Menção Honrosa Conjunto Assembléia – Projeto nº 05
Luis Mauro Freire, Maria do Carmo Vilarino e Henrique Fina
O projeto foi concebido a partir do entendimento de sua inserção na paisagem urbana e pelo seu contexto imediato.
O terreno, definido por dois patamares, já denuncia a transição entre um Centro densamente construído e o vale ajardinado. O partido se aproveita dessa condição e uma estabelece uma diagonal que define não só o limite dos terrenos da SNJ e da HIS e também o limite entre duas tipologias urbanas.
No lado da diagonal voltado para o Centro, buscou-se dar continuidade à ordem urbana vigente: o edifício da SNJ implanta-se no platô mais alto e cola-se à empena cega existente, arrematando a quadra definida por prédios no alinhamento. Na primeira fase de implantação do projeto, as 35 vagas solicitadas para o SNJ ocupariam parte do terreno, sob coberturas provisórias. Quando da construção do edifício da Secretaria, as 50 vagas seriam distribuídas em dois subsolos.
Propõe-se uma ocupação mínima do térreo, liberando uma praça em continuidade com a Carlos Gomes, onde se localiza a entrada do edifício habitacional pelo lado do “Centro” (na cota 100.00), através de uma passarela.
Junto ao viaduto Dona Paulina a diagonal assinala o segundo acesso ao edifício habitacional (cota 96.75) e define o limite entre a construção no alinhamento (através do comércio proposto) e a área livre arborizada do condomínio residencial, localizada no platô inferior (cota 96.00) do terreno.
No lado da diagonal voltado para o vale, optou-se pela tipologia “lâmina sobre pilotis” buscando liberar ao máximo o solo, arborizando-o e assim integrando-o ao contexto paisagístico do vale. Os pilotis ganham maior altura junto ao edifício SNJ permitindo que da praça superior se aviste o vale. A diagonal e a lâmina definem um pátio triangular condominial amplia a escala do espaço livre das praças superiores, qualificando-as. A torre de elevadores e as passarelas de ligação com o edifício residencial funcionam como elementos de transição entre o pátio e o recuo de miolo de quadra.
A opção por um edifício habitacional laminar, solto, que não segue a lógica de implantação no alinhamento, buscou não só a adequação a um contexto urbano híbrido, mas também evitou a conformação de pátios internos necessariamente escuros pela proximidade e escala dos edifícios vizinhos (ver hipóteses de implantação – figuras 02, 03 e 04). A lâmina mostrou-se uma solução mais adequada na medida que proporciona a todas as unidades duas faces opostas para iluminação e ventilação cruzada, voltando os serviços e circulação para o miolo da quadra e orientando todos os ambientes de uso prolongado para o vale, com única exceção nos apartamentos de dois quartos, com dormitórios voltados para as praças superiores, dadas a escala e o interesse desses espaços livres (ver fig. 05).
As unidades habitacionais foram organizadas a partir de uma circulação aberta a cada três andares e escadas privativas como acesso às moradias localizadas nos andares contíguos; tal arranjo proporciona maior economia ao reduzir o número de paradas dos elevadores, e maior intimidade às moradias. A união dos dois elevadores numa única torre de circulação otimiza o uso dos equipamentos, diminuindo custos de manutenção.
A solução estrutural prevê paredes de concreto dispostas transversalmente à lâmina em intervalos de 5,50 m, contraventadas nas extremidades pela escada de segurança e quarto de unidade residencial; as passarelas que ligam o edifício à caixa de elevadores também colaboram no contraventamento. Lajes maciças com 20 cm de espessura vencem o vão sem vigas intermediárias. Placas pré-moldadas de concreto presas às paredes portantes protegem a fachada do calor excessivo e permitem a vista sobre o vale.
ficha técnica
Arquitetos
Luis Mauro Freire, Maria do Carmo Vilarino e Henrique Fina
Colaboradores
Arquitetos Luis Oliveira Ramos e José Mario de Castro Gonçalves