Conjunto Assembléia
Implantação
Dado o lote pequeno e recortado e o terreno acidentado, adotamos o partido de concentrar a edificação numa única lâmina sobre pilotis, implantada no perímetro do lote.
Tal implantação libera a maior área contínua possível de solo. E prioriza a integração com o entorno urbano.
A disposição das células habitacionais em linha promove o senso horizontal do edifício, as noções de vizinhança e de coletivo, importantes para os conjuntos habitacionais.
O edifício
O edifício, projetado como um corpo único, abraça a quadra e configura uma área livre interna que constituirá uma praça.
A lâmina qualifica a área livre, mas não atua como obstáculo. O bloco contínuo se ergue sobre pilotis e propicia ao pedestre o acesso direto à praça.
Aberturas nos andares inferiores (sobre o talude) preservam a área verde já existente e fazem a união visual da praça com o grande vale da 23 de Maio.
A estrutura laminar do edifício garante que todas as unidades terão insolação e ventilação em duas faces opostas.
A estrutura independente dos vedos e a concentração dos blocos hidráulicos no eixo longitudinal permitem a flexibilidade de conformação das unidades habitacionais. Em conseqüência, a distribuição dos apartamentos estará livre de hierarquias.
Função / Habitação
As duas fachadas principais definem dois modos distintos de interação com a cidade.
(a contemplação)
Todos os apartamentos voltam o estar e os dormitórios para a cidade. O morador poderá combinar sua privacidade ao plano maior da cidade.
(a circulação)
O acesso às unidades se fará por grandes terraços cobertos, distribuídos ao longo do edifício. As portas dos apartamentos darão diretamente nestas ruas elevadas, convertendo-as em áreas de convivência.
Escadas abertas e encadeadas em linha geram um percurso ao longo da lâmina.
O Conjunto se mostrará continuamente irrigado pela variedade do ir e vir. Para favorecer a liberdade e a mistura dos moradores entre si, o edifício terá pluralidades de acessos e trajetos a partir da praça.
Em síntese, pela trama exposta da circulação e generosidade das suas vias, o projeto pretende converter a circulação em modo espontâneo de socialização.
Praça-anfiteatro
A praça se estenderá como um continuum exibindo o solo do Conjunto como bem público/ extensão da cidade.
O seu solo se apresentará como um declive ondulado em continuidade com as calçadas à volta. A natureza física do chão também poderá ser realçada pelo tratamento gráfico do revestimento. A praça constituirá assim um monumento horizontalizado à topografia da cidade.
O solo, piso único e livre de obstáculos, estará disponível para as mais variadas atividades: esportes, jogos, eventos, assembléias, festas...
No edifício, a fachada que ostenta as áreas de circulação constituirá uma segunda praça verticalizada. Ela também promoverá a convivência e revelará a vocação do Conjunto Assembléia, como espaço urbano e democrático.
Entre a praça no solo e aquela da fachada estabelece-se uma relação de reciprocidade visual. Quando ocorrerem espetáculos na praça, os terraços desta fachada funcionarão como elementos de uma platéia.
ficha técnica
Escritório
Nitsche Arquitetos Associados
Equipe
Arquitetos Lua Nitsche, Pedro Nitsche e Márcio Guarniere, Artista Plástico João Nitsche, Luís Martins (Professor do Departamento de Artes Plásticas ECA-USP) e Marianna Dal Canton (estudante de arquitetura)