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architexts ISSN 1809-6298


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português
Autora comenta a obra prima da arquitetura venezuelana, apresentando máximas e citações do arquiteto Carlos Raúl Villanueva

español
La autora comenta la obra maestra de la arquitectura venezolana, presentando citas del arquitecto Carlos Raúl Villanueva


how to quote

JAUA, María Fernanda. Cidade Universitária de Caracas: a construção de uma utopia moderna. Arquitextos, São Paulo, ano 04, n. 043.04, Vitruvius, dez. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.043/627/pt>.

O conjunto arquitetônico da Cidade Universitária de Caracas, obra do arquiteto venezuelano Carlos Raúl Villanueva, representa, com uma qualidade extra, uma grande parte dos mais altos ideiais e proposições do urbanismo, da arquitetura e da arte modernos. A Cidade Universitária de Caracas é a utopia moderna construída, representa o vínculo para alcançar um mundo ideal de perfeição para uma sociedade e um homem novos que haviam surgido no mundo ocidental graças às trascendentais mudanças filosóficas, sociais, tecnológicas e estéticas ocorridos nos séculos anteriores.

Neste conjunto Villanueva levou a cabo, assumindo um total compromisso com seu tempo e com uma grande complexidade, uma solução que pretende resolver, eficiente e funcionalmente, os problemas que se haviam apresentado nas cidades tradicionais, que propõe recuperar a relação perdida entre os espaços urbanos e a natureza, que está desenhada de acordo com a escala do homem, que incorpora e aproveita em seu funcionamento e em sua construção o desenvolvimento tecnológico de seu tempo com a introdução do automóvel e o uso do concreto armado. Às vezes propõe a realização de um mundo ideal de beleza e poesia, aonde as formas e estruturas expressam o espirito dos novos tempos, aonde se cria um novo espaço complexo, aberto, integrado e dinâmico e aonde as artes passam a formar parte essencial do lugar habitado pelos homens.

Na Cidade Universitária de Caracas Villanueva elaborou estes temas que caracterizam a modernidade arquitetônica, conseguindo, nesse sentido, uma das obras mais importantes de nosso século no âmbito internacional. Ao mesmo tempo, a Cidade Universitária de Caracas constitui uma interpretação moderna de nossas tradições arquitetônicas e urbanas coloniais e é uma solução exemplar para a arquitetura de nosso clima tropical.

Assim mesmo, o conjunto da Cidade Universitária de Caracas possui o valor histórico de representar, através de suas diferentes etapas e edificações, realizadas por Villanueva durante um período de mais de vinte anos, as mudanças que se sucederam durante este século do urbanismo e da arquitetura acadêmicos até a plena modernidade.

Temas-valores

Os temas desenvolvidos por Carlos Raúl Villanueva na Cidade Universitária de Caracas, pelos quais podemos considerá-la uma obra de altíssimos valores, tanto universais como locais, foram determinados estabelecendo as qualidades que podem ser inferidas a partir da análise da própria obra. Sua explicação se sustenta nos textos e obras da modernidade aonde foram expostas as idéias que posteriormente Villanueva levou a cabo, nos textos escritos por Villanueva, nos quais explicou suas aspirações e proposições.

Urbanismo. A cidade moderna

“Atualmente, o principal problema de todo arquiteto é o de domar a cidade e, ao fazê-lo, devolver ao homem a sua máxima criação cultural. Há, portanto, uma reciprocidade da importância urbana da arquitetura e a importância arquitetônica do urbanismo. Ambos representam aspectos opostos de uma só entidade. Considero ao arquiteto, e apenas ao arquiteto, como o responsável por todo o processo urbanístico, desde a obra isolada até a obra coletiva e a comunidade”.

C. R. Villanueva, Sibyl Moholy-Nagy, Caracas, 1999, p.173.

Urbanismo. Complexa organização funcional moderna

“A decomposição do fenômeno urbano em uma gama de funções (a partir das quatro famosas funções do CIAM: habitar, trabalhar, circular, cultivar o corpo e o espírito), que permanecem separadas, isoladas e sem conexão entre elas, como uma regra coerente e uma maneira de ver e analisar as coisas também esquemática, foi uma das características do urbanismo dessa época e que todavia hoje se aplica nos escritórios burocráticos e se ensina em muitas de nossas Escolas e Universidades”.

“A semelhante concepção é necessário contrapor uma visão mais ampla, mais aglutinante dessas funções. Uma visão que abarque todas as possíveis relações entre as partes, preservando, dentro da necessária complexidade, os valores tangíveis e intangíveis por elas reduzidas”.

C. R. Villanueva, O desenvolvimento e condição presente das cidades das Américas (1965), Caracas, 1980, p.15-16.

Tecnologia. Concreto armado. Estruturas escultóricas

“Agradam-me os materiais que por sua pobreza, por sua sinceridade plebéia, me permitem desafiar a estúpida vaidade do exibicionismo”.

“Entre eles me atrai particularmente o concreto armado, símbolo do progresso construtivo de todo um século, rugoso, dócil e forte como um elefante, monumental como a pedra, pobre como o tijolo”.

C. R. Villanueva, Reflexões pessoais (1965), Caracas, 1980, p. 80.

As formas complexas e abstratas

“Nós, os arquitetos, devemos muito aos artistas, pintores e escultores; constantemente têm aberto um mundo completamente novo para nossa ação; exploram os materiais e o espaço, revelam a cor, a linha e a forma”.

C. R. Villanueva, Tendências atuais da arquitetura (1963), Caracas, 1980, p. 54.

“Na atualidade nos encontramos em presença de um mundo novo das formas: existem muitas delas que havia sido impossível realizar com materiais e espírito tradicionais”.

C. R. Villanueva, Tendências atuais da arquitetura (1963), Caracas, 1980, p. 50.

O espaço. Dissolução dos limites entre interior e exterior

“Nasceu de fato um novo espaço, uma nova sensação espacial muito distinta em seu conteúdo, mais dinâmica, mais ativa e mais humana. Consegue-se evitar não apenas a forma puramente geométrica, pois tudo se dissolve agora, se adelgaça, se torna contínuo e transparente e sobretudo se une com outros espaços e outros volumes e outras aberturas, com uma riqueza de possibilidades jamais imaginada. Tudo se atravessa, se interpenetra de um modo fluído e penetrante, em uma gama rica e potente que expressa características próprias que são: elasticidade, movimento, continuidade e dinamismo”.

C. R. Villanueva, Tendências atuais da arquitetura (1963), Caracas, 1980, p. 47.

O espaço dinâmico. A quarta dimensão

“As mudanças introduzidas na imagem que se tinha do mundo físico foram modificando totalmente nosso conceito de estrutura espacial, mas foi realmente e em especial a revolução cubista que ensinou aos arquitetos o novo caminho aonde se chega a conceber um espaço em quatro dimensões e aonde o tempo justamente as representa”.

“Os arquitetos então substituindo a um espaço eminentemente estático, por outro essencialmente dinâmico. O espaço se conhece porque algo se move: o objeto ou o espectador e a caminhada fazem aparecer sob nossos olhos a diversidade dos acontecimentos. Consegue-se fazer desaparecer o sentido da fachada e o espectador se vê obrigado a mover-se em torno da arquitetura para compreendê-la, senti-la e saboreá-la: um novo espaço nasceu, não unicamente físico, mas abarcando todas as possibilidades humanas”.

C. R. Villanueva, Tendências atuais da arquitetura (1963), Caracas, 1980, p. 47-48.

A síntese das artes. O museu moderno

“Introduzir a obra pictórica ou escultórica dentro do marco arquitetônico significa atualmente evidenciar um claro desejo de assumir responsabilidades sociais. Faz falta repetir que o artista contemporâneo já não pode criar para si mesmo, em um mundo pessoal cuja compreensão está circunscrita a um número limitado de pessoas, ou que flutue no isolamento estéril da atuação individual?”

C. R. Villanueva, A síntese das artes, p. 8

O local. O clima

“Porque ao utilizar funcionalmente os materiais próprios, nossa arquitetura não foi concebida unicamente para o homem, mas também para um clima e uma luz muito definidos, realizando assim uma harmoniosa unidade com a paisagem que nos rodeia”.

C. R. Villanueva, Arquitetura colonial, Caracas, 1980, p. 74.

“Essa idéia constante que preside nossa arquitetura, de defender-se do sol, da chuva e da deslumbrante luz tropical, se reencontra no estudo das fachadas das casas coloniais, aonde os maciços predominam sobre os vãos e os múltiplos postigos de madeira das janelas permitem graduar a luz, favorecendo ao mesmo tempo a aeração”.

“Nas diferentes classes de persianas e gelosias de madeira, todas de inspiração oriental, executadas com inteligência e bom gosto, se sobressai especialmente a sabedoria dessa norma que satisfaz tanto ao coração como ao espírito”.

C. R. Villanueva, Arquitetura colonial, Caracas, 1980, p. 75.

A poesia

“A poesia está no coração dos homens: em uma época conduzida por imperativos econômicos se deve, através de soluções de austeridade que se impõem, manter firmemente os valores poéticos da arquitetura e lutar com força contra uma tendência de produzir formas puramente utilitárias; a arquitetura deve existir em função desse conteúdo poético e é unicamente aproximando-se desse segundo mundo como uma totalidade chega a alcançar as realidades verdadeiras”.

C. R. Villanueva, A arquitetura francesa (1965), Caracas, 1980, p. 87.

nota biográfica

Carlos Raúl Villanueva nasce em Londres, em 30 de maio de 1900. Gradua-se arquiteto em 1928 na Escola de Belas Artes de Paris. Regressa para a Venezuela em 1929 e começa a trabalhar no Ministério de Obras Públicas como Diretor de Edificações e Obras de Ornamento até 1939.

É professor fundador da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Central da Venezuela, criada em 13 de outubro de 1941.

Entre suas obras mais destacadas se encontram suas casas de habitação e veraneio: Caoma e Sotavento (1951-52), a Reurbanização do Silêncio (1941-45) e a Urbanização 23 de Janeiro (1955-57), a Galeria de Arte Nacional, o Museu de Ciências Naturais (1935-39) e o Pavilhão para a Expo 67 de Montreal (1967).

Pela Cidade Universitária de Caracas, começada em 1944, recebe, em 1963, o Prêmio Nacional de Arquitetura. Carlos Raúl Villanueva falece em Caracas em 16 de Agosto de 1975.

notas

1
Recopilación de algunas de las citas de textos y conferencias de Villanueva que utilicé para elaborar la Justificación que presentamos a la UNESCO para pedir la declaratoria de patrimonio mundial. Publicado originalmente no website Kalathos.

sobre o autor

María Fernanda Jaua é arquiteta, professora de História da Arquitetura Moderna na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Central da Venezuela e coordenadora do “Registro de Arquitetura da Cidade Universitária de Caracas” realizado para sua postulação junto à UNESCO para se tornar Patrimônio Mundial, orientada em seu doutorado pelo arquiteto Helio Piñón na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, Universidade Politécnica da Catalunha

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