Conjunto Assembléia
É mais intensa no centro a dessemelhança que caracteriza a cidade de São Paulo. Sua disformidade torna-se um modelo homogêneo. Se o objetivo é intensificar as diversidades, devem-se articular as diferenças. Isso não significa acrescentar novas dissonâncias, tampouco tentar harmonizar elementos de gênese conflitante. No sítio em questão, essa leitura é evidente. A proposta procura essa articulação entre o caos e o genérico, a partir das possibilidades de experiências que uma metrópole como São Paulo permite.
Num sítio com topografia marcante, acentuá-la e valorizá-la. Acrescentar novos espaços públicos (praças, calçadas e mirantes). A descontinuidade da lâmina comenta e sobrepõe-se ao horizonte construído do local.
O edifício proposto não é autônomo em relação à cidade. A cidade agora é extensão do espaço doméstico. O edifício comunica-se diretamente com a rua e a quadra, as quais passam a ser fundamentais para seu funcionamento.
O sistema construtivo proposto (painéis pré-moldados de concreto e estrutura metálica), tal como a organização dos pavimentos “tipo” (aparelhamento e racionalização das áreas de sanitários, cozinha e circulação), resulta em uma construção rápida, limpa e de custo adequado. Os revestimentos e materiais utilizados, otimizam a manutenção e conservação do edifício.
Espaço público
As calçadas mais generosas são um convite ao estar e à vivência coletiva, presentes já nas metrópoles, mas sempre sob risco de abstração. Tais espaços são traduzidos na experiência citadina, aproveitando as potencialidades do sítio, como a praça Carlos Gomes, valorizada pela continuidade espacial com a nova praça sobre a cobertura do estacionamento da SNJ. Esse espaço coletivo é também mirante para o vale e área de lazer dos moradores locais.
Porém o projeto sugere que seu uso coletivo e potencialidades espaciais sejam incorporadas ao novo projeto da Secretaria, quer seja no nível térreo, quer seja na sua futura cobertura (uma praça “em movimento”). A calçada voltada para a alça da avenida 23 de Maio, espaço residual da agressiva malha viária, ganha, a partir da implantação do conjunto e do adensamento resultante, um novo uso, urbano e do pedestre.
A área verde existente é mantida e incorporada à calçada alargada, ampliando e integrando as áreas públicas do local, e deixando à mostra a topografia característica. Tal situação é enfaticamente comentada pelo requadro do volume do edifício e pelas colunas que liberam esse volume externo (e que mantém e dá novo significado à perspectiva do vale).
Áreas coletivas
Aos moradores do edifício proposto, foram reservadas algumas áreas de uso semi-público (indicadas). Prestam-se ao lazer, convívio, reuniões, etc. O 12º. andar dá acesso a uma área coletiva protegida por tela metálica que abriga uma quadra esportiva para recreação. A laje de cobertura tem uso coletivo, para festas, reuniões e lazer.
Edifício de Habitações
As 160 habitações propostas pelo edital, de diferentes tamanhos, formam o edifício propriamente, que reproduz na elevação as variedades funcionais e espaciais dinâmicas presentes na implantação (e na diversidade da ocupação do entorno).
Sua volumetria associa as necessidades da implantação, já designadas, as necessidades das unidades (insolação, ventilação, circulação, etc), e a racionalidade construtiva (concentração das áreas hidráulicas, modulação, etc.). As aberturas, mais amplas que as usuais em edifícios de habitação social, foram dimensionadas a fim de proporcionar às habitações luminosidade, ventilação, além das relações visuais e espaciais com o ambiente externo.
Secretaria dos Negócios Jurídicos
A área designada ao futuro edifício da Secretaria, e ao necessário estacionamento de utilização imediata, fica incorporada à implantação geral, em seus diferentes momentos. De início propõe-se um estacionamento (37 vagas, sem manobrista) semi-enterrado, cuja cobertura cria uma praça contígua à praça Carlos Gomes. Pode ser imediatamente ampliado para 50 vagas, com a construção de um mezanino. Além da solução do edital, indicamos uma outra opção: quando da construção definitiva da nova Secretaria, sejam projetados 04 subsolos e mais dois andares, que ampliem consideravelmente a capacidade de estacionamento nessa área. Seriam mantidas as 50 atuais vagas para a Secretaria, e oferecidas aproximadamente 200 vagas que permitiriam a restrição de estacionamento nas ruas locais, a ampliação de suas calçadas e maior arborização.
Implantação
A volumetria proposta (já com o futuro edifício da Secretaria), busca criar uma relação de quadra a partir da fragmentada volumetria existente, para além de estreita sujeição ao lote. Diversidade e cidade potencializem-se mutuamente.
ficha técnica
Arquitetos
Leandro Medrano e Luiz Recamán.
Estagiários
Carine Saito, Eduardo Costa, Julia Spinelli, Kátia Veríssimo, Mário Nader, Simone Pereira e Paulo Tavares.