Conjunto Cônego Vicente M. Marino
Cidade
A localização da área escolhida para implantação deste conjunto levanta questões que merecem atenção. A divisa sul, colada ao muro da ferrovia, apresenta uma situação conflitante. A transformação da orla ferroviária é objeto de uma das mais importantes discussões urbanas na cidade. O contato direto com seu muro é uma situação indesejável. A faixa non aedificandi reforça essa premissa. A divisa oeste, junto à Praça Nicolau de Moraes Filho, apresenta outra situação desfavorável provocando o confinamento das áreas adjacentes ao muro. O afastamento dessas áreas proporcionaria virtudes para ambas.
A proposta desenvolvida busca responder a essas quetões e configurar uma quadra integrada à malha urbana existente dando continuidade às ruas interrompidas e respeitando o padrão de alinhamento das construções do bairro. A criação de uma alameda arborizada junto às divisas sul e oeste realiza a ligação das ruas Luigi Greco e Americanos e abre novas frentes para a ferrovia e para a Praça Nicolau M. Filho. Esta configuração sugere a criação de um novo acesso à praça e a continuidade do passeio arborizado ao longo da desta e no sentido oposto, em direção à passarela de pedestres que transpõe a via férrea.
Vazio
Os edifícios dispostos perimetralmente configuram a calha das ruas à sua volta e criam um amplo espaço interno. Este vazio, de caráter mais doméstico, tem o papel de articular os blocos e intermediar a transição entre o espaço público e as unidades propriamente ditas. Seu nível, ligeiramente mais alto que o das ruas, preserva a cota original da área e propicia a hierarquização dos espaços de forma sutil, porém clara.
As aberturas entre blocos criam fugas para o olhar e oferecem esse recinto à cidade. O térreo livre do bloco próximo à ferrovia extende este espaço à alameda arborizada e proporciona sombra aos moradores.
Habitações
As 240 unidades foram resolvidas em três blocos independentes. Estes se assemelham em modulação, altura e tipologias que abrigam, variando em comprimento e ocupação do pavimento térreo. Um módulo básico composto por uma unidade de um dormitório e uma quitinete é repetido nos três primeiros pavimentos. As unidades de dois dormitórios são acessadas pelo quarto pavimento e resolvidas em duplex, o que permite a construção do quinto pavimento de uso privativo conforme as leis vigentes. Os blocos A e B abrigam no térreo as unidades adaptadas aos portadores de necessidades especiais e as unidades complementares. O nível das circulações horizontais destes apartamentos é meio metro mais alto que o do vazio, caracterizando os espaços privativos. O desnível médio resultante entre essas unidades e as ruas é de aproximadamente 1,5m, situação que reproduz uma situação típica no bairro e permite o usufruto pleno das aberturas sem perda de privacidade.
O bloco C tem seu pavimento térreo livre de apartamentos e abriga apenas programas de uso comum como administração e salão condominial.
A circulação horizontal dos blocos busca tornar viável a futura instalação dos elevadores, já que poderão atender a um grande número de unidades e serem instalados de forma independente. Todas as unidades contam com ventilação natural cruzada.
CCR – Centro de Capacitação em Reforma e Restauro
O CCR foi localizado na esquina junto à Praça Nicolau de Moraes Filho. Sua construção arremata uma das faces do vazio das habitações e dialoga com a Praça no lado oposto. A previsão de ampliação determinou o partido do edifício. Um jogo de rampas em uma das laterais articula os ambientes e se oferece francamente ao futuro anexo.
O acesso, na lateral oposta, se volta a um largo e à passagem pública proposta dando caráter a estes espaços circundantes. Esta passagem destaca o CCR do conjunto. A área reservada à ampliação configura um recreio elevado e um eventual vestíbulo para o auditório implantado de maneira que possa abrigar eventos públicos como projeção de filmes e apresentações diversas sem interferir nos demais espaços do centro.
ficha técnica
Equipe
Pablo Emilio Hereñú, Anna Helena Vilella, Eduardo Ferroni, Fernanda Neiva, Fernanda Palmieri, Maria Julia Herklotz, Paula Cardoso e Silvio Oksman.
Colaboradores
Ana Kaiser, Eliana Satie Uematsu, Heloísa Maringone (estruturas).
Estrutura
Heloisa Maringoni
Orçamento
Rosangela Castanheira
Paisagismo
Sakae Ishii