses experimentalmente, julgando-as pelo seu nível de realismo, além disso, e não pelas narrações que eles fazem de si mesmos. E é com tal espírito que é necessário considerar duas experiências de <nova planificação urbanística>, concretizadas nos projetos preliminares por Florença e Bologna". Segundo o Senhor quais foram os resultados produzidos e os novos eixos de pesquisa desencadeados a partir desta nova forma de planificação do território, que exatamente com seu livro foram dados os primeiros passos?
Bernardo Secchi: O que propus com os planos que citei foi inicialmente muito criticado na Itália e como costumeiramente ocorre, por muitos colegas que procuraram em seguida imitá-lo sem tê-lo talvez realmente compreendido. Em um certo sentido posso talvez dizer que o urbanismo italiano e europeu mudou também na seqüência destes trabalhos que, contudo, colhiam algo que há tempos estava no ar. Satisfação e pessimismo se mesclam na minha reflexão sobre a história recente do urbanismo europeu e italiano em particular.
A mim parece não ter sido compreendido a característica de fundo das minhas propostas, o "tomar tempo", o deslocar sobre novos eixos a reflexão, o redesenhar o mapa dos problemas aceitando as novas hipóteses experimentalmente, julgando-as pelo seu nível de realismo e não pelas narrações que eles fazem de si mesmas. Muito freqüentemente as minhas propostas foram banalizadas e vulgarizadas assumindo-as como um modo diverso de indicar funções e limites de edificabilidade ou de indicar oportunidades profissionais para outros arquitetos.
Ou foram interpretadas, sobretudo na Itália, como um manifesto da "morte do plano", enquanto seguiam a direção contrária, isto é, na direção de afirmar a necessidade de uma reflexão que, atravessando as escalas, se fizesse ao mesmo tempo o geral e, comprehensive e especificamente, o local. Sempre pensei que subdividir o urbanismo da arquitetura confiando a cada uma algumas escalas de intervenção, fosse profundamente errado. O que me fascina é a contínua passagem de uma escala à outra nas duas direções; raciocinar sobre desenho de um pequeno degrau em um espaço público e sobre a ordem de posse de um território inteiro; manter unidas estas coisas como estão unidas na nossa experiência cotidiana.